- Você merece o que quiser, Rita! – Fiquei incrédula com a forma de pensar dela.
- O tempo iria passar... E Rael um dia deixaria de me levar à sério. E talvez fosse jogar na minha cara a vida inteira o meu passado.
- Você nem se deu ao direito de tentar, Rita!
- Eu acho que nosso pai gostava da sua mãe.
A encarei, confusa:
- Por que acha isto?
- Ninguém se envolve tanto tempo com uma pessoa só por sexo. Ou seja, gostava dela. No entanto nunca a assumiu. Preferiu seguir casado com a minha mãe, que bem sabemos o quanto o relacionamento deles é... Deixe-me ver que palavra eu poderia usar... Raso.
- Raso? – Eu não sei se definiria como raso o relacionamento do nosso pai com Rose. Usaria a palavra “preguiçoso” para aquele casamento.
- Até você e Gabe tinham mais química que nosso pai e minha mãe.
<Engoli em seco ao deparar-me com o olhar desesperado de Jai. Rose olhou para o marido e depois para mim:- Você... Está louca? – riu, confusa.- Não, eu não estou. Não deveria ter dito, mas agora já fiz... Então sim, é verdade, Jai é nosso irmão.- Se eu não tenho filhos fora do casamento – Rose seguiu atordoada, olhando para o nada – Então... – Voltou a encarar meu pai.- Como assim? – Rita sentou-se na cadeira, incrédula.- Vamos, Jai – o encarei – Todos já sabem a verdade... Agora é com você.Meu irmão simplesmente meneou a cabeça, parecendo sem saber por onde começar. O silêncio tomou conta de toda a casa, lembrando o que acontecia quando antecedia um temporal, como se uma nuvem escura estivesse prestes a desabar uma enxurrada.- Sou mesmo irmão de vocês. – Jai olhou para Rita e depois para Isabelle, que sorriu, parecendo assimilar tudo de forma mais consciente e rápida do que os demais.- Como? – Rose quis saber.- Fui adotado recém-nascido, por uma boa família... Que me deu amor
Aquilo me deu um nó na garganta, fazendo meu coração errar a batida. Por mais que eu tentasse pôr na cabeça que meu pai era um herói, cada vez mais me convencia de que estava longe de ser.- Eu... Fui atrás... Tentei encontrá-lo... Mas quando se entrega para adoção, os dados são sigilosos, não há como saber. – Justificou.- Pouco me importo com isto, Ernest. Mesmo que você fosse atrás de mim, meus pais jamais o deixariam me levar. – Jai disse com firmeza.- Eu não concordei... Juro que desde o início fiquei furioso com a decisão de Rosana... Mas não consegui convencê-la. Quando voltei a vê-la ela já tinha se livrado do bebê! – seus olhos se encheram de lágrimas – Eu sinto muito, Jai!- Não sinta! – Jai sorriu – Não tê-los em minha vida foi a melhor coisa que me aconteceu. Mas não posso dizer o mesmo sobre minhas irmãs, que não tem culpa de nada.- Como é fácil culpar quem está morto! – eu ri, com desdém, sem conseguir olhar para o meu pai – Aposto que Rosana também teria sua versão, a
Dei de ombros e servi-me. Por motivos de saúde eu era obrigada a me alimentar. E que comida boa!Jai e Rita também se serviram. Sentei-me ao lado de Isabelle à mesa e Rita do outro. Nosso irmão, por sua vez, ficou de pé atrás dela, com o prato na mão.- Você sabe o que está fazendo? – Jai perguntou.- Ela é superdotada! – Rita explicou, sem olhá-lo, de forma natural.- Isabelle hackeou o sistema da Clifford... Então meio que temos uma gênia por aqui! – Confessei.- O sistema da Clifford? – Jai ficou incrédulo – Será que só você foi dotada deste “poder”? Aposto que vem do lado da sua mãe! – Fez careta.- Da nossa não seria! – ri, olhando para Jai.- Acha mesmo que veio da nossa? – Rita riu – Aposto que ela herdou de um parente bem distante, daqueles que nunca pensamos conhecer um dia.Começamos a rir e Isabelle falou, seriamente:- Temos aqui uns... – silenciou-se um tempo – Incontáveis processos contra a Concessionária Abertton.- Isto não é comum de acontecer? – Rita quis saber.- Ol
POV GABEEnquanto eu dirigia, percebi que estava com o maxilar enrijecido há tanto tempo que começava a me doer. Nem posso dizer que meu coração batia de forma acelerada porque me certificava cada vez mais que eu não tinha um... E que se um dia tive, todos ao meu redor fizeram questão de destruí-lo.Olhei para os meus dedos que seguravam o volante personalizado do Pagani com tanta força que chegavam a endurecer os nós. Nunca senti tanto arrependimento na vida como naquele momento. E não, não foi nem por Olívia ter me traído com Jai e não acreditar em mim. Mas pela porra que eu havia feito por ela... Que ficaria para sempre no meu dedo.Peguei o anel que eu havia comprado, ainda no bolso da camisa e o olhei, o brilho dos tantos diamantes ofuscando meus olhos e joguei longe, com raiva, o fazendo desaparecer no meu carro. Eu nunca mais queria ver aquela coisa na vida.<
Meu interfone tocou e não atendi. Eu estava numa reunião e talvez o secretário sendo novo não sabia que eu não aceitava ser interrompido. No entanto recusei e ele seguiu tentando.Fiquei irritado com o som estridente e insistente. Peguei o fone para mandá-lo a puta que pariu, depois de manda-lo passar no RH e assinar sua demissão quando ouvi a voz preocupada:- Senhor Clifford, tem uma mulher aqui que deseja falar com o senhor urgentemente. E disse que não pode esperar... E... Inclusive está tentando invadir a sala. Devo... Chamar a segurança?Eu sorri. Sabia quem era.- Mande-a entrar.Segundos depois a porta se abriu e deparei-me com os traços marcantes e expressivos, com seus olhos grandes e profundos, em um tom castanho-escuro quase melado. O olhar era penetrante e cheio de personalidade. A pele morena clara refletia sua vitalidade e os lábios carnudos destacado
- Por quê? Vai confessar que o filho não é meu na ausência do advogado? Sinceramente, não tenho interesse em ter esta conversa com a senhorita longe do senhor Castro. Afinal, tudo que disser ele certamente usará contra você no tribunal. – Eu ri – Você foi bem pouco inteligente, Ingrid. Eu poderia processá-la antes, pela questão do doping, que já tinha provas, mas não o fiz. E sinceramente foi por falta de tempo, pois minha vida estava de cabeça para baixo. Mas agora estou reorganizando tudo... E a sua presença aqui, justo hoje, me fez lembrar que não é preciso muito para mover um processo contra qualquer pessoa, já que pago advogados para estas coisas. Ou seja, destruirei a sua maldita vida, assim como fez com a minha.- Olívia Abertton nunca o mereceu, senhor Clifford.- Ah... E você me merece! – Gargalhei.- Eu... Am
POV OLÍVIAMal consegui dormir naquela noite que passou, lembrando de Gabe e suas acusações. Ele realmente achava que Jai era meu amante. E sinceramente, eu não daria explicações porque que ele não merecia. Aquele homem tinha feito coisas horríveis para mim para merecer qualquer tipo de consideração.Mas embora eu tivesse ciência de que não lhe devia explicações, ainda assim doía a forma como fui julgada. E a frieza com que me tratou.Antes que eu levantasse da cama a porta se abriu e vi Rita, de camisola, com o telefone na mão. Ela me encarou e perguntou:- Já viu seu celular hoje?Peguei o aparelho na mesa de cabeceira, exclamando:- Não!Antes que eu pudesse ver qualquer coisa na tela do meu aparelho, ela me mostrou o seu. Notícias quentes da internet:🚨 EXCLUSIVO: Ex-secretária da Cliff
Engoli em seco, sentindo o mundo cair sobre a minha cabeça.- É isto que você deseja, não é mesmo, chuchu?- S... S... Sim. – a palavra saiu com dificuldade da minha boca, a ponto de eu achar que nem conseguiria dizer.- O doutor Castro disse que em torno de no máximo dez dias estaremos sendo chamados para assinar tudo. Para agilizar, faremos isto perante o juiz. Nos poupa tempo e segundo ele o processo será rápido, já que ambos estamos de acordo com tudo.- Que... Bom! – Me doeu o fato de ele parecer estar tão tranquilo com aquilo.Pelo visto o coração dele voltou a ficar seco e sem sentimentos. E os “eu te amo”? Tudo foi mentira?- Você ficará com a casa. – Disse de forma firme.- Casa? A que você tomou de mim?- No dia do divórcio receberá os documentos da casa, Olívia. E ju