Não é possível isso.Só pode ser brincadeira!Roupas, acessórios, sapatos, está tudo jogado no closet, até mesmo no chão.— Ele fez isso. Sei que fez.Não precisei de dois minutos para perceber que o homem gosta de limpeza e organização, e me deparo com isso. Foi feito de propósito.— Que infantil!Ele está querendo dificultar a minha vida. Só não sei porque, afinal o que ganha com isso?Bufando de ódio, organizo as coisas o máximo que consigo sem saber onde estavam antes. Fica bom. Também arrumava o meu. Isso eu sei fazer.Quando desço tem um segurança saindo da casa.— Espere — chamo e ele para. — Preciso sair, mas não tenho intimidade com o cachorro. Pode prendê-lo ou me escoltar até o portão?— Sinto muito, senhora, mas só pode sair com a permissão do senhor Adam.— Mas ele permitiu.— Ele não nos avisou e no momento está incomunicável.— Obrigada! — sorrio forçado para o homem e vou em direção ao meu “quarto”. — Caralho! — resmungo baixo. Se esse homem estiver me fazendo de besta
Eu devia agradecer e sair do seu colo, mas fico muda, não falo nem me movo. Primeiro hipnotizada por seus olhos intensos naquela cor perfeita, logo depois por suas marcas. Ele permanece imóvel, me segurando, seu coração bate acelerado contra o meu corpo, como se tivesse corrido muito ou estivesse assustado ou com dor. Ficamos assim por um tempo que não sei mensurar, até que... levo meus dedos e toco uma das cicatrizes, ele se contrai e me coloca no chão tão bruscamente que quase caio.— Não sabe fazer nada direito mesmo — resmunga com uma careta. — Se tivesse caído teria batido a cabeça e eu é que limparia sangue na minha biblioteca e teria que me livrar o corpo.Livrar do corpo? Me assusto com a naturalidade em suas palavras.Abro a boca para questionar, mas ele se adianta.— Não vai sair dessa casa enquanto não deixar de ser um perigo ambulante.É demais para mim, toda a raiva se converte em lágrimas que não consigo segurar. Choro na frente dele silenciosamente, como uma criança que
Adam SevenMesmo sem querer deixar Bela sozinha, talvez colocando fogo na casa ao usar gasolina em algum ingrediente das suas experiências bizarras na cozinha e na limpeza, tive que fazer. Alguns idiotas estão roubando da nossa plantação, e isso pode ser uma porta para chamar a atenção da polícia. Não é porque temos pessoas importantes em nossas mãos que podemos vacilar, e a plantação é parte da minha responsabilidade, sou eu que lido com qualquer problema ali.No primeiro dia, peguei o helicóptero e fiquei até bem tarde. Sem sinal dos invasores. Quando voltei para casa Bela estava encolhida no sofá, dormindo. Os cabelos espalhados, a respiração cadenciada. Não posso negar que é linda. Seria hipocrisia. Mas é estranho a forma como ela me faz sentir, às vezes pareço uma criança querendo chamar a atenção com pedradas. Não que eu seja o cara mais gentil do mundo, mas... Ah, sei lá, só sei que isso me irrita.Vou para o quarto, mas nem durmo quatro horas e preciso voltar para a plantação
Quatro homens mortos, nenhum dos meus. Se tiver algum cumplice vai saber que estamos de olho e pelo menos dar um tempo para mudar de estratégia.Ficar aqui dias me deixa puto, mas o que me deixa puto é ter levado uma facada de raspão porque a porcaria da aliança caiu e me deixou distraído. Eu poderia ter mandado fazer outra, com o mesmo acessório extra que essa, mas não, parece que o objeto valia mais que minha maldita vida. Por sorte desviei a tempo de não ser um corte mais profundo. Só precisei de curativo.Ai eu chego em casa e lá está Bela dormindo no sofá novamente.Faço um comentário maldoso quando acorda, confesso que ainda irritado por ter levado uma facada por um casamento de fachada. Qual não é a minha surpresa quando a baixinha sobe na mesa e me enfrenta ao ponto de me chamar de mentiroso aos gritos e dizer que me odeia. É muita ousadia.Eu acho até fofo.Em resposta ao seu ataque, apenas digo que não sinto nada por ela e mando descer da mesa só com um gesto. A porcaria d
Bela DuboisNem mesmo sei quanto tempo fico parada no portão. É uma borboleta amarela que me faz reagir e andar. Me lembra o símbolo da liberdade que tanto busquei. É a minha chance. Não posso perder tempo parada aqui.Como não faço ideia de onde estou, tento ver alguma coisa no celular. Ainda bem que aquele ogro colocou internet. Consigo navegar tranquilamente no mapa. E tem uma praia menos de quarenta minutos andando de onde estou. É tudo que preciso.Um rapaz moreno passa por mim quase esbarrando. Pede desculpas ainda sem parar de andar rápido. As pessoas todas parecem apressadas para alguma coisa. Quando mais me afasto da imensa casa de Adam, mais elas parecem apressadas.Fico com inveja delas e decido me apressar também. Pego o celular no bolso da calça para dar uma olhada na localização e acelerar os passos.Não consigo nem abrir o mapa, ele é arrancado violentamente da minha mão. Só vejo dois caras com roupas claras em uma bicicleta em alta velocidade. Ainda tenho tempo de ver
Adam SevenComo eu disse, menos de vinte minutos.Discretamente a sigo, enquanto Bela corre atrás de moleques em uma bike, os mesmo que roubaram seu celular. Ela os perde rápido, mas eu não. Alcanço com facilidade, e uns três quarteirões depois, emparelho a moto com a bicicleta e derrubo os moleques. As pessoas olham, mas não se atrevem a se envolverem.— O celular. — Estendo a mão. — Rápido. Não tenho a vida toda.Eles se levantam com dificuldade. A bicicleta está toda torta.— Que celular, tio? — o mais alto se atreve a me encarar, enquanto o outro só olha, desconfiado.Bufo, impaciente. Não quero perder Bela de vista, mesmo que esteja com o rastreador. Se ela perdeu o celular tão rápido, tenho minhas dúvidas dos desastres que pode se envolver.Tiro o capacete e eles quase caem ao dar passos para trás.— Se...Se...ven — gagueja.Não que eu saia muito expondo minhas cicatrizes, mas são poucas as pessoas que não sabem quem sou nesse meio. Convenhamos minhas cicatrizes são marca regist
Bela DuboisEstou indignada. Cheguei na casa sem problemas e o segurança me deixou entrar. Agora esse imbecil tamanho família vem me dizer que tenho que me prostituir para pagar aquela merda de anel. Sei que é culpa minha por ter perdido, mas estou com dor e com raiva por ele me oferecer ligar para Cinderela justo no momento em que não tenho mais o celular.Ao contrário de responder a minha pergunta, ele cruza os braços e analisa o meu corpo descaradamente. Chego a me sentir nua.— É a melhor forma de pagamento, você também se divertiria — diz cínico.Pois se ele está achando que vai me levar na lábia, ainda bem que está sentado, pois se cansaria de esperar. A dor despertou alguma coisa dentro de mim, algo que me faz querer provocar na mesma moeda.Sento na mesa de centro e o encaro com minha cara mais cínica, que a dor chata permite.— Então, você não liga que eu use meu corpo para pagar um objeto? Tá bom.Ele me olha surpreso.— Oi?Ai está a expressão que eu queria.Levanto e começ
Adam SevenA maluca da Bela me confundiu tanto que nem lembrei de dizer que estava com seu celular. Eu não tive a intenção de dizer para pagar pelo anel com seu corpo... Ou tive? Na hora a ideia não me pareceu nada ruim, sem contar que somos casados. Mas não é uma boa ideia. Não quero uma menina apaixonada grudada em mim, se o pai dela já é louco, imagino a filha.Me seduzir? Maluquinha mesmo. Sem chance de uma maluquinha que mal completou vinte anos me seduzir, um cara com trinta anos nas costas.Prefiro mulheres mais maduras, que sabem aceitar algo casual, não uma menina com a vida toda para se descobrir.O que não me impede de me divertir vendo-a tentar.O que será que ela aprendeu nos livros?Espero que não tenha lido nada da minha mãe, ou sua sedução pode ser andar pelada pela casa, e isso é meio que golpe baixo com aquele corpo.Sigo para o meu laboratório. É o melhor lugar para limpar minha cabeça de uma certa baixinha desastrada.A noite passa agitada, mesclada a pesadelos em