No dia seguinte, eu acordei com um par de olhos castanhos claros, quase verdes, me olhando curiosos. Eu pulei da cama, caí sentada no chão e ela se assustou. — Quem é você?— a pergunta foi automática. Eu olhei para a menina que mais parecia uma boneca com tranças douradas e um vestido rosa de saia rodada. — Você é a babá?— ela indagou se aproximando curiosa. Eu senti um medo terrível. Será que eu daria conta de cuidar daquela princesinha? Ela era tão pequena, como um cristal delicado que parecia se quebrar facilmente. — Meu nome é Cristal!— a menina falou, me olhando como se eu fosse um bichinho estranho. Eu suspirei e tentei descobrir a sua idade. A menina era toda mocinha e devia ter seus cinco ou seis anos. — Você quer brincar?— ela quis saber. Eu sorri achando graça. — Se eu quero brincar?— Eu não acreditei. Me levantei sorrindo, ajeitando a enorme camisola que Giorgia me emprestou. Neste momento, a porta se abriu bruscamente e uma voz grave ecoou.
Alex saiu para trabalhar e eu me ajeitei na cozinha. Estava faminta. — Não Bella, isso não é serviço seu!— era Giorgia que me repreendia. De repente, Cristal ficou paralisada e os seus olhinhos lacrimejaram. Giorgia cobriu a boca com as mãos. — Meu Deus, onde achou essa roupa?— ela quis saber. Eu olhei para o vestido confortável, estampado em amarelo e branco e sorri. — Ah, eu achei no armário, lá no quarto em que eu… Giorgia me interrompeu e pôs-se a me arrastar para fora da cozinha. — Deixe ela assim, Gi! Giorgia paralisou ao ouvir o tom autoritário da menina. Eu sorri inocente, mas Giorgia estava aflita. — O seu pai não vai aprovar essa ideia! — Ela está linda! Parece a minha mãe!— Cristal disse, se aproximando e segurando a minha mão. Eu me deixei levar de volta à mesa de serviço, onde antes comia um lanche. Cristal debruçou-se na mesa, me olhando com admiração. — Você caiu do céu?— ela indagou tão séria que eu fiquei paralisada, segurando o me
Eu não era tão inocente assim como Alex pensava, eu só era virgem. Muito virgem, nunca tinha antes beijado na boca. Minha mãe era muito rígida e me maltratava muito. Às vezes eu a compreendia. O meu pai a abandonou grávida e a mãe dela a obrigou a se prostituir. Eu ficava com a minha avó e via ela chegar todos os dias bêbada. Eu sabia que ela não dormiu em casa. Depois que a minha avó faleceu, minha mãe arrumou um marido rapidamente. Um homem rico que nos levou para morar numa mansão, logo que voltamos do enterro. Ele batia nela e a chamava de vadia. Eu era pequena e demorei para enteder que o meu patrasto havia tirado ela da prostituição. Eu chorava muito sem poder defendê-la. Depois eu fui crescendo e toda a raiva que ela sentia dele, descontava em mim. Eu ouvia sempre o mesmo sermão: — Tudo é culpa sua, garota! Se eu não tivesse você, eu cabia em qualquer lugar. Eu comecei a ser agredida logo que entrei na adolescência. Ela dizia que eu me insinuava para o marido dela.
Mais um dia se passou e eu avancei no terreno do inimigo. Era assim que eu me sentia, numa guerra. Eu me recolhi novamente antes do juiz chegar. Primeiro porque eu usava as roupas da falecida e para que ele não se incomodasse com a minha presença e me mandasse embora. — Ela ainda está aí?— Alex indagou, enquanto se servia durante o jantar. — Sim senhor!— Giorgia respondeu com as mãos para trás e o semblante fechado. — Não me importa se não gosta da minha decisão!— Alex disse seco. Giorgia não estendeu o assunto e se calou. Alex saiu da mesa e foi direto para o bar que ficava num canto da sala de estar. Giorgia o acompanhou com o olhar e o reprovou meneando a cabeça. Depois de algumas doses de whisky, Alex olhou para o alto da escada, onde ficava o seu quarto, e suspirou impaciente . — Preciso vê-la, tocá-la! Ele seguiu pelo corredor na direção do meu quarto e parou indeciso. Eu estava olhando para a porta como se o esperasse. Estava usando outra camisola. Agora
Depois que Alex se foi eu desatei a chorar. Giorgia foi me consolar. — Não chore, Bella! Eu sei que se apaixonou pelo patrão, mas olhe querida, sem saber, você lhe fez um grande bem. Eu segurei o choro surpresa. — Eu? — Sim, você! Agora ele se sente vivo novamente. Ele consegue olhar para alguma mulher! Eu quase dei uma má resposta para Giorgia, mas me controlei. Que vantagem eu levava em despertar o desejo do juiz se não era comigo que ele se deitava? İnocente, Giorgia não parava mais de falar, para o meu desespero: — Você viu, que moça linda ele trouxe para casa? Ela é advogada e trabalha com ele! Isso não é maravilhoso? Meu Deus, que vontade de gritar! Eu quero ele para mim, Giorgia! Droga! Eu nunca diria isso naquele momento! Giorgia estava sentada à beira da minha cama e disse preocupada: — Eu só espero que ele não volte a ser como antes! — Antes da falecida? — É, antes dela. Depois que a conheceu, tudo mudou! Mesmo depois q
Eu subi desesperada para sair logo da presença de Alex e ele ficou falando sozinho: — Nossa! Ela sabe contar história! İsso é surpreendente! Eu abri o livro e comecei a folhear. — O que quer que eu leia para você? Cristal bocejou e respondeu se ajeitando na cama. — Qualquer coisa me serve, estou com sono mesmo! Eu ri lhe fazendo carinho nos cabelos tão loiros e macios!. — Você jantou cedo. Não quer que lhe traga um copo de leite? A pequena Cristal segurou minha mão e disse carinhosa: — Eu só quero dormir segurando a sua mão! Eu fiquei penalizada. Cristal era tão carente! — Está bem! Chega mais pra lá que eu vou me deitar com você, só espero não acabar dormindo aqui! A menina sorriu com os olhinhos pesados de sono e se afastou para me dar lugar na cama. E não é que acabei adormecendo! Já era de madrugada quando desci as escadas e para a minha surpresa, Alex estava no bar. Eu me aproximei e vi que estava muito embriaga
Quando Alex chegou com uma sacola, eu já estava ansiosa. Eu estava torcendo para que ele não tivesse comprado um uniforme que agradasse a Giorgia, porque com certeza eu ficaria ridícula! Ele esticou a mão na minha direção e disse: — Bella, aqui está o seu uniforme! Eu avancei e peguei a sacola rapidamente. Meus olhos brilharam Quando abri a embalagem. Era um vestido branco, curto e jovem. — Nossa! Que lindo! — Você gostou?— tinha um quê de malícia na voz de Alex. Eu lhe sorri e trouxe o tecido para junto do peito dizendo: — Vou vestir amanhã mesmo! — Vista agora!— ele mandou. Eu fiquei surpresa e paralisei. Depois olhei para Cristal que estava saltitante. — É Bella, veste, eu quero ver!— ela disse. Eu saí toda animada e Giorgia ficou amuada. — Eu acho que vai ficar muito curto!— ela disse aborrecida. — É jovem como ela!— Alex disse olhando na direção do corredor onde eu segui. Eu vesti rapidamente, me olhei no espelho e vol
Giorgia gaguejou nervosa: — Senhor, por favor, Cristal, ela precisa de mim! Eu não posso tirar férias agora. Alex saiu de trás do balcão do bar falando em tom grave: — Então pare de se meter na minha vida! Eu sou o seu patrão, não o seu filho! Eu não vou fazer nada que a Bella não queira! Giorgia assentiu com a cabeça e as mãos unidas à frente do corpo. — Pode se retirar e dizer para Bella que quero falar com ela, depois que jantar. Eu vou para o meu quarto! Giorgia ficou parada, acompanhando com o olhar, o patrão subir. Depois correu para a cozinha e foi falar comigo. — Querida preste bem atenção!— ela disse sentando-se ao meu lado. Eu me virei curiosa. — Querida, não deixe que ele se aproveite da sua inocência. Eu me remexi na minha cadeira, porque apesar de ser virgem, eu nunca me considerei uma garota ingênua! Eu sabia como se engravidava e também sabia quando um homem caça o corpo de uma mulher. No caso, estava claro que Alex só