IV - O IMPOSSÍVEL:
MONGE: Ad maiorem Dei gloriam[1]. Venho aqui dar-lhes uma boa mensagem. Cuidado ao acreditar no que não vem de Deus Triúno, nosso Senhor Jesus. Deus tenha piedade de ti. Deus traz a meditação para todos aqueles que a consagram e os faz mais felizes. Quantos monstros sua cabeça já mirabolou que ainda não estão nos céus, mas que sua pele se esconde? Quantas criaturas o homem, mero mortal e néscio está para zelar se não ataca nos céus? Pois bem, a verdade e somente a verdade com esta agora digo, que tudo está no livro sagrado... O resto é arte, magia, invenção, imaginação e até nebulosidade da mente em querer enxergar além. Por isso monstros bizarros não nos afetarão a visão, nem nossos outros sentidos. Quem diz o contrário, isso é impossível! Seja puro e reto no caminho que Ele pediu, o de Cristo.
CAVALEIRO: Ora, ora, homem de coração. Tenho algo a fazer? Qual a minha missão?
MONGE: Agenda[2]. Minhas tarefas aqui vão além de livrar-se de demônios. Estou aqui para expulsá-los... Mas você tem uma missão: a de encontrar a princesa viva ou não.
CAVALEIRO: Mas onde ela pode estar? Céus! Espero que entendas que eu posso também morrer tentando...
MONGE: Deus não lhe deu o impossível... Você é meu amigo, podes contar comigo sempre que precisar. Palavra de honra. Aqui estás proibido em falares em seres do mundo fantástico. Aqui tens que obedecer aos padrões da Igreja, ou podes ser condenado. Já sabes que em qualquer lugar o herege descuidado pode ir direto para fogueira...
CAVALEIRO: E o nosso alquimista?
MONGE: Shh... Tenho que falar baixo, cuidado: Ele está aprisionado [cochicha no ouvido]...
CAVALEIRO: Não diga? Quem disse isso?
MONGE: É tudo o que soube... Parece uma história...
CAVALEIRO: Então ele precisa de ajuda...
MONGE: Ele está são de consciência ou não? Ou está vivendo no mundo das loucuras e não pode voltar?
CAVALEIRO: Que tristeza em meu nobre coração. Um amigo aprisionado... Mas por quê?
MONGE: Olha através do espelho que cruza os dois mundos, veja uma longa viagem... Será possível nos encontrarmos com ele? Era tudo o que ele queria... Entrar no lado deles... E tudo consistia em uma meditação... Mas aqui dentro, deixe isso em segredo... Sabe que querem degolar o nosso pescoço.
CAVALEIRO: Dizemos aqui que temos nossos segredos: somos artistas e fazemos teatro com a realidade e que podemos ser um pouco loucos, dementes, ou qualquer coisa, mas sempre seremos humanos. É quando eu digo, em nossa música:
Eu sou um daqueles que marcham,
Que se voltam para trás em outra outrora
Os que possuem o peso do mundo fora das costas
É pela justiça celestial.
Em cada segundo que vivo,
Aspiro por ter sido escolhido
E nós ficamos em segredo
Louvando e adorando ao Senhor
Nesse tempo precioso
Veja tudo voando e desfazendo mentiras
Quem saiba eu veja nossos olhos mais brilhantes
Com fé e amor pelo Sol de cada dia.
MONGE: Bem, deixe eu lhe dizer bem algo mais. A vida é como uma bela canção, você que escolhe os arranjos, as notas e as vozes e o universo lhe acompanha... “Quero que haja tanta justiça como as águas de uma enchente e que a honestidade seja como um rio que não para de correr” (Am 5.24).
CAVALEIRO: Querido monge não sou um herege, mas me considerariam um pela minha experiência...
MONGE: Fale baixo...
CAVALEIRO: Um som me acordou...Wuph. Não tomei veneno. Que alegria! Eu enamorei dois ou três anos e hoje de maneira diferente eu vejo tudo. Eu lembro da neve branca: Nós atirávamos bolas de neve uns nos outros e eu lembrando dela: Ninfheta. O brilho da sua pele era o mais tênue como o da lua, seus cabelos louros cobriam os seios e em imagino que em sua pele havia desenhos cintilando com o brilho da noite. Uma das criaturas mais encantadoras que pude ver... E seu perfume era como o de jasmim...
MONGE: Está falando de sereias?
CAVALEIRO: Não mestre... Espero que não percamos nossa vida falando sobre criaturas mágicas. Por sorte estamos sós nessa Santa Igreja, sejamos muito cautelosos para não perdermos a cabeça!
MONGE: Sabe-se de passagem que o prisioneiro tinha um espelho dentro de casa e vivia dizendo que era um porta para outras alas. Ele de novo com esses chás. Existem Ilhas repletas de mistério e se sabe que a mente cria. Eu durmo pensando com essas ideias, mergulho às vezes no próprio inferno nevoento da memória. E me sinto tão irreal a ponto de me contradizer...
CAVALEIRO: Mas você nunca viu se quer um gnomo? Só consegue ver meus olhos azuis grandes como a ambição por ouro. Posso ir mais rápido que você. Eu não vivo num conto de fadas, mas eu já vi algo no passado e continuo na mesma missão.
MONGE: Ora eu não te mentiria, mas há tantas nos livros: gnomos, silfos, centauros, basiliscos...
CAVALEIRO: Uma vez estando na praia eu vi uma imagem que parecia um gnomo. Eu mal acreditava no que meus olhos podiam enxergar, mas não era.
MONGE: Que susto que você me dá...
CAVALEIRO: Ele me dizia: abra a porta da imaginação, ela é infinita, como o Cosmos. E se nós fôssemos para uma missão juntos? Não descobrimos o que há lá...
MONGE: Não quero te entusiasmar, mas ele precisa de ajuda... Espero que seja possível você se salvar, meu caro...
CAVALEIRO: E você, não quer tomar um banho na fonte da juventude? De repente você tem outra missão e se apaixona por alguém...
MONGE: Sou monge, minha vida é pintar iluminuras... Quer que eu vá ao inferno?Ah! Amigo, o lugar é sempre uma torrente terrível. Existem alas e escadarias avermelhadas descendo até o centro da Terra, com o arrastar de correntes, ranger de dentes e olhos esbugalhados de arder de loucura, temperatura do fogo muito quente com o andar de caixões vermelhos e demônios negros com asas grandes de morcegos e com chifres.
CAVALEIRO: Não, claro que não quero que você vá para o inferno, prefiro que nunca desista dos seus sonhos, meu amigo, caro irmão. Eles que nos fazem viver mais.
[1] Para a maior glória de Deus.
[2] As coisas que devem ser feitas.
V– A SECRETA MELODIA:FRA ANGELICO: Ontem meu sonho foi assim: eu estava a caminhar e parei em frente a minha humilde casa. De repente vejo um grupo de pássaros: uns negros outros brancos voando em direção aos céus que refletiam as águas do mar e as nuvens que pareciam um turbilhão. De repente eu vejo voando um anjo de vermelho com roupas cintilantes como a estrela e ele segurava uma bola de fogo, parecia um sol em menor tamanho. Pois então eu me assustei com tudo isso, sinto até um pouco de vergonha.MONGE: Os sonhos que tem uma secreta melodia são os que mais nos inspiram para se tornarem reais.Eu vejo um céu estrelado com um brilho ofuscadoEles estão ali, nas margens sociais Esperando que um castelo falido relembre que uma vez em nós mesmos Já tivemos
VI – O TROVADOR TABERNEIRO: Eis que hoje trazemos aqui o trovador com seu recital e a partir daí muita festa com cerveja, aproveitem!TROVADOR:A alma que se encontra como inverno é frágilTudo o que lhe resta é apenas uma vulnerabilidade Como folhas secas estarrecidas suplicando pela libertação da doençaQue sucumba o sacrifício mais singelo, de uma opacidade terrenaDaqueles que se servem de submissão a dorPara renascerem em si mesmos e mais uma vez sobrevoarem até o cair no abismoUma vez rompido o silêncio, nasce a inquietudeComo a dos os ventos que destroem e tornam os galhos quebradiçosE assim os pássaros se isolam dentre a escuridãoPorque a alma também
VII - A TEMPESTADE DE INVERNO[Forte barulho de tempestade].PROSTITUTA: Ó céus, que sons são esses? É do devorador de sombras? Ahhhhhhh! Mestre, mestre, venha me acalmar!FRA ANGELICO: Eu vejo que no alto há alguém soprando forte um instrumento, saindo de dentro das nuvens com o céu em azul cobalto, com cabelos longos ondulados lembrando um anjo. Eu vejo alguém imortal e vejo as águas daqui o refletindo. Sua bússola é carregada contendo uma mensagem. De repente me vejo com os olhos vendados por dois anjos e eles me levam um arco e flecha para acertar um coração... Mas o que houve, com medo de quê, é só uma tempestade?!PROSTITUTA: Você não ouviu as barcas falando na multidão que viríamos as criaturas do inferno? Que o fim dos dias estava
VIII – A MISSÃO DA CAVALARIACAVALEIRO: Monge estou à procura de algo que seja impossível encontrar nas montanhas geladas...MONGE: Tudo o que precisamos é nos render ao que é maior que nós. Matar o eu de dentro e deixarmo-nos perder as batalhas que não podemos vencer e aceitarmos a derrota. Porque o homem já está morto de alma quando deixa ser dominado pelo próprio mal que está em sua mente. O horror da injustiça, o medo da perversidade, da falsidade e da mentira! Nada deveremos temer, aceitemos ser derrotados diante das forças de quem nos veem como inimigo. Ofereçamos a eles a vitória que tanto desejam, pois estes sofrem do mal que os aprisiona: o medo de se sentirem derrotados, como vermes rastejantes suplicando para não apodrecerem pela própria dor pela qual querem viver.CA
IX - OS SONHOS:TROVADOR: Deus tem infinitamente algo maior a você, enquanto você dorme, ele prepara algo grandioso para você. Jesus procura os fracos, esses que mais precisam dele.FRA ANGELICO: Em mim, já senti muito o coração atordoado, já vi em um sonho, um ser no inferno, com parte do corpo rasgada, a mostra, caindo um pouco, e eu via lâminas querendo cortar-me. Oh, deixe eu saber dos céus.TROVADOR: Em meu sonho chegou um mensageiro. Suas vestes rosadas, sua coroa de ouro e próximo a nós e alguns amigos.FRA ANGELICO: O que ele queria dizer?TROVADOR: Só pode ser “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13).FRA ANGELICO: Alguns me atrapalham, fazem ruídos demais. É impossível ler perto peles. Fica mais alto que o barulho dos pássaros. Esses para mim são uns néscios: nã
X – O FESTIMTROVADOR: Hoje temos vinho, liras, harpas, tamborins, flautas e um delicioso banquete. Nada melhor para aproveitar!FRA ANGELICO: Estou iniciando muito bem meu passeio com você meu caro trovador, mas não achei nenhuma mulher para cantar.TROVADOR: Onde tocarem estou junto. E mal começou a festa na já está pensando em mulheres?FRA ANGELICO: Bem, é.... Faz falta lembrar das primeiras carícias, beijos e abraços tão doces. Ou aquela linda garota que eu via para o meu coração se alegrar, mas nunca me olhava de volta, que agora já está nos braços de outro. Esta é uma história da minha vida... E todas as estações principalmente a mais ardente não superava o fogo que eu tinha por ela... Eu sentava perto dela nas festas e ela fazia de conta que eu era um fantasma, por
XI: TEATRO[Trovador e bufão encenam uma peça teatral]:TROVADOR:Oh céus do glorioso DeusRetira o pecado imundo de mim,Faça-me andar longe do inimigo com suas línguas venenosas que andam perto de mimMande o povo se acalmar ao invés de se enfurecerMande os anjos virem até nós Leva o véu cintilante da bondade para nos cobrirmos todosLeva, Pai celestial para em teus braços podermos descansarBOBO: Eu já vi arrebatadores malucos querendo aprender comigo, mas parece que tem ainda um!TROVADOR: Ora, ora, seu canastrão. Já viu aquela dama magérrima de olhos verdes e cabelos loiros ondulados olhando na sua direção?
XIII: VÊNUS E MARTE[Trovador e bufão encenam uma peça teatral]:BOBO: Até dizer assim: tome conta da sua popança que eu cuido da minha. Mas até vocês mudarem, nessas famílias humana, lá vieram os extraterrestres uns de Vênus e outros de Marte e eu já me despedi...TROVADOR: Olha quantas mentiras estamos preparando: um está em Vênus outro está em Marte. Oh, magnânimo coração!BOBO: Tolos são vocês que não acreditam em mim. As sombras querem te engolir diante da luz do sol. Meus irmãos caídos seria meu último adeus!Por todas as paisagens Que eu não passei Uns bem trouxas ali e eu mais