Bela DuboisNem mesmo sei quanto tempo fico parada no portão. É uma borboleta amarela que me faz reagir e andar. Me lembra o símbolo da liberdade que tanto busquei. É a minha chance. Não posso perder tempo parada aqui.Como não faço ideia de onde estou, tento ver alguma coisa no celular. Ainda bem que aquele ogro colocou internet. Consigo navegar tranquilamente no mapa. E tem uma praia menos de quarenta minutos andando de onde estou. É tudo que preciso.Um rapaz moreno passa por mim quase esbarrando. Pede desculpas ainda sem parar de andar rápido. As pessoas todas parecem apressadas para alguma coisa. Quando mais me afasto da imensa casa de Adam, mais elas parecem apressadas.Fico com inveja delas e decido me apressar também. Pego o celular no bolso da calça para dar uma olhada na localização e acelerar os passos.Não consigo nem abrir o mapa, ele é arrancado violentamente da minha mão. Só vejo dois caras com roupas claras em uma bicicleta em alta velocidade. Ainda tenho tempo de ver
Adam SevenComo eu disse, menos de vinte minutos.Discretamente a sigo, enquanto Bela corre atrás de moleques em uma bike, os mesmo que roubaram seu celular. Ela os perde rápido, mas eu não. Alcanço com facilidade, e uns três quarteirões depois, emparelho a moto com a bicicleta e derrubo os moleques. As pessoas olham, mas não se atrevem a se envolverem.— O celular. — Estendo a mão. — Rápido. Não tenho a vida toda.Eles se levantam com dificuldade. A bicicleta está toda torta.— Que celular, tio? — o mais alto se atreve a me encarar, enquanto o outro só olha, desconfiado.Bufo, impaciente. Não quero perder Bela de vista, mesmo que esteja com o rastreador. Se ela perdeu o celular tão rápido, tenho minhas dúvidas dos desastres que pode se envolver.Tiro o capacete e eles quase caem ao dar passos para trás.— Se...Se...ven — gagueja.Não que eu saia muito expondo minhas cicatrizes, mas são poucas as pessoas que não sabem quem sou nesse meio. Convenhamos minhas cicatrizes são marca regist
Bela DuboisEstou indignada. Cheguei na casa sem problemas e o segurança me deixou entrar. Agora esse imbecil tamanho família vem me dizer que tenho que me prostituir para pagar aquela merda de anel. Sei que é culpa minha por ter perdido, mas estou com dor e com raiva por ele me oferecer ligar para Cinderela justo no momento em que não tenho mais o celular.Ao contrário de responder a minha pergunta, ele cruza os braços e analisa o meu corpo descaradamente. Chego a me sentir nua.— É a melhor forma de pagamento, você também se divertiria — diz cínico.Pois se ele está achando que vai me levar na lábia, ainda bem que está sentado, pois se cansaria de esperar. A dor despertou alguma coisa dentro de mim, algo que me faz querer provocar na mesma moeda.Sento na mesa de centro e o encaro com minha cara mais cínica, que a dor chata permite.— Então, você não liga que eu use meu corpo para pagar um objeto? Tá bom.Ele me olha surpreso.— Oi?Ai está a expressão que eu queria.Levanto e começ
Adam SevenA maluca da Bela me confundiu tanto que nem lembrei de dizer que estava com seu celular. Eu não tive a intenção de dizer para pagar pelo anel com seu corpo... Ou tive? Na hora a ideia não me pareceu nada ruim, sem contar que somos casados. Mas não é uma boa ideia. Não quero uma menina apaixonada grudada em mim, se o pai dela já é louco, imagino a filha.Me seduzir? Maluquinha mesmo. Sem chance de uma maluquinha que mal completou vinte anos me seduzir, um cara com trinta anos nas costas.Prefiro mulheres mais maduras, que sabem aceitar algo casual, não uma menina com a vida toda para se descobrir.O que não me impede de me divertir vendo-a tentar.O que será que ela aprendeu nos livros?Espero que não tenha lido nada da minha mãe, ou sua sedução pode ser andar pelada pela casa, e isso é meio que golpe baixo com aquele corpo.Sigo para o meu laboratório. É o melhor lugar para limpar minha cabeça de uma certa baixinha desastrada.A noite passa agitada, mesclada a pesadelos em
Bela DuboisAlguns dias se passaram.A convivência com Adam melhorou de água para o vinho depois da discussão na cozinha. Meu pé finalmente está ótimo. A pessoa que ele falou que consertaria a lâmpada nunca veio e ela continua com problema para ligar durante o dia e desligar a noite. E eu é que não vou cobrar que agilize. Minhas noites são bem mais tranquilas assim.Outra novidade é que eu vou sair novamente, dessa vez serei mais atenta. Além disso, ele me convenceu a levar um segurança. O cara vai seguir mais afastado para que eu tenha privacidade. Gaston. Não gosto muito da cara dele, mas não vou fazer caso ou posso irritar a fera e ele não permitir mais.Dessa vez, com o cartão do Adam, pego um táxi na porta da casa e já desço no calçadão da praia.Amo esse cenário.Com um livro debaixo do braço, estendo a canga que estava na minha mala e nunca tive a chance de usar. O guarda-sol totalmente necessário, pego em uma barraquinha, assim como a deliciosa água de coco.Mal posso acredita
Bela DuboisEntro na casa chateada com a ordem de Adam e a atitude do segurança.Tomo um banho rápido e vou para a cozinha.Entro na cozinha e abro armários e geladeira. Tem um monte de coisa, menos sinal de internet para eu procurar uma receita e seguir. O tablet era minha salvação.Por sorte encontro um livro de receitas em uma gaveta.Passo as páginas à procura de algo fácil.Vamos lá. Macarronada com queijo. Eu gosto e parece simples.Primeiro passo é ver se tem todos os ingredientes... Opa, não. Primeiro passo é colocar uma música. Música é necessário para tudo. Vamos de Bruno Mars. Coloco no celular, ainda bem que toca offline porque a internet aqui já era. Agora sim, conferir se tem tudo.Tem sim.— Então vamos ao primeiro passo da receita: derreta a manteiga em uma panela, ao fogo médio. — Vou recitando em voz alta tudo que faço. — Fogo médio.Depois de um estudo de cinco minutos rodando o negócio do fogão, que não sei como chama, acho que enfim achei o médio. Pelo menos acho
Adam SevenDebaixo do chuveiro, fico pensando em minha conversa com um amigo com o qual tenho um acordo. Ele me faz uma vez ao mês ir até Nova Yorque avaliar a produção de drogas deles. Foi a esse amigo que pedi que cuidasse dos policiais. Não vou matá-los, apenas quero que façam um passeio para fora e voltem ao Brasil sem pau. Meu amigo tem um hospital, onde pode fazer isso facilmente. Seu hospital é diferenciado.Geralmente não me meto em assuntos que não são meus, mas parece que isso mudou com a chegada de uma certa baixinha.Bela. Fico duro só de lembrar o quanto estive perto de beijar aqueles lábios ferinos. Mas não o fiz, ela é apenas uma criança curiosa e birrenta. Não posso deixar que chegue ameaçando meus empregados de demissão. Sinceramente, não esperava isso dela.Depois que saio do banho enrolado em uma toalha, vejo a aliança na mesa de cabeceira.Coloco apenas um moletom e desço, depois de colocar ela no bolso.Encontro Bela cantarolando e arrumando a mesa com uma comida
Bela DuboisDesde que Adam falou que mandou cortar os paus daqueles policiais que fico meio com um pé atrás de contar as coisas para ele. Tenho medo que faça algo parecido ou pior com alguém, mesmo ele tendo dito que aqueles homens eram criminosos e eu não sentindo nenhuma pena deles.Por isso, e só por isso, que não disse nada sobre o assédio do Gaston. Primeiro quero ter uma conversa séria com aquele cara. Vou deixar bem claro que não quero nada com ele. Vai que o idiota viu sinal onde não existia ou acha que sou uma mulher carente, afinal todos aqui sabem que meu casamento com Adam é só no papel.Adam...Segunda vez que quase rola um beijo.Se não fosse a chegada de Raoul eu nem sei o que aconteceria.A comida está pronta, mas volto a mexer na panela como se ainda precisasse fazer algo.Ouço Adam bufar e se aproximar do irmão, que já está escorado na bancada.— Hummm! Que cheiro gostoso. Cheguei na hora certa para experimentar a culinária da minha cunhada.— Não tem nada pra você a