(15 dias depois)O hospital era um cenário de desolação, nossas esperanças e energias esgotadas pelo curso cruel dos acontecimentos. Cibele e Rômulo choravam silenciosamente, compartilhando uma tristeza profunda e mútua. Ezra parecia absorto em seus pensamentos, enquanto eu permanecia em um canto, olhando para o vazio, perdido em minha própria tormenta.Rogério se aproximou, sentando-se ao meu lado. "Você precisa comer", ele disse com um tom de preocupação genuína.Neguei com a cabeça, sem interesse em qualquer tipo de alimento. Minha mente estava aprisionada nas memórias e nas palavras que nunca pude compartilhar com Ohana. Tudo parecia distante e irreal, como se eu estivesse navegando por um pesadelo que não tinha fim.Ele suspirou, parecendo entender minha dor. "Eu fiz o que pediu. A Cris está em segurança, assim como a senhora Maria. Mas, Mauricio, precisamos falar sobre o que acontecerá agora. Você é o único que pode assumir o controle da organização da sua família."Minha respos
Ohana DuarteA escuridão me envolvia como um manto, um lugar onde o tempo parecia ter perdido seu significado. A voz da realidade era apenas um sussurro distante, e eu estava presa em um estado entre a vida e a morte. Havia uma sensação de paz nesse lugar sombrio, mas também uma sensação de vazio, como se algo estivesse faltando.Não sabia a quanto tempo estava naquele estado, vagava por um espaço intangível, perdida em um mundo de sonhos. Mas algo estava diferente agora. Uma presença calorosa e familiar parecia se aproximar, um chamado suave que me fazia querer sair da escuridão e explorar o que estava além.E então, como se uma névoa tivesse se dissipado, encontrei-me em um lugar completamente diferente. Era como um jardim suspenso, onde as flores floresciam em cores vivas e os raios de sol banhavam tudo em uma luz dourada. Eu estava andando por entre as pétalas macias e o aroma doce, uma sensação de serenidade me envolvendo.Uma risada suave me fez virar, e lá estava ele, de pé sob
Abri os olhos mais uma vez com cuidado, piscando para a luz que inundava o quarto. O som das máquinas zumbindo e o cheiro familiar do hospital me trouxeram de volta à realidade. Minha mente estava turva, mas eu estava consciente, e isso era tudo o que importava.No canto do quarto, vi uma figura familiar. A médica estava de pé, olhando para mim com um sorriso gentil. Ela se aproximou e pegou minha mão com cuidado."Olá, Ohana. Como se sente?"Minha voz saiu como um sussurro rouco, e eu me esforcei para falar. "Fraca."Ela assentiu compreensivamente. "Isso é normal. Você ficou em coma por dois meses, seu corpo precisa de tempo para se recuperar."Com um pouco mais de esforço, consegui falar mais claramente. "Dois meses?"Ela assentiu novamente. "Sim, Ohana. Foi um período difícil, mas você está aqui agora."Enquanto ela falava, sua expressão gentil me acalmava. Ela parecia tão profissional, tão capaz. Uma ligeira pontada de ansiedade se misturava com meu alívio, pois sabia que havia mu
A tranquilidade do quarto do hospital foi quebrada pela entrada de Rômulo, Cibele e Mauricio. Meu coração se encheu de emoção ao vê-los ali, meus amigos, minha família. Cibele foi a primeira a se aproximar, sua expressão uma mistura de alegria e preocupação.Sem hesitar minha amiga se jogou na cama ao meu lado. Um misto de risos e gemidos escapou dos meus lábios. "Cibele, você está me machucando!"Ci, imediatamente se afastou, com os olhos cheios de lágrimas. "Ohana, me desculpe, eu não quis te machucar."Eu sorri gentilmente para ela. "Está tudo bem, Cibele. Só tome cuidado."Rômulo se aproximou, mais cauteloso, e me abraçou com carinho. "Sabia que você sairia dessa, Ohana. Você é mais forte do que imagina."Eu senti um nó na garganta, emocionada por suas palavras. "Obrigada, Rômulo."Seus olhos brilhavam de afeto. "Sempre estivemos ao seu lado, e sempre estaremos."As palavras dele me tocaram profundamente, e eu senti uma onda de gratidão. Nós éramos uma família, uma família que esc
À medida que a tarde avançava, o quarto do hospital ficou mais tranquilo. Rômulo e Cibele decidiram sair por um tempo, deixando-me sozinha com Mauricio. Seus olhos gentis me encontraram, e um sorriso suave se formou em seus lábios."Como você está se sentindo, amor?"Eu o observei por um momento, minha mente lutando entre a timidez e a necessidade de entender. "Mauricio, eu... Você sabe?"Ele pareceu entender minha pergunta, seus olhos transmitindo compreensão. "Sim, amor. Eu sei sobre a gravidez."Minhas mãos se enlaçaram nervosamente, minha hesitação sendo vencida pela curiosidade. "Como... Como você se sente sobre isso?"Um brilho quente e sincero surgiu em seus olhos. "Eu estou feliz, Ohana. Feliz por você, feliz por nós. Eu sei que as circunstâncias são complexas, mas isso não muda o fato de que um novo ser está se formando dentro de você, e isso é incrível."Um sorriso tímido se formou nos meus lábios. Suas palavras tocaram meu coração de maneira profunda. "Eu estava com medo de
O quarto do hospital estava mergulhado na penumbra, a luz suave das estrelas se infiltrando pelas cortinas. Enquanto a noite avançava, eu me encontrava em um estado de calma e reflexão. O som suave dos monitores ecoava no quarto, uma melodia tranquila que parecia estar em harmonia com os meus pensamentos.A médica entrou no quarto, seu rosto iluminado pelo brilho fraco das luzes do corredor. Seus passos eram leves e cuidadosos, como se quisesse preservar a tranquilidade que o quarto parecia emanar."Como você está se sentindo, Ohana?" sua voz era gentil e reconfortante.Olhei para ela e dei um pequeno sorriso. "Um pouco cansada, mas estou bem."Ela assentiu, pegando a prancheta e se sentando à beira da cama. "Você ficou em coma por dois meses, Ohana. Foi um período delicado, mas você conseguiu superar as probabilidades e acordar."Enquanto ela explicava tudo o que tinha acontecido, meu coração começou a se encher de gratidão. Ela falou sobre minha gravidez, como eles só perceberam qua
Após quinze dias no hospital, finalmente recebi alta. A sensação de poder sair daquele ambiente estéril e voltar para o conforto do meu próprio espaço era revitalizante. Meus amigos vieram me buscar, todos com sorrisos calorosos e abraços apertados. Cibele estava com um enorme buquê de flores coloridas, Rômulo trouxe uma caixa de chocolates e Ezra estava com uma expressão de alívio e alegria."Finalmente, Ohana, você está de volta!", exclamou Cibele enquanto me abraçava."Estávamos todos preocupados", disse Rômulo, balançando a cabeça em concordância.Olhei para todos eles, meu coração cheio de gratidão. "Obrigada por estarem sempre ao meu lado."Mas a minha animação em ir para casa foi um pouco interrompida quando Maurício apareceu. Ele estava com aquele sorriso maroto que me deixava desconcertada."Espero que tenha arrumado espaço na sua casa, porque você vai passar um tempo na minha."Franzi a testa, confusa. "O quê? Maurício, eu estou ansiosa para voltar para minha casa."Ele riu,
O sol da manhã brilhava através das janelas da organização, enquanto eu caminhava determinada pelos corredores familiares. Era o dia seguinte após minha conversa com Maurício e Ezra, e minha determinação em voltar a participar de missões estava mais forte do que nunca. Eu sabia que as preocupações deles eram legítimas, mas também entendia que a adrenalina e a ação faziam parte da minha essência.Assim que cheguei à sala de reuniões, onde os membros da organização se reuniam para discutir as próximas missões e estratégias, Ezra me lançou um olhar preocupado. Ele sabia que eu estava lá para reafirmar minha decisão, e o olhar de reprovação que ele me deu foi um claro indicativo disso."Olá a todos", disse eu, atraindo a atenção de todos na sala. "Eu sei que acabei de retornar de um período complicado, mas quero deixar claro que estou pronta para voltar a fazer missões."Ezra suspirou, claramente irritado com minha teimosia. "Ohana, tenho a responsabilidade de garantir a segurança de todo