Eu olhei o prédio espelhado e vi o nome enorme num painel iluminado “ Bonfim Advogados “. Estacionei meu carro no estacionamento ao lado e entrei na recepção. Tudo era de muito bom gosto. Duas recepcionistas estavam atrás de um balcão de mármore escuro. — Boa tarde! Eu vim para uma entrevista com o doutor Maximiliano — eu disse apresentando o meu documento de identidade. As moças se entreolharam e uma delas, a que segurava o meu documento, disse: — Não seria o doutor Eduardo? Ele é quem faz entrevista! — Quem me ligou foi o doutor Maximiliano!— eu insisti. Elas ficaram confusas e uma delas interfonou. — Doutor Eduardo, tem uma moça aqui de nome Isabella Schimidt para uma entrevista. Do outro lado, o rapaz questionou:” Não seria Andradas? A moça me olhou curiosa e fez a mesma pergunta: — Senhora, se chama Isabella Andradas? Eu pensei na minha mãe, na hora! Quantos Andradas devia ter no mundo? Eu tinha apresentado um documento com o nome de solteira. — Sim, Is
Eu segui o todo poderoso, doutor Bonfim! Entramos no elevador e eu senti o olhar discreto dele sobre mim. O ascensorista do elevador, já me tratou com mais simpatia me vendo ao lado do patrão. Ele sorriu e apertou o botão do segundo andar. Eu desci primeiro, então o doutor Maximiliano passou por mim e abriu a porta do seu escritório. A sala era tão maravilhosa quanto a do filho e também tinha uma janela que dava para a rua de frente para o prédio. A persiana estava fechada. Ele a abriu e eu pude ver muitos prédios comerciais ali perto. — Sente-se, senhora Andradas!— ele disse apontando para uma cadeira que ele mesmo afastou para eu sentar. Depois que ele sentou-se atrás da sua mesa, eu fiz questão de expor o que me incomodava. — Senhor, não precisa me chamar de senhora Andradas, esse é o meu antigo nome de casada, por favor, me chame de Bella! O homem ficou atrapalhado. — Ah, claro! Me desculpe, Bella. Acho que assim fica bem melhor! Pode me chamar de Maximiliano ou
Rosana se ajeitou na sua cadeira e virou-se para a tela do seu computador. — Veja, doutora, aqui está a relação dos nossos clientes! Eu apertei os olhos surpresa. Eram muitos, mas muitos mesmo! — Ele é muito bom, não é?— Eu falava do patrão. — Ele é o melhor!— Rosana respondeu virando-se deslumbrada. Eu quase perguntei se ela era apaixonada por ele, mas ainda era cedo para essas intimidades. Rosana tinha por volta de vinte cinco anos, quase a minha idade. — Você não concorda?— ela quis saber. — Claro!— eu respondi examinando o olhar emocionado da moça. Ela voltou a ficar de frente para a tela e virou a página. — São muitos, doutora! Eu ficaria o dia inteiro aqui lhe mostrando. Eu olhei para o total de clientes cadastrados e sorri. — Eu percebi, querida! Está tudo bem, teremos muito tempo. Rosana virou-se animada. — Você começa amanhã?— ela quis saber. — Acho que sim!— eu disse sem jeito, apertando a alça da minha
Eu me afastei rapidamente. O perfume era muito bom! — Senhora! Eu já havia saído da frente dele como um raio e paralisei. — Espere! Eu respirei ofegante. Meu Deus, eu temia que ele decidisse não me contratar mais. Eu me virei devagar, com os olhos azuis assustados. Eduardo sorriu e simplesmente disse: — Até amanhã! Eu também sorri, tirei um peso de cima de mim e dei a volta nos calcanhares, seguindo para fora do prédio. Do lado de fora, tinha um sol maravilhoso, contrastando com o frio do ar condicionado lá de dentro. Eu peguei meu carro no estacionamento e voltei animada para casa. Já entrei em casa comunicando a novidade. — Consegui família! Eu consegui um emprego! As crianças estavam todas reunidas no sofá e correram para me abraçar. Minha mãe me olhava de braços cruzados, encostada na bancada que separava a sala de estar da sala de jantar. Depois de ser cercada de beijos e abraços pelas crianças, eu
Eu sobressaltei. — O quê! Marcello levantou-se ficando bem próximo de mim. — Isso mesmo, Bella! Já esperamos muito! É a nossa chance! Casa comigo, ou eu vou desistir de você para sempre! Eu fiquei em pânico. — Mas Marcello, você é muito importante para mim, para o meu recomeço! — Então, Bella, casa comigo! Eu também preciso de você, eu te esperei a minha vida toda! Eu meneei a cabeça impaciente. Marcello insistiu: — Eu posso te ajudar a acomodar as crianças e não vai mais precisar do seu ex! — Não sabe o que está dizendo!— Eu dei um passo para trás, os olhos lacrimejando. Marcello avançou, me segurando os braços, ofegante. — As coisas são simples, Bella, nós é que complicamos! Aceita a minha proposta, por favor! — Marcello!!— eu supliquei. Ele me beijou, me surpreendo. Eu não tive reação, mas ele se afastou animado. — Seremos uma família feliz, Bella! Nosso amor é verdadeiro! Não vê que temos tudo para dar certo? Eu n
No dia seguinte, acordei agitada. Era meu primeiro dia de trabalho e eu estava muito ansiosa. Depois que as crianças foram para a escola, eu tomei um rápido café com a minha mãe e saí, rumo ao meu tão sonhado trabalho. Quando entrei pela recepção, já percebi a diferença do dia anterior. As recepcionistas me trataram com intimidade. — Bom dia, doutora! O doutor Maximiliano já chegou! Eu franzi a testa e sorri gentilmente. Entrei no elevador e cumprimentei Nelson. — Bom dia, Nelson! — Bom dia, doutora! O doutor Maximiliano já chegou! Eu olhei para o homem surpresa. Num dia, o meu patrão era absolutamente inacessível e no outro, eu nem precisava perguntar pela pessoa dele, e as informações a seu respeito vinham fáceis. Eu não entendi, mas a verdade é que o meu chefe deixou todos avisados para me tratar bem, pois eu era indicado de um amigo dele. Bem, claro que ele não disse isso para Rosana, pois essa me contaria, com certeza, ou não? Eu chegu
O doutor Maximiliano saiu com o filho num encontro com um cliente importante e eu fui almoçar com a minha mais nova amiga. Ela me levou num restaurante, onde os funcionários da empresa costumavam fazer as refeições. — Pai e filho sempre almoçam juntos, geralmente com clientes!— Rosana comentava assuntos em que ela sabia que era ponto de interrogação para mim. — O doutor Maximiliano está divorciado há cinco anos, a ex vem aí às vezes falar com o filho, eles não se dão muito bem! De onde estávamos, dava para ver o prédio onde trabalhávamos. — E o doutor Eduardo, que eu saiba, não tem nem namorada! Porque, você acha que um homem lindo daquele, a mulher não ia vir atrás aqui? Eu achei graça. — Você sabe tudo, amiga! — Estou aqui há três anos e sei tudo! Consegui um estágio e não larguei mais o meu patrão! Eu observei o interesse de Rosana pelo doutor Maximiliano, mas ainda não me sentia com liberdade de tocar nesse assunto com ela. Ao contrár
Eu nem podia imaginar, mas no andar de baixo, as coisas estavam fervendo. Maximiliano entrou na sala do filho, alterado. — O que você quer com a Bella, hein Edu? Eu a contratei, portanto ela vai trabalhar para mim! Eduardo estava tranquilo, sentado atrás da sua mesa e se assustou. — Gostaria de lhe passar algumas experiências. O que há de mal nisso? Maximiliano falava nervoso, apontando o dedo para o filho, enquanto andava na sua direção. — Têm que ela trabalha no meu andar, comigo, entendeu? E se você estiver interessado nela também, pode cortejá-la, mas faça isso fora da minha empresa! Eduardo se espalhou displicente, rindo irônico. — Farei isso, pode deixar! Ao menos posso tratá-la como uma colega de trabalho? Ou vai me proibir disso também? Maximiliano respirou fundo e voltou a falar, ainda alterado: — Ela decide, não foi o que você mesmo disse? Mas aqui, ela é minha funcionária, não vou admitir que dê em cima dela, debaixo dos meus olhos! Eduardo se levant