Capítulo Dezesseis
Promessa
Minha respiração rapidamente ganhou velocidade e meu coração disparou no peito. Eu já estava acostumada a sentir aquilo por qualquer coisa que fugisse do meu controle desde que voltara da mansão no Guarujá, mas, desta vez, mesmo que eu puxasse o ar a cada segundo, comecei a sentir que não era suficiente. A falta de ar começou a aquecer meu corpo e minhas mãos acenderam sem a minha permissão, ganhando o tom de brasa característico de todas as vezes que tentei queimar algo.
A necessidade de me acalmar veio, juntando-se em desespero ao que já acontecia. Encarei minhas mãos e pedi para o fogo voltar porque estava tudo bem; ele demorou, mas começou a se acalmar. A distração fez minha respiração voltar ao normal, apesar do meu coração continuar a bater com toda a força em meu peito, rugindo em desespero.
Deitei-me na cama, pensando em tudo o que ti
Capítulo Dezesseis Dúvidas e certezas (do coração) Tinha algo muito estranho acontecendo dentro de mim, a mistura de todos os sentimentos daquele dia não estava me caindo muito bem, o desespero e o medo da possível gravidez, a solidão da falta do investidor, a praticidade da fuga do possível incêndio no condomínio, a coragem envergonhada da minha visita à farmácia, a surpresa e o júbilo do interesse de Igor, o deleite do de dividir o almoço com alguém que eu sempre tivera interesse e estava claramente interessado em mim, o medo de volta ao prometer salvar Estela e agora… Agora isso. Aquela porcaria que estava dando cinquenta cambalhotas em meu intestino, me mostrando que eu estava nervosa com a promessa de me encontrar com o Investidor naquela noite. Meu celular, porém, tinha se molhado um pouco e, por segurança, preferi avisar a Bia e Lis que eu estava bem ao
Capítulo Vinte e Quatro No Escuro Minha mão afrouxou o aperto, sentindo que ele se aproximava e, com uma velocidade aplaudível, senti-o envolver minha cintura e puxá-lo para si. Meu corpo moldou-se ao seu e percebi que ele era alto, enquanto tateava seus braços, testando os músculos não muito trabalhados que eu encontrava. Estava um pouco congelada em meu lugar, um pouco embasbacada com a proximidade depois de tanto desejá-la e não sabia muito o que fazer com isso. O Investidor parecia estar em uma situação similar, pois fazia um leve carinho em minha cintura e passava o nariz pelos meus cabelos, testando o meu cheiro, sua outra mão começava a fazer um caminho mais ousado, mas parecia estar mais tateando minhas formas do que qualquer outra coisa. Congelada por fora, por dentro eu estava queimando em brasa fervente, meu corpo reagindo aos desejos que me derreteram por meses a fi
Capítulo Vinte e Cinco Outra Pessoa Eu tinha um sorriso bobo no rosto enquanto vestia minhas roupas que ficaram perdidas pela casa. Parte de mim achava que eu tivera uma espécie de delírio e tinha apenas imaginado a noite com o Investidor, mas a sensação no entre minhas pernas e no interior do meu peito me diziam que não; e isso só aumentava o meu sorriso. Minha cabeça estava fervilhando tanto com a parte final do bilhete, com a rosa e com as sensações da noite que demorei um tempo para perceber que havia algo de errado com o bilhete. Quando terminei de me vestir na entrada da casa, voltei até o quarto para buscar a rosa e li novamente o pequeno texto: Se tem desejos em me ajudar a resolver essa bagunça, por favor, mande-me uma resposta sucinta. Se não puder, vou compreender. Especialmente hoje, tome cuidado e evite
Posfácio “Amiga, estou com sérios problemas” enviei para Lisbela porque ela era a única que poderia me ajudar e era quem tinha me cinco vezes nas últimas horas. Estela tinha conseguido um quarto e estava adormecida em sua cama de hospital após o médico receitar um calmante para ela. Seu exame dera diversas alterações pequenas, mas que precisariam de cuidado. Também identificaram luxações em seu tornozelo e nos dois pulsos. Apesar de não ser exatamente grave, por conta do estado emocional e de seu corpo frágil, preferiram deixá-la em observação por alguns dias. Igor tinha me agradecido mais meia dúzia de vezes depois que ela adormeceu. Foi gentil ao me comprar um lanche e disse que tudo bem se eu quisesse ir para casa descansar - só que eu não fui. Deixei-o deitado no sofá, resolvendo problemas do trabalho em seu computador e me retirei para dar uma volta no hospital, dando de cara com
O que você já deixou de fazer por ser mulher?Você já deixou de falar palavrão?Você já foi impedida de sentar de forma confortável?Já deixou de ir a algum lugar porque iria voltar sozinha?Deixou de beber em uma festa por medo do “Boa noite, Cinderela”?Já evitou uma roupa que gosta por medo de assédio? Ou de falarem mal de você?Quantas vezes atravessou a rua por medo de alguma pessoa andando atrás de você? E quantas vezes ficou em casa por medo de sair à noite?Você já foi preterida em algum emprego por ser mulher?Eu já passei por todas essas situações. Qualquer mulher já passou por mais de uma dessas algumas vezes.E essa é a história de quando eu resolvi me vingar por todas nós.
Capítulo UmUma proposta inesperadaA crise na economia brasileira afetou todo o conglomerado de empresas privadas, causando cortes orçamentários e redução de pessoal, criando pânico em todos os pobres assalariados sem estabilidade.Eu trabalhava no escritório de uma grande empresa bancária na época. Dez anos de casa e um rendimento muito bom. Todas as agências da região que era de minha responsabilidade haviam batido a meta de vendas nos últimos dez meses e esse era um feito e tanto em anos normais, mas em era de crise... Era estupendo.Para falar a verdade, eu e meu ego estávamos esperando uma promoção a qualquer momento.Acho que nunca poderia ter previsto o que aconteceu, que aquilo estava vindo voando em direção à minha cabeça. Por alguns momentos, me
Capítulo DoisO papel chamuscadoSeguir as instruções de Bianca para encontrar Diego, o tal professor de inglês por quem ela estava interessada, foi uma das coisas mais ridículas que eu já fiz. Para começar, ela queria me avisar quando ele saísse do curso para que eu o seguisse e, então, ela queria que eu o seduzisse a ponto dele me convidar (ou eu convidá-lo) para um local mais discreto e, antes de irmos, contar para ele que eu era soropositiva.Ou seja, se ele topasse, o que eu faria? Bianca tinha tanta certeza que ele não toparia estar com alguém soropositivo (vide suas experiências anteriores) que nem se dignara a me oferecer um plano B para o caso dele aceitar e, por conta disso, eu me sentia prestes a furar o olho da minha irmã.Afinal, com todo o meu charme, que escolha ele teria alé
Capítulo TrêsTem alguém em casa?Na minha concepção, a melhor coisa que eu poderia fazer era entrar em um fast-food qualquer e esperar encontrar alguma movimentação ou conseguir um táxi para casa. Encontrei uma lanchonete aberta depois de correr desesperadamente por cinco minutos; eu gostava e estava acostumada a exercícios, mas aquela situação maluca, talvez pela droga ainda em meu sistema, talvez pela outra coisa que eu preferia não lembrar, fez minhas costelas arderem de cansaço e falta de ar.Pedi qualquer coisa apenas para enrolar. Também escolhi a promoção mais barata. Não estava exatamente com fome, embora soubesse que meu corpo podia se utilizar de alimento naquelas condições estranhas, mas o hambúrguer que eu escolhi era tão peq