À tarde fui até a casa de Kim, conforme combinei. Ele estava atendendo no salão, mas ainda assim me recebeu com um forte abraço.
- Estou atarefado, amiga, mas terminando esta cliente vou fechar.
- Não, Kim. Não precisa fazer isso. Eu sei que você precisa trabalhar. Estou aqui com você... Isso basta.
- Já cancelei a agenda, baby. Sou todo seu. Não adianta contestar... Está feito.
Sorri para ele. Kim era a pessoa mais especial do mundo. E eu tinha além da minha família, o melhor amigo que alguém poderia ter. Ele sempre estava ali para mim, em qualquer circunstância. Ele sempre me dizia o que pensava, não me poupando. Ele, acima de qualquer um, queria o meu bem. Os Lee não era uma família perfeita. Tínhamos tantas coisas por resolver, tantas palavras não ditas, tantas mágoas e agora eu sabia que até segredos. No entanto, minha mãe sempre estava com o ombro à postos para nós. Ela nos criticava quando merecíamos, no entanto, mesmo tentando parecer durona,
Acordei com minha mãe me chamando:- Kat, você pediu para acordá-la.Eu senti uma leve dor na cabeça. Devia ser do espumante que tomei à tarde. Havia praticamente tomado as duas garrafas sozinha.- Sim... Eu vou sair.- Mas... Aonde você vai? Não há mais dinheiro para bancar sua vida social.- Garanto que não vou gastar um centavo onde vou.- Espero que não esteja fazendo nada errado.- Eu não faria isso. – falei me sentindo um pouco culpada por mentir novamente.- Quero que saiba que não contei a verdade a Léo para o seu mal. Ele é um bom rapaz e eu não quero que você o machuque.- Acho que já machucamos, mamãe.- Kat, entenda de uma vez por todas: o amor não é nada comparado a tudo que vivemos nesta vida. Você precisa escolher um bom homem para casar... Algué
Dom continuou:- Temos hoje a presença de pequenos grupos que se juntaram a nós. Esperamos que possam contribuir de alguma forma. Também gostaria de apresentar um novo membro, assim como agradecer a presença de Black. – ele apontou para o rapaz alto e misterioso que estava sozinho escorado. Black levantou a mão e balançou a cabeça, parecendo não se sentir muito à vontade com a manifestação pública de agradecimento. Dom continuou: - Black veio indicado por nosso querido amigo e financiador do grupo, King.Além das máscaras, os nomes eram falsos. Era tudo realmente secreto, para que ninguém se reconhecesse e nem pudesse denunciar nenhum dos presentes caso fosse pego. Senti-me segura, mesmo no meio de todas aquelas pessoas que eu não conhecia. Meu coração estava batendo mais forte, emocionado com tantas palavras fortes que eram di
Não demorou muito para o carro de Léo parou ao meu lado enquanto eu andava amedrontada pela rua. Kim e Diana estavam com ele.- Kat, você está bem? – perguntou Léo preocupado quando sentei ao lado dele.- Sim. – confessei. – Mas tive medo.- Para onde você foi? – perguntou Diana.- Eu... – fiquei incerta do que deveria dizer.- Não precisa contar o que aconteceu, baby. O que importa é que você está bem. – disse Kim percebendo minha confusão.Léo voltou para casa em alta velocidade. Dava para perceber o quanto ele estava nervoso.- Estivemos em perigo. – disse ele. – Eu tive medo por você, Kat.- Por mim? – perguntei.- Sim... Você poderia ter morrido.- Mas... Isso faz parte. Sabemos que os encontros são secretos e que sempre é perigoso. Mesmo na faculdade
Quando vi meu irmão ali, com várias pessoas em volta dele, eu fiquei imóvel. Minhas pernas simplesmente não me obedeciam. Era como uma cena de um filme de terror passando na minha frente. Só que era real. Eu ouvia os gritos da minha mãe e não conseguia ajudá-la. Só quando vi meu pai saindo pela porta com muita dificuldade foi que eu me movi até o meio da rua. O carro havia fugido. As pessoas falavam ao mesmo tempo e não conseguíamos entender o que havia acontecido de fato. Um vizinho pegou um carro e ofereceu levá-lo ao hospital. Minha mãe o pegou no colo e entrou com ele cuidadosamente. Eu sentei na frente. Iria junto. - Kat, me mande notícias. – falou meu pai com lágrimas nos olhos. - Sim, pode deixar. Eu sabia que ele estava sofrendo também. Liguei imediatamente para Kevin e expliquei o que havia acontecido e que estávamos indo para o único hospital da Zona E. Meu irmão ficou desconcerta
Eu e minha mãe acompanhamos Leon na ambulância, junto do médico e uma enfermeira. Leon ainda estava desacordado, mas já estava com os cortes limpos e com pontos. Olhando-o na maca, eu me senti mais forte. Não importava o que eu tivesse que fazer no fim. A vida de meu irmão valia qualquer sacrifício.A viagem até o hospital B levou mais de uma hora. Assim que chegamos, Domênico desceu junto.- Você vai acompanhá-lo? – perguntei.- Farei a cirurgia. – ele me disse.- Você?- Algum problema?- Não... – falei confusa.Não pensei que ele fosse fazer a cirurgia. Entendi então que o problema não era o médico cirurgião. Ele só não podia operar naquele hospital.Quando outros enfermeiros chegaram para ajudar, eu senti medo de que alguma coisa desse errado. Não pude evitar as l&a
Léo ficou conosco o tempo todo, até Leon acordar. Minha mãe foi primeiro vê-lo. Enquanto isto liguei para meu pai e expliquei que estava tudo bem e Leon fora de perigo. Ainda havia algumas ligações de Dereck em meu celular e eu não retornei. Kim me ligou: - Kat, como ele está? - Por sorte tudo bem agora. – expliquei. - Eu gostaria de estar aí com você, mas é longe para mim... Além do mais tinha algumas clientes para atender. - Eu entendo, Kim. Está tudo bem, não se preocupe. - Kat, eu preciso confessar uma coisa. - O que houve? - Eu contei ao príncipe Dereck sobre o que aconteceu com seu irmão... Fiquei em silêncio. Em meio à tantas preocupações eu nem me dei em conta de como ele teria sabido sobre o acidente e a localização de meu irmão. - Como você contou? - Ele me ligou. - Dereck ligou para você? – perguntei surpresa. - Sim... Como ele encontrou meu número eu não sei. Mas queria saber
Os próximos dias não foram fáceis. Eu acordava às 6 horas da manhã e precisava me organizar entre: cuidar da casa, do meu pai, largar currículo nos poucos lugares que eu não havia entregado ainda, ir ao hospital me revezar com minha mãe e meu irmão nos cuidados de Leon.Na quarta-feira, quando cheguei em casa muito cansada, depois de comer o pouco que havia na geladeira, peguei meu celular e liguei para “Traidor: nunca atender”.- Como está seu irmão? – foi a frase que ouvi do outro lado.- Boa noite, Dereck... Ele está melhorando.- Fico feliz por vocês.- Eu estou ligando para agradecer pelo que você fez. Foi um gesto de preocupação com o próximo.- Eu tento ajudar quando posso, Katrina. Nem sempre consigo, este é o problema.- Eu sei... Desculpe se fui rude algumas vezes. Mas não tenho
A quinta-feira de primavera amanheceu chuvosa. Eu odiava chuva. Sapatos enlamaçados, roupas molhadas de forma leve ou dependendo da intensidade da chuva, completamente encharcadas. Cabelos úmidos. Um guarda-chuva que poderia ser esquecido a qualquer lugar que você pudesse entrar. Sem contar a dificuldade para ver as pessoas andando e os carros parecendo loucos, querendo atropelar você a cada minuto quando tenta atravessar a rua.Mas enfim, eu precisava sair. Era meu primeiro dia de trabalho. Embora fosse com Kim, meu melhor amigo e agora também meu chefe, eu era responsável. Preparei um leite doce para meu pai e já deixei preparada uma sopa rala com o que tinha disponível na geladeira. Ele estava especialmente mais abatido naquele dia. Talvez fosse também o desânimo pela chuva que caía lá fora. Mas eu acho que, infelizmente, para meu pai não havia dias de sol há muito tempo.