POV de AlyssonQuando Mary Jane chegou, a tensão no ambiente era palpável. Não quis rodeios nem amenidades; ela precisava ouvir o que eu tinha a dizer.— Mary, precisa contar para o meu pai que ele era pai de Melissa e avô do Cris.Ela cruzou os braços, o rosto fechando numa expressão de firmeza.— Eu sei de tudo o que você passou, minha linda, mas não pode voltar decidindo como vou fazer as coisas. Trata-se da minha vida e do meu segredo, e só eu tenho que decidir qual o melhor momento de seu pai saber.As palavras dela me atingiram como uma bofetada. Não era o momento de me conter.— Não, Mary. Não se trata mais de você ou da sua vida. Toda essa merda, inclusive a morte da Melissa, ocorreu por causa do seu segredo.A respiração dela ficou pesada. Pude ver os olhos dela ficarem úmidos, mas não fraquejaram. Havia muito mais em jogo do que as emoções de cada uma de nós.Contei para Mary e Debby sobre a briga idiota dos meus avós. Como eles usaram esse segredo como arma em uma guerra qu
POV de Bruce Eu estava no apartamento de Mary Jane com Jhon Allister, e não me sentia confortável perto dele. De repente, não sei porque, me sentia como uma adolescente visitando o pai da minha pretendida! E pior, Alysson tinha 22 anos, doze a menos do que eu e parecia uma criança. Ainda era uma menina, sem bagagem, com o histórico de um único namorado, que não foi nada agradável. Como eu, viúvo, mais velho, pai, vou explicar para o meu segurança que estou dormindo com a filhinha dele? Eu sabia que deveria aproveitar esse tempo que nós dois tínhamos, mas não achava jeito de começar o assunto. Mas Jhon logo achou a deixa: — Como vocês pretendem fazer para separar Alysson e Cris, depois que tudo isso terminar? — Separar? Não. Alysson não vai deixar de ser a babá dele…— Por favor, Dilan. Não me trate feito um boçal. Alysson nasceu pra ser grande. Quando ela tiver mais calma, vocês verão…— Você não está bravo por ela não querer falar com você? — Não. Conheço minha filha. Alysson
Narrado por Alysson Os dias passaram de forma arrastada, e eu me joguei no trabalho como uma fuga desesperada da realidade. O Projeto Novo Amanhecer era minha âncora, a única coisa que me mantinha sã em meio ao furacão de segredos e revelações que ameaçava destruir tudo ao meu redor.Alex era a única pessoa com quem eu ainda me permitia interagir. Ele vinha até o apartamento quase todos os dias, trazendo novos relatórios, discutindo estratégias, fazendo de tudo para me manter focada. E eu deixava. Porque, no momento, era mais fácil pensar em números e ações do que encarar minha própria vida desmoronando.Mary Jane também tentava contato, mas eu sabia que ela ainda não havia reunido coragem para contar a verdade ao meu pai. E enquanto ela não fizesse isso, eu também não faria meu teste. Era um jogo de resistência, e eu estava determinada a não ceder primeiro.Mas o problema de fugir da realidade é que ela sempre encontra um jeito de te alcançar.Era fim de tarde quando a campainha toc
POV de DilanEu estou surtando, é sério. Eu pensei que com o passar dos dias, Alysson iria me acolher, deixar eu lamber as feridas dela, mas cada dia ela parece mais distante. Nem parece que moramos no mesmo apartamento! Eu tive duas reuniões pela manhã, estou com a cabeça fervendo. Estou vendo muito dinheiro saindo e nada entrando. Se continuar desse jeito, vou precisar recorrer a empréstimos ou começar a demitir funcionários. Decidi ir até o apartamento de Debby. Ela está trabalhando na surdina para fechar o caso, disse que vai dar um parecer muito em breve e que pretende ficar nos Estados Unidos só mais uma semana. Mas não é com ela que eu quero falar. Estou com saudades de Robert. Aquele menino morou um tempo na minha casa e eu me afeiçoei demais a ele. Ia lá dar um abraço nele e marcar de sair com ele e Cris no final de semana. Soraya vai continuar no apartamento de Debby até que as primeiras unidades reformadas do antigo Complexo B passem pela verificação de segurança da pr
POV de AlyssonAlex é sempre muito profissional. Eu acho que é por ele ser inglês. Eles são sempre secos, muito sérios. E juntando o fato de a mulher dele andar armada e ter uma mira excelente, além de ser muito rápida no gatilho e eu vi isso com meus próprios olhos, ele é sempre muito direto e nunca olha a gente nos olhos Mas hoje ele está estranho, e isso depois de uma ligação de Debby que recebeu e saiu de perto de mim pra atender. Ele nunca faz isso! Quando voltou, estava diferente. Nervoso, me olhando muito. Várias vezes peguei ele me encarando e acho que vi suor escorrendo nele! Meu pai voltou no apartamento, para buscar o Cris. Disse que Mary Jane queria passar um tempo com os dois como avô e neto. Achei super válido e mandei meu bebê de dez meses com meu pai, depois voltei a Alex. Depois de várias vezes perguntar se aconteceu alguma coisa e ele negar, quem estava ficando nervosa era eu. Acho que depois de tudo o que passei, fiquei com a mente meio trágica, imaginando coisa
Narrado por Dilan Eu mandei ligar no apartamento, para ela não desconfiar que eu já estava lá. Eu tinha mandado bordar a máscara a mão, depois que fizemos amor em meu apartamento. Na época, me lembro que estava vivendo um conto de fadas, achando que tudo ia dar certo. Então imaginei um pedido de casamento teatral, uma cerimônia cheia de flores e pétalas de rosas. Eu sei que Alysson não é dessas mocinhas emocionadas, mas também sei que ela precisava de recuperar a magia da vida, que aquele idiota do Sammuel tirou dela. Então imaginei tudo delicado e suave, e a máscara seria meu presente de núpcias pra ela. Eu me lembrava do dia em que ela usou a máscara preta com pimentinhas vermelhas. Foi o dia que eu mais desejei minha branquinha, e no dia que acabei deixando ela toda marcada, do tanto que ela me pedia pra pegar com mais força. E o presente de núpcias deveria ser exatamente como o melhor dos nossos encontros, porque seria com a máscara que eu ia contar pra ela que sempre fui eu..
Narrado por AlyssonEu esperei pacientemente o corpo de Dilan relaxar e sua respiração diminuir. Quando tive certeza Eur ele estava dormindo, escorreguei lentamente para fora da cama. Com pesar, é claro, porque eu estava me sentindo muito bem no peito de Dilan. De ponta de pés, saí do apartamento, com medo de acordar ele. Eu sabia que parecia infantil fugir daquela forma, deixando tudo pra trás, sem uma conversa. Eram cinco horas da manhã e eu sabia que só teria uma lugar pra ir, nesse meu plano de fuga, onde eu ia deixar pra trás o pai do meu filho, o amor da minha vida, uma família incrível e meu sobrinho, que se tornou a pessoa que eu mais amava em minha vida antes mesmo de saber que era filho da minha irmã morta. Mas eu sabia que no complexo eu era rainha, e seria reconhecida. Então, dirigi até a Blue e pedi ajuda para o senhor Hunt. Ele me colocou pra dentro do complexo disfarçada, e, sem fazer perguntas, me deixou na porta da casa que um dia foi minha.A visão da fachada anti
Narrado por Alysson Os três dias que passei naquela casa foram um borrão de nostalgia e solidão. Eu mal saía do quarto dos meus pais. Ficava deitada na cama, encarando o teto, mergulhada nas lembranças que aquele lugar despertava.Senti falta de Cristopher a cada segundo. A casa parecia imensa e vazia sem poder ouvir os gritinhos do meu sobrinho, sem sua risada gostosa, sem suas mãozinhas puxando minhas roupas, exigindo atenção. Ele era o centro da minha vida, e estar longe dele doía mais do que qualquer outra coisa.O apartamento de Dilan está umas dez vezes maior que a casa da minha mãe, mas parecia que Cris ocupava todos os espaços, desde que começou a engatinhar pelo apartamento todo. E Dilan…Eu tentava não pensar nele, mas era impossível. Seu cheiro ainda estava em mim, sua voz ainda ecoava na minha cabeça. Era uma tortura lembrar da forma como me aninhei no peito dele antes de fugir, de como ele me segurou naquela noite, completamente alheio ao fato de que, ao amanhecer, eu n