O marido abraça a esposa e logo em seguida dá um beijo em suaboca.‒ Obrigado, Rosália, por tanto me apoiar nas horas que mais preciso. Você, sempre está comigo, é a esposa que sempre sonhei.‒ É um bom homem, Benedito, tem uma família que o ama, isso ésinal que recebemos amor. Vou descansar, estou exausta.O dia amanheceu, Rosália levantou para preparar o café, lavar aslouças e arrumar a mesa. Ao pegar o pote de açúcar, notou que estavavazio e se lembra de que preparou o arroz-doce usando tudo o que tinha. Ela acordou o esposo para comprar açúcar e buscar o leite, depoisdespertou as crianças para que tomasse banho. Como já era de costumebuscar o leite todos os dias, Benedito foi até a fazenda. A notícia de queperdera o emprego se espalho rapidamente, e lhe avisaram
Após Cezar passar o valor dos dois produtos, Benedito colocou amão no bolso, puxou umas notas guardadas e pagou o comerciante.Retornando com o troco, o comerciante ouve as frias palavras do cliente revoltado.‒ De hoje em diante eu não piso mais aqui. Seu produto contémouro. Sou um homem pobre, mas digno e honesto. Pelo que acabei dever, aqui não é lugar para homens como eu. Passar bem.‒ Benedito, o senhor tem de entender que...‒ Por favor, a partir de hoje eu estou morto e enterrado para o senhor, assim como senhor vai estar morto e enterrado para mim.Benedito colocou a filha na carroça e partiu para casa. Durante todoo trajeto o cavalo que havia visto de manhã o acompanhava.‒ Olha, filha, que cavalo bonito.‒ Onde, papai?‒ Ao lado dos nossos.‒ Papai, só vejo os dois cavalos que puxam a carroça.Pelo fato de
‒ Tem o dom de fazer milagres?‒ A única pessoa que pode curar sua mãe é você mesmo, Benedito.‒ Sabe até o meu nome?‒ Sei seu passado, seu presente e seu futuro.‒ Como posso curar minha mãe?‒ Por amor, Benedito, somos capazes de matar, roubar, nos entregar,nos vender... Olho para você e vejo um garoto fraco, medroso, à esperade um milagre de um Deus para o qual se diz temente. Acontece queeste Deus o abandonou. Onde Ele está, quando mais precisa dele? Porque Ele não aceita suas orações? Dizem que este Deus é amor, masonde se encontra esse amor quando mais se precisa dele? Por que elenão está aqui no meu lugar tendo esta conversa com você? Entenda queeste Deus a quem teme é mitologia. O único poderoso na realidade soueu, que estou aqui trazendo a cura de sua m&at
‒ Então vamos colocar os equipamentos na carroça e partir. O diahoje promete.Enquanto a família saía para se divertir, senhor Benedito não conseguia repousar, totalmente perdido na missão para a qual foi designado.Estava agoniado em saber que teria que matar um homem que tantoo ajudou. Com todas aquelas perturbações na mente, caminhava emcírculos pelo quarto tentando encontrar respostas, até ser interrompidopor um médico, que entrou sem bater na porta.‒ Pelo que vejo, o senhor está impaciente. Algum problema?‒ Desculpe-me, senhor, estou desempregado, com filhos, e esposapara alimentar. O senhor me entende?‒ Tanto entendo que digo que não é por este motivo que está agitado dessa forma.‒ Posso garantir ao senhor...‒ A dúvida que tanto te perturba é, se deve matar ou n&atil
‒ Nossa senhora, que história horrível! – comentou Rosália.‒ Roseli, posso fazer uma pergunta? – questionou Benedito.‒ Pergunte, cunhado.‒ Você chegou a ver as mãos da menina?‒ Sim, Benedito, parecia que as mãos que a tocaram eram de ferrosem graus elevadíssimos de calor. Só você vendo para avaliar.‒ Melhor encerrarmos o assunto. Juliana, sua amiguinha mudou decidade e vocês não vão poder brincar mais, o bairro da titia é cheio degarotas da sua idade, todas querendo uma nova amiga para se divertir.‒ Eu estou com saudades da Thaís, papai.‒ Eu sei que está, princesa, assim como ela deve estar de você, só queagora ela foi morar em uma cidade muito distante daqui.‒ Ela vai voltar?‒ Como ela foi morar em uma cidade distante, acho difícil, minhafilha
Sozinho na cozinha, Benedito fechou a cara, ainda movido pela inveja que sentia pelos bens do amigo. Respirou fundo ao saber que afamília por parte de sua esposa está crescendo, enquanto ele está cada vez mais endividado. Evitou deixar que o ódio chegasse ao seu coraçãopara não afetar o jantar, comida feita sem amor é comida sem sabor.Preparou o arroz, a salada, o peixe no forno com camarão e utilizou orestante da gelatina que sobrou para a sobremesa. Serviu o jantar, quefoi aprovado por toda a família. O peixe com camarão estava tão gostoso que não sobrou nada.Após algumas horas de conversa, Antônio se retirou para tomar umbanho e dormir; seu dia começava cedo. Rosália colocou as crianças nacama e todos resolveram se retirar, pois a viagem trouxera o cansa
‒ Antes de fazer qualquer outra coisa, entre e fale com sua esposa eseus filhos. Eles, estão agoniados.O homem balançou a cabeça afirmativamente e entrou na casa,indo até a esposa para acalmar a família.‒ Benedito, quer nos matar de preocupação?‒ Boa noite a todos e me perdoem pela minha demora. Muitos anossem caçar, passei a manhã toda e uma parte da tarde tentando acertarum animal, a bala não passava nem perto – disse, aos risos.‒ E o que você comeu? Não levou lanche, só o equipamento deAntônio.‒ Conheci dois grandes caçadores que não saíram do meu lado,disse a eles que não caçava há anos e na ansiedade de caçar saí de casaesquecendo o lanche. Eles, me deram toda a assistência possível, aindaexiste gente boa nes
‒ Verdade, meu cunhado, é fazendo o bem e tendo fé que a vidacaminha – acrescentou Roseli.Ao anoitecer, Antônio retorna com várias bolsas de frutas e legumes.Ele não queria que faltasse nada para as visitas.‒ Boa noite, concunhado. Quer uma ajuda? – oferece-se Benedito.‒ Tem outras bolsas dentro do carro, Benedito, se puder pegar ficarei grato.‒ Deixa comigo e com os meninos. O senhor já trabalhou o diainteiro e nós não fizemos nada – disse Benedito, rindo.‒ Cunhado, teria um minuto para mim? – pergunta Rosália a Antônio.‒Tenho mais que uma hora para minha cunhada.‒ Amanhã pretendo fazer uma boa ação, mas para essa boa ação darcerto preciso da ajuda do senhor.‒ Uma boa ação, que interessante. E onde minha pessoa vai se encaixar nessa boa aç&a
‒ O cavalo não tem nenhum problema. O senhor quer dar a ele umcuidado especial?‒ Preciso mesmo repetir?‒ Não é preciso, deseja mais alguma coisa, senhor Benedito?‒ Desejo duas coisas.‒ E o que são?‒ A primeira é um cavalo saudável, mais de raça inferior ao meu.Pagarei no ato.‒ Severino vai providenciar um para o senhor. E, a segunda?‒ Meu santo não bateu com o do Severino. Quero que o mandeembora imediatamente.‒ Mandar o Severino embora? Ele está aqui há anos...Benedito jogou um valor na mesa do fazendeiro e disse:‒ Há mais desempregados do que empregados no mercado, de ondesaiu este há muitos outros. Ou você fica com seu empregado, que rendemuito pouco no campo de trabalho, ou o manda embora e passa a terum pé de dinheiro comigo. A escolha é sua.‒ Sabe qu