CAPÍTULO 1

"Submi-misso?" Gabriel perguntou, com dificuldade, empurrando os óculos mais para cima do nariz em um gesto nervoso.

"Uhum..." Ela respondeu sedutora, tocando o joelho dele e inclinando levemente a cabeça para o lado. "MEU submisso."

"E... é... co-como isso fu-funciona?"

"Bom, se você aceitar, nós vamos nos sentar e conversar bastante. Vamos estabelecer quais são as regras do jogo... quais são as suas obrigações... e limites." Falou simpática, se afastando um pouco. "Mas, basicamente, você sendo meu submisso, eu mando e você obedece. É simples." Dessa vez, usou um tom de indiferença.

"Mas po-por que eu? Eu não so-sou do tipo av-ventureiro... eu n-não..."

"É justamente por isso, Gabriel." Ela riu. "Você é tímido, introspectivo... se esconde atrás desses óculos, dessas roupas fechadas, dessa sua profissão chata pra caramba! Você é solitário, pouco experiente..."

"Como vo-você sabe que e-eu sou solita-tário... e pouco expe-periente?" Ele ficou ainda mais nervoso.

No momento, ele estava muito confuso! Claro que a possibilidade de fazer sexo com aquela mulher linda e provavelmente muito gostosa era algo que o excitava demais, mas ele nunca tinha pensado em se comprometer a obedecer ninguém na vida, e o fato de ela saber tanto sobre ele o estava intimidando bastante também.

"Não foi muito difícil saber coisas sobre a sua vida, Gabriel. Os seus colegas de trabalho abrem a boca com uma incrível facilidade! E um deles te conhece desde sempre, não é mesmo?" Sorriu e voltou a colocar a mão na perna dele, agora um pouco acima do joelho. "E sendo tão fechadão, tão quieto... quase inocente... você pode ganhar muita coisa com essa experiência, Gabriel. Se você for meu... se eu puder fazer com você o que eu quiser e você fizer direitinho tudo que eu m****r... eu tenho certeza que você vai conhecer um nível de prazer que, de outro modo, você JAMAIS conheceria."

Ela falava lentamente, encarando-o, enquanto sua mão subia um pouco pela perna dele a cada frase. Ele engoliu seco, baixando os olhos, o que fez com que ela levasse a outra mão até o queixo dele, segurando-o com força. Ela não precisou dizer nada para que ele soubesse que ela o queria olhando em seus olhos e não fitando o chão ou qualquer outro ponto da sala, e, mesmo estando tenso com a situação, incerto sobre como lidar com aquela proposta inesperada e um pouco louca para seus padrões, ele se sentiu compelido a obedecer.

"Além do mais, eu sei muito bem que você tem me comido com os olhos... que você tem pensamentos sobre mim que não são assim TÃO puros." Ela mordeu o lábio. "Você me quer."

"Po-pode ser que eu..." Respirou fundo e falou devagar, tentando não gaguejar tanto. "Pode ser que eu ga-ganhe com isso. Mas e você? Por que vo-você faria isso por mim?"

"Não por você." Ela garantiu. "Por mim, é claro. Porque tudo em você me atrai. A timidez, o jeito todo sério, até essa gagueira nervosa... tudo isso é adorável. Você é adorável! Esse seu sorrisinho torto, as covinhas, o rosto de menino." Ela dizia isso encantada, sorrindo, e ele sorriu também por isso.

Ela fez uma pausa, porque se perdeu por alguns segundos nos olhos dele, teve vontade de beijar seus lábios, de se aconchegar nos braços dele, de sentar em seu colo. Achou aquele tipo de impulso um pouco estranho, inédito mesmo para ela, mas não teve vontade alguma de pensar sobre isso naquele momento. Apenas seguiu em frente com as explicações.

"Veja bem, Gabriel... o submisso precisa ser uma pessoa adorável, pacata, porque ele tem que estar disposto a servir... e a posição combina muito bem com essa sua carinha de adolescente, porque um sub tem que querer aprender, ansiar por novas experiências, exatamente como os meninos mais novos. Não é nada fácil achar isso em alguém com uma idade razoável." Ela riu. "E muito menos em alguém tão atraente como você."

"Atra-atraente?" Ele se surpreendeu.

"Sim! Atraente, lindo. Você pelo jeito é inseguro, o que só te torna ainda mais adorável... mas, sim, você é MUITO atraente. Você é alto, tem ombros largos... as suas roupas não deixam ver muito, mas provavelmente é forte. Você tem essas mãos grandes..." Disse, pegando as mãos dele, colocando-as sobre o colo, com as palmas viradas para cima, e passando os dedos nelas, devagar. "Eu gosto de imaginar essas mãos deslizando pelo meu corpo... Tocando-me onde eu quiser, quando eu quiser..." Enquanto falava, deixava as próprias mãos pousarem sobre as dele e jogava a cabeça para trás, fechando os olhos. “COMO eu quiser." Acrescentou, voltando a encará-lo. "E também, elas sendo grandes assim, me fazem imaginar... Você sabe." Ela deu um sorriso safado e ele corou.

"Eu... eu não sei." Ele tentou respirar fundo, mas nada estava surtindo efeito algum em seu nervosismo. "Você é... é... li-linda. É... é claro que eu a-adoraria..."

"Transar comigo."

"Isso." Ele balançou a cabeça, positivamente e se afastou um pouco, se ajeitando no sofá e tentando manter o autocontrole, a racionalidade que era sua característica, ao invés de sucumbir à tentação que era Viviam. "Mas eu n-não sei."

"Você não precisa me responder agora, Gabriel. Você pode pensar."

"Pensar só vai... me deixar mais confuso. Eu não sei como isso fu-funciona... eu não consigo nem co-começar a imaginar que coisas você me mandaria fazer."

"Você tá certo." Ela disse, rindo de si mesma. "É que eu nunca lidei com uma situação assim antes... de desejar um cara comum e querer fazer dele o meu sub. Todos os anteriores já eram sub quando eu os conheci, então bastava fazer a proposta e discutir detalhes. Você não conhece nada disso e é natural que esteja... receoso, vamos dizer assim." Decidida, levantou-se do sofá, ajeitando a saia lápis marfim que usava. "Eu não posso querer de você simplesmente um sim ou um não, e pronto. Eu vou ter que te mostrar como é."

Ela ofereceu a mão a ele, que a olhou, confuso. Com um olhar penetrante e um sorriso provocante, ela foi capaz de fazê-lo entender que queria que ele lhe desse a mão, para irem juntos a algum lugar. Ele segurou a mão dela, pela primeira vez, reparando no contraste de tamanhos, e achando engraçado que uma mulher com uma mãozinha tão pequenininha, que era facilmente envolvida pela dele, pudesse querer subjugá-lo e, com sua simples presença, fosse realmente capaz de fazê-lo.

Viviam gostou de sentir a firmeza com que ele segurou sua mão, mas decidiu não pensar sobre a sensação de segurança e conforto que seus dedos entrelaçados lhe trazia, e focar no jogo de sedução em que estava prestes a envolvê-lo. Então, caminhou até uma estante que havia naquela sala sóbria, colocou a pequena mão atrás de uma escultura em porcelana, e apertou um botão que fez a estante caminhar e uma porta aparecer.

Atrás daquela porta, contrastando muito com a discrição das duas salas em que Gabriel estivera, havia um quarto que se parecia bastante com o de um motel, com uma cama redonda, muitos espelhos e até um poste de pole dance, algo que Gabriel só tinha visto até então na televisão ou em filmes para adultos. Enquanto ele observava cada detalhe à sua volta e tentava imaginar o que iria acontecer entre os dois ali, ela deixava o ambiente ainda mais sensual ao ligar o som e diminuir as luzes.

"Eu quero que você tire os sapatos e as meias, esse colete horrível e os óculos... e me espere na cama. Eu volto em dois minutos." Ela mandou, sem nem se importar em olhar na direção dele, e sumiu, entrando em outro cômodo qualquer, que existia atrás do pequeno palco onde ficava o poste de dança.

Apesar de preocupado com o fato de que enxergava realmente mal sem os óculos, ele seguiu absolutamente todas as instruções e, pouco depois de ter-se sentado na cama, a viu retornar, ainda vestida em sua roupa de mulher de negócios, mas com os cabelos, que antes estavam presos em um coque bem arrumado, soltos e caindo em ondas sobre seus ombros e costas.

Ela subiu na cama e, mesmo com a saia justa até o joelho, engatinhou sensualmente até ele, ajoelhando entre suas pernas. Alisou os braços dele, desde os ombros até as mãos, empurrando-os para trás, em seguida, e amarrando os pulsos juntos, atrás das costas, com um lenço de seda.

"Eu pe-pensei que..."

"Que eu quisesse suas mãos no meu corpo... e eu quero. Mas não agora." Assegurou. "E Gabriel? Eu sei muito bem que você tem força e habilidade suficientes para se soltar... mas, se eu fosse você, não faria isso." Falou, ameaçadora.

"E por que não?" Ele questionou, sem nem mesmo gaguejar, como se, quanto mais ameaçadora ela parecesse, mais ele sentisse um misto de vontade de obedecê-la com desejo e capacidade surpreendentes de desafiá-la.

"Porque se você for obediente, vai ser muito bem recompensado... mas, se for desobediente... será castigado." Disse, como se fosse óbvio.

Em seguida, ela pegou o outro lenço que tinha trazido consigo ao voltar para o quarto e vendou os olhos dele.

Ele ficou um pouco frustrado, pois uma das coisas com que fantasiava desde que conhecera Viviam era ver o corpo que ela escondia embaixo das roupas sérias de trabalho. Claro que ela não era como ele, que todo mundo vivia dizendo que se vestia como um avô ou como um fanático religioso, com suas camisas fechadas no punho e no colarinho, coletes de lã, suéteres, calças de linho. As roupas dela eram modernas, elegantes, bem escolhidas. Porém, ainda assim, eram roupas de trabalho, discretas, sóbrias, que não mostravam nada do que ele tinha vontade de ver.

Contudo, havia um lado dele que ansiava por ver como seria essa experiência de não enxergar, de não tocar, de ficar totalmente à mercê de alguém, de ter o seu corpo usado, como um brinquedo, um instrumento de prazer.

"A partir de agora, você fica em silêncio." Ela afirmou. "Eu só quero ouvir a música e a minha própria voz. Lembre-se de que eu vou te castigar sem piedade, se você me desobedecer."

Ele balançou a cabeça para mostrar que tinha entendido perfeitamente bem, e sentiu que ela começava a abrir, com calma, os botões da camisa dele, e então o cinto, o botão da calça e o zíper. Sentiu a calça deslizando por suas pernas e sendo retirada completamente, mas depois, ficou algum tempo sem sentir ou ouvir nada que pudesse indicar o que ela estava fazendo, até ela montar no colo dele, sem dúvida usando, no máximo, sua calcinha.

Ele tinha certeza disso, pois não havia nenhuma saia roçando em suas coxas e, enquanto ela beijava a orelha dele, a mandíbula, o pescoço e os ombros, e enterrava as unhas em seus cabelos, ele pode sentir os mamilos dela roçando algumas vezes por sua pele. Mais um pouco de tempo, e ela estava ainda mais encaixada nele, criando atrito entre seus corpos, respirando ofegante, gemendo baixinho no ouvido dele.

A pele dela era quente e macia, e ele tinha ímpetos de se livrar dos lenços, para tocar cada parte dela, agarrá-la com força contra si, beijá-la até que o ar faltasse, e imprensá-la contra a cama, investindo contra ela com força, até encontrar alívio para sua ereção, já dolorosa a essa altura.

Ao mesmo tempo, havia uma força qualquer que o impedia, que queria deixá-la no comando. Não era medo de um castigo, pois ele não via qualquer castigo ao qual uma mulher do tamanho dela pudesse submeter um cara como ele, se ele não se submetesse espontaneamente, se ele não deixasse. Naquele momento, era como se ele existisse para dar prazer a ela, do jeito que ela quisesse, como se ele tivesse nascido para servi-la, como se a própria condição de dominado fosse uma fonte de prazer maior do que o toque, o cheiro ou o sabor que ele tanto desejava sentir.

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