Capítulo 02

༺ Louren Smith༻

Continuei encarando o homem sem reação alguma e, claro, rapidamente me recomponho, enquanto ele me lança um sorriso malicioso! Ao perceber que não respondo qualquer tipo de coisa, ele se pronuncia.

— Nossa, por que você ficou calada de repente? Não quero te assustar, mas achei você uma moça muito bonita! Tem namorado?

— Desculpe, senhor. Não quis parecer mal-educada agora há pouco! Apenas estou tentando me adaptar ao emprego, pois sou nova aqui. — mesmo sendo um homem mais velho, não podia negar que ele era muito bonito, mas não estou aqui para me envolver com clientes ricos. Não sou mulher disso.

— Entendo, Louren, né? É esse o seu nome que está no seu crachá? Eu queria conversar com você depois do seu expediente se fosse possível! Isso, se você não tiver namorado.

— Veja bem, se for a respeito de outra bebida, pode mandar me chamar que levarei até sua mesa. Mas não estou interessada em outro assunto além disso. Com licença! — me virei para sair e rapidamente desci as escadas. O ruim desse emprego eram essas propostas indecentes por parte dos clientes.

Quando estou perto da porta para retornar ao balcão de bebidas, sinto alguém me segurar pelo braço. Ao virar minha cabeça, notei ser o homem que estava conversando há poucos segundos no andar de cima. Ele se pronuncia, me observando sorridente.

— Espera, garota! Por que está fugindo de mim como o diabo foge da cruz? Tome uma bebida comigo, que mal há? Geralmente, as mulheres daqui não me rejeitam assim de primeira. Costumo pagar bem pelos seus serviços…

— Escute bem o que vou lhe dizer: trabalho aqui, mas não sou obrigada a esse tipo de serviço. Você pode pegar o seu dinheiro e enfiar no seu rabo. Agora me dê licença, que tenho muito serviço ainda para fazer! — ele me olha perplexo pela minha ousadia de falar assim com ele de maneira grosseira.

Não faço ideia de quem ele seja. No entanto, não deixarei um cara como ele falar algo assim para mim, me tratar como uma vagabunda. Só porque tem dinheiro, que vá se foder.

Decido pedir uma pausa de alguns minutos enquanto as meninas continuam atendendo as mesas do lado de fora. Ainda estou pensativa sobre aquele homem, era muito sem-vergonha em fazer uma proposta dessas. Mesmo que ele fosse muito bonito, não passava de um safado. Respiro fundo e decido entrar novamente para atender a outra ala vip, eu não iria ficar me encontrando com aquele homem de novo.

Eram três da manhã quando deixei a boate. Estava tão quebrada e exausta que soltei um bocejo enquanto esperava meu amigo vir me buscar. Eu havia assinado um contrato para que ele me levasse até em casa todas as noites e pagaria uma certa quantia no mês pelos seus serviços. Decido dar uma olhada nas minhas redes sociais. As gorjetas que ganhei me ajudaram bastante, tanto que consegui colocar crédito no meu celular. Tomo um susto quando um carro preto muito luxuoso para bem na minha frente.

Afastei-me um pouco para trás, receosa. Ainda bem que não estava sozinha, pois o segurança que cumpria a vigilância até mais tarde se encontrava na porta. Então, o vidro do carro abaixou e fiquei surpresa ao ver aquele mesmo homem novamente. Ele se pronuncia me olhando com malícia.

— Você não quer uma carona? Posso te deixar em casa!

— Não, obrigada! Minha mãe sempre me ensinou a não aceitar carona de estranhos e não o conheço, muito menos vou entrar no seu carro. — ele apenas me olha seriamente coçando sua barba. Talvez não estivesse acostumado a ser tão insistente assim.

— Você é escorregadia feito sabão, hein, Louren? Geralmente são as mulheres que correm atrás de mim, não eu que preciso fazer isso.

— Acredito que para tudo tem uma primeira vez, senhor! Me respeite, já falei que não estou afim e muito menos planejo aceitar qualquer tipo de proposta indecente da sua parte! — era só o que me faltava, esse homem cismar comigo.

Estou contando os minutos para que meu amigo chegue logo. Ele então respondeu novamente, me observando de cima a baixo. Percebi que não pretendia desistir de mim tão fácil. Meu Deus, eu mereço.

— Me diga o seu preço? Eu realmente gostei de você, Louren. Tenho certeza de que posso te dar uma noite bastante prazerosa e uma das melhores da sua vida!

Realmente, a cara de pau desse homem era incrível. Apenas soltei uma gargalhada, pois se eu contasse isso à minha amiga Marli, ela também diria que sou louca de dispensar um homem tão bonito como ele. O mesmo me observa sério, não gostando da minha risada. Então, respondi, me recompondo.

— Para um homem que diz que tem a mulher que quer pelo seu dinheiro, você está apelando bastante, hein? Olha, me desculpe, como disse anteriormente, não estou afim, e eu também preciso ir para casa. Tenho uma mãe doente que me espera, meu amigo acabou de chegar para me levar embora. Adeus…

— Nós ainda vamos nos encontrar de novo, senhorita Louren. Eu nunca desisto do que quero, e você chamou a minha atenção.

Ele apenas me jogou uma piscadela e levantou o vidro do seu veículo, seguindo viagem. Era só o que me faltava, ainda ter que passar por uma situação como essa. Só espero não voltar a ver esse cliente de novo. Eu não gostei da maneira que ele se comportou comigo.

Assim que cheguei em casa, já fui tirando meus sapatos. Estava tão cansada. Ao acender a luz, notei que minha mãe estava no sofá, sentada. Ela realmente não consegue dormir enquanto eu não chego.

— Mãe, o que a senhora faz acordada a uma hora dessas? Sabe que precisa descansar para melhorar!

— Ah, filha, eu não consigo descansar enquanto você não chega. Já basta o seu irmão assumir a semana toda. Tenho medo de que algo aconteça com você também, Louren! — ela começa a tossir. Então, me aproximo dela, fazendo com que se sente novamente no sofá, e disse.

— Fique aqui, vou buscar um copo de água e, claro, seu remédio. Falta uma hora para você tomar, mas julgo que não faz mal adiantá-lo.

Vou até a cozinha pegar um copo d'água e procuro um dos seus remédios em cima da geladeira. Minha mãe tem passado por tanta coisa, quando melhora de algo, piora de outra. Conto com a sorte para manter a vida dela saudável. O vagabundo do meu irmão até essa data não apareceu. Aposto que já deve estar em um desses jogos clandestinos. Ultimamente, ele tem se metido nesse tipo de vício e tenho medo do que possa acontecer com ele.

Após dar o remédio da minha mãe, caminho com ela para dentro do quarto. Então vou para o meu. Estou trocando de roupa quando percebo uma movimentação estranha na portaria do prédio. Como tenho um binóculo velho, pego para ver do que se trata. Vejo que é o meu irmão que está apanhando de alguns homens. Rapidamente, passo a mão no meu canivete e corro descendo as escadas. Assim que chego mais perto, grito desesperadamente para que eles o soltem.

— Parem com isso! Larguem o meu irmão agora. Socorro… socorro… alguém me ajuda?

Os caras me observam completamente sérios, enquanto me aproximo do meu irmão tentando protegê-lo. E um dos caras comenta, ameaçando Luan.

— Eu deveria quebrar mais a sua cara, mas a sua sorte foi que a sua irmã chegou! Tornarei a te avisar: é bom que você dê um jeito no nosso dinheiro, ou você pagará com a sua vida…

Eles se afastam, entram em seu carro e saem cantando pneu. Rapidamente, Luan se levanta, me olhando com o rosto todo machucado, e disse furioso:

— Você ficou louca? Como desceu aqui para enfrentar esses caras? Quer morrer também?

— Quero entender. O que está acontecendo, Luan? Por que aqueles caras estão te cobrando dinheiro? Não me diga que você andou apostando de novo. Eu já falei para você largar esse vício maldito que não te traz benefício nenhum! — ele retira o seu casaco, limpando a boca, e responde.

— Cuide da sua vida, Louren! Darei um jeito no dinheiro. Só não sei como, mas conseguirei!

— E quanto é que você deve para esses caras? Para ter apanhado dessa maneira, deve ser muito, não? — ele desviou os olhos e respondeu sem esconder a verdade.

— Estou devendo praticamente R$ 50.000 reais, e se eu não pagar, eles vão me matar!

— Meu Deus, cara, você realmente é louco! Como você faz uma conta dessas, Luan? Sabe que se tivéssemos esse dinheiro, eu estava pagando o tratamento da nossa mãe. Você é mesmo um idiota que só serve para dar trabalho, seu irresponsável...

Estou furiosa, e avanço nele, batendo-o. Ele tenta segurar a minha mão, mas eu sei que ele já apanhou o suficiente. Porém, não me conformo com o fato de ele ter feito uma dívida tão grande quando estamos passando por uma situação difícil com a saúde da nossa mãe. Luan então diz, com uma expressão de dor:

— Para... Louren, já estou com dor suficiente! Você ainda fica me batendo, por favor? Eu já sei que estou na merda.

Ele se afasta e começa a andar. Devido à surra que pegou, está mancando. Luan, como sempre, me dando trabalho. Já não basta tudo o que tenho que passar com a nossa mãe? Agora ele me aparece com mais essa. Respirei fundo e comecei a andar ao lado dele, pensativa:

“Meu Deus! Como pagarei uma dívida tão grande dessas? Meu nome está sujo no SPC! Agora esse menino ainda inventa mais uma conta como essa. Eu realmente mereço.”

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