Enquanto o carro avançava pela estrada, a sensação de urgência e incerteza permeava o ar. Eu segurava firme o volante, cada pensamento concentrado em nossa segurança imediata. Maurício estava ao meu lado, olhando pela janela enquanto o vento soprava seus cabelos."Você quer que eu dirija um pouco?", ele perguntou de repente, sua voz tranquila.Olhei para ele por um momento, considerando sua oferta. Embora a tensão estivesse claramente visível em seu rosto, algo em sua voz me fez pensar que talvez houvesse algo mais por trás de sua pergunta."Estou bem, obrigada", respondi, minha voz suave, mas firme.Ele assentiu e voltou sua atenção para a estrada à frente. O silêncio caiu entre nós, mas era um silêncio carregado de palavras não ditas e emoções conflitantes.Depois de alguns minutos, quando a estrada se estendia à nossa frente, eu finalmente encontrei a coragem para trazer à tona uma pergunta que estava me atormentando."Maurício", comecei, minha voz um pouco vacilante. "Você e Rogér
A luz do sol filtrava pelas cortinas do quarto, trazendo uma sensação de satisfação, já que fazia dias que dormimos tão bem. Cibele estava dormindo ao meu lado, uma imagem tão tranquila que não pude deixar de sorrir.Após fazer minhas higienes matinais, sai em busca de um pouco de café para despertar totalmente. Distraída em meus pensamentos, acabei esbarrando em uma mulher que parecia estar procurando encrenca desde cedo. Abri a boca para me desculpar, mas antes que pudesse dizer algo, ela atacou.“Tá com olho no cu?” Sua agressividade me pegou de surpresa, mas antes que eu pudesse responder, ela continuou com suas palavras ofensivas. “Desculpa o caralho, tá achando que é quem?”Meu sangue ferveu com sua atitude, mas respirei fundo, me controlando. "Se eu fosse você, não testaria minha paciência, pois ela é curta." Minhas palavras saíram mais duras do que eu pretendia, mas não estava disposta a deixar que ela me provocasse.Ela continuou com seus insultos, acendendo meu lado mais som
Marco FariasDesde criança, sempre desejei o lugar do meu irmão. Sempre vivendo à sombra dele, como se eu fosse apenas uma extensão de si. Mas eu era mais do que isso, e quando finalmente consegui emboscar o meu querido irmão, vê-lo cair em minha armadilha, senti um prazer mórbido que inundou minha alma. Seu olhar de surpresa e choque antes de sua vida ser ceifada foi uma visão que guardei com carinho.Assumi o controle da organização, e por um breve momento, senti-me no topo do mundo. Saboreei o poder que ele tanto prezava, provei a doçura da vitória que me escapara por tanto tempo. E quando soube que meu sobrinho, aquele covarde, não tinha interesse em tomar a frente da organização, senti-me aliviado. Talvez ele soubesse que não teria chance contra mim.No entanto, minha alegria durou pouco. A irmã de Maurício, Luciana, mostrou uma ambição que eu não esperava. Ela estava disposta a assumir a liderança, e isso era inaceitável. Luciana era obstinada, determinada e inteligente. Eu sabi
Mauricio Velásquez Meu coração estava acelerado, as veias pulsando com adrenalina. Diante de mim estava meu tio Marco, aquele que havia tomado a vida de meu pai e minha irmã, aquele que sempre esteve à espreita nas sombras, esperando o momento certo para atacar. Agora, esse momento havia chegado, e a batalha entre nós era inevitável.Encaramo-nos por um breve instante, nossos olhos faiscando com desdém e hostilidade mútuos. A raiva que sentia por ele, a necessidade de vingar os que ele havia tirado de mim, eram um fogo ardente que me impulsionava para a frente.Sem mais palavras, partimos para o ataque. Cada golpe que desferíamos era carregado com anos de rancor, cada movimento era calculado para ferir, para prejudicar. Eu não me importava com o que aconteceria comigo, apenas queria que Marco pagasse por seus crimes.Nossos punhos se encontravam em um confronto furioso, um eco de nosso ódio mútuo. Marco era habilidoso, tinha anos de experiência em combate, mas eu estava determinado a
(15 dias depois)O hospital era um cenário de desolação, nossas esperanças e energias esgotadas pelo curso cruel dos acontecimentos. Cibele e Rômulo choravam silenciosamente, compartilhando uma tristeza profunda e mútua. Ezra parecia absorto em seus pensamentos, enquanto eu permanecia em um canto, olhando para o vazio, perdido em minha própria tormenta.Rogério se aproximou, sentando-se ao meu lado. "Você precisa comer", ele disse com um tom de preocupação genuína.Neguei com a cabeça, sem interesse em qualquer tipo de alimento. Minha mente estava aprisionada nas memórias e nas palavras que nunca pude compartilhar com Ohana. Tudo parecia distante e irreal, como se eu estivesse navegando por um pesadelo que não tinha fim.Ele suspirou, parecendo entender minha dor. "Eu fiz o que pediu. A Cris está em segurança, assim como a senhora Maria. Mas, Mauricio, precisamos falar sobre o que acontecerá agora. Você é o único que pode assumir o controle da organização da sua família."Minha respos
Ohana DuarteA escuridão me envolvia como um manto, um lugar onde o tempo parecia ter perdido seu significado. A voz da realidade era apenas um sussurro distante, e eu estava presa em um estado entre a vida e a morte. Havia uma sensação de paz nesse lugar sombrio, mas também uma sensação de vazio, como se algo estivesse faltando.Não sabia a quanto tempo estava naquele estado, vagava por um espaço intangível, perdida em um mundo de sonhos. Mas algo estava diferente agora. Uma presença calorosa e familiar parecia se aproximar, um chamado suave que me fazia querer sair da escuridão e explorar o que estava além.E então, como se uma névoa tivesse se dissipado, encontrei-me em um lugar completamente diferente. Era como um jardim suspenso, onde as flores floresciam em cores vivas e os raios de sol banhavam tudo em uma luz dourada. Eu estava andando por entre as pétalas macias e o aroma doce, uma sensação de serenidade me envolvendo.Uma risada suave me fez virar, e lá estava ele, de pé sob
Abri os olhos mais uma vez com cuidado, piscando para a luz que inundava o quarto. O som das máquinas zumbindo e o cheiro familiar do hospital me trouxeram de volta à realidade. Minha mente estava turva, mas eu estava consciente, e isso era tudo o que importava.No canto do quarto, vi uma figura familiar. A médica estava de pé, olhando para mim com um sorriso gentil. Ela se aproximou e pegou minha mão com cuidado."Olá, Ohana. Como se sente?"Minha voz saiu como um sussurro rouco, e eu me esforcei para falar. "Fraca."Ela assentiu compreensivamente. "Isso é normal. Você ficou em coma por dois meses, seu corpo precisa de tempo para se recuperar."Com um pouco mais de esforço, consegui falar mais claramente. "Dois meses?"Ela assentiu novamente. "Sim, Ohana. Foi um período difícil, mas você está aqui agora."Enquanto ela falava, sua expressão gentil me acalmava. Ela parecia tão profissional, tão capaz. Uma ligeira pontada de ansiedade se misturava com meu alívio, pois sabia que havia mu
A tranquilidade do quarto do hospital foi quebrada pela entrada de Rômulo, Cibele e Mauricio. Meu coração se encheu de emoção ao vê-los ali, meus amigos, minha família. Cibele foi a primeira a se aproximar, sua expressão uma mistura de alegria e preocupação.Sem hesitar minha amiga se jogou na cama ao meu lado. Um misto de risos e gemidos escapou dos meus lábios. "Cibele, você está me machucando!"Ci, imediatamente se afastou, com os olhos cheios de lágrimas. "Ohana, me desculpe, eu não quis te machucar."Eu sorri gentilmente para ela. "Está tudo bem, Cibele. Só tome cuidado."Rômulo se aproximou, mais cauteloso, e me abraçou com carinho. "Sabia que você sairia dessa, Ohana. Você é mais forte do que imagina."Eu senti um nó na garganta, emocionada por suas palavras. "Obrigada, Rômulo."Seus olhos brilhavam de afeto. "Sempre estivemos ao seu lado, e sempre estaremos."As palavras dele me tocaram profundamente, e eu senti uma onda de gratidão. Nós éramos uma família, uma família que esc