Eu estava surtando, muito! Estava guardando o segredo da minha irmã, antes mesmo de saber que era minha irmã! Quando eu era pequena, eu sempre pedia uma irmãzinha para minha mãe. Me lembro como se fosse hoje ela dizendo: — Você tem uma irmã, Allysson. Sabe qual é o papel da irmã? Ser amiga, parceira, guardar os segredos, cuidar, amar e proteger. Você tem quem faça isso por você? — Tenho a Soraya. E eu faço isso por ela também! — Então você tem uma irmã, filha. Não precisa de mais…— Você também tem uma irmã, mamãe? Me lembro do olhar perdido da minha mãe todas as vezes. Hoje entendo que ela estava se lembrando de Mary Jane, antes de me responder: — Eu sou filha única. Eu estava guardando o segredo da minha irmã. Estava guardando a carta em que ela contava para o Dilan que tinha um amante. E deixava todo o seu patrimônio para esse homem. Eu sei que quando soltar essa carta, todos vão ficar muito decepcionados com ela, não pelo dinheiro, que só com a metade de Dilan, Cris já está
POV de Dilan Quando tive a idéia de ficar no parque e chamar Mary Jane para trazer as crianças para se divertir um pouco, queria me acalmar. Debby me orientou em como tirar os pontos de escuta e depois que liguei pra Mary, soube que Allysson ainda não tinha chegado. Olhei no relógio, mais de dez horas da manhã, e eu imaginei isso mesmo. A semana foi bem puxada pra ela, com mais uma criança pra tomar conta, depois do encontro com o ex que teve, a amiga desaparecida. Eu saí do quarto com bastante cuidado, deixando ela em um sono gostoso. O encontro com Michael tirou toda a alegria da noite, mas agora estava voltando! Eu ainda não sabia como ia resolver aquilo, mas já estava me sentindo muito melhor: Allysson admitiu estar apaixonada por mim e isso era incrível. Eu não sabia como aconteceu, só faz seis meses que minha mulher morreu, e eu já estou como um adolescente, apaixonado por uma menina…Mas isso era incrível também, e eu não ia deixar Michael estragar minha relação! Estava curio
POV de Dilan— Debby, você entende o que está dizendo? — Claro que sim, Dilan. Na verdade, era o que você deveria ter feito desde o começo! Você deixou essa história toda chegar nessa situação, você está dormindo com sua babá há mais de mês as cegas. — Ela me odeia como Dilan, Debby. E eu não planejei me envolver com ela. Eu não tenho culpa de aquela maluca querer um relacionamento as cegas, e não consegue me reconhecer quando está vendada. Mas esse não é o ponto! — Tentei afundar em minha mente as lembranças de Allysson me explicando porque não me reconheceu. Essa é uma parte da minha intimidade que Debby não precisa saber. — Você sabe o que ela descobriu que a faz me rejeitar? — Sei! Claro que sei! — E o que é? — Dilan, seja inteligente. Sabe que não vou te falar? — Porque não, Debby? Não somos amigos? — Sim, somos amigos. Mas as informações pessoais que tenho sobre todos os envolvidos no caso, eu consegui na condição de detetive, e se não é relevante para o caso, explanar a
POV de Alysson O vapor preenchia o banheiro enquanto eu inclinava o chuveirinho para lavar a cabeça de Cris, agora com os cabelos molhados grudados na testa. Ele ria enquanto tentava pegar a espuma que escorria por seus bracinhos rechonchudos, tão inocente e despreocupado que às vezes eu invejava aquela pureza. Ser babá dele tinha começado como uma maneira de manter as contas pagas, mas agora, meses depois, eu o considerava quase como parte de mim. Era impossível não se afeiçoar àquele menino doce. — Allysson? — a voz de Dilan veio da porta, baixa e tranquila, mas suficientemente firme para atravessar o ruído da água. Virei-me um pouco, surpresa. Ele raramente aparecia no meio do banho de Cris, preferindo me deixar lidar com essa rotina. Dilan estava encostado no batente, os braços cruzados sobre o peito. Usava uma camisa azul-clara arregaçada nos cotovelos e calças de alfaiataria, como se tivesse acabado de sair de uma reunião. Mas seus olhos... havia algo diferente neles. Não e
POV de Alysson Eu estou em uma espécie de encantamento, só pode! Mary Jane me ajudou a escolher uma roupa para jantar com o Dilan mais tarde. Fomos às compras e meu pai estava nitidamente desconfortável! Quando voltamos, depois que consegui colocar Cris para a soneca da tarde, Mary Jane levou Robert para a piscina e meu pai veio falar comigo: — Filha, o que você está fazendo? — Não entendi, pai! — Você está estranha, Allysson. Quando viemos pra cá, você odiava o senhor Stain, agora está saindo para jantar com ele? Até semana passada você tinha um namorado que você ia encontrar nas noites de sexta feira. Agora está se produzindo toda para ir jantar sozinha com nosso patrão? Essa não é você, Allysson! — Tá bom, papai. Vamos conversar. Mas é com honestidade? — Do que você está falando? Sempre conversamos com honestidade, filha! — Se vamos conversar abertamente, papai, eu preciso saber, antes de qualquer coisa: porque o senhor foi se encontrar com Sammuel? — Como você sabe disso?
POV de DilanQuando Allysson saiu do quarto, acompanhada de Mary Jane, eu perdi a fala. Até Jhon, o pai dela, ficou admirado da elegância da babá, que sempre prefere roupas confortáveis e tênis. Eu devo estar ficando louco, mas reparei bem no pescoço dela. Está usando uma gargantilha que dei a Melissa no aniversário de 24 anos dela. E puta que pariu, o pescoço dela era alongado, igual o da minha Mel! Devo estar sugestionada pelas jóia, pois eu beijei muitas vezes aquele pescoço e nunca percebi isso. Quando peguei na mão de Jhon para sair do apartamento com a filha dele, como um pretendente deve fazer, tive a certeza de que estava ficando louco sim! Pois eu comparei os olhos de Jhon Allister aos de Melissa também! Enquanto dirigia, pela primeira vez com Allysson ao meu lado no banco da frente, pensava nessa situação toda: Melissa estava presente em minha mente hoje, só pode! Mas porque? Tudo bem, era a primeira vez que saia com outra mulher desde o parto dela, mas era só um jantar!
POV de DilanPrólogo Eu já provei da dor de muitas formas. A dor do abandono, da traição, da perda... mas nada se compara àquele momento. Àquele dia em que o mundo desmoronou sobre mim. As sirenes cortavam o silêncio da noite enquanto eu lutava para chegar até ela. A mulher que amei com cada fibra do meu ser. Meu coração estava despedaçado antes mesmo de encontrá-la. Algo dentro de mim dizia que eu estava chegando tarde demais. E estava. Tudo aconteceu rápido demais, o caos, os gritos, o som ensurdecedor do metal se retorcendo. Eu vi sua silhueta, frágil, ensanguentada, com a vida escorrendo por entre os dedos enquanto ela me dava o maior presente que alguém poderia dar. Uma nova vida... e sua última. Desde aquele momento, algo em mim morreu junto com ela. Uma parte de mim se recusou a aceitar o que restou. O pequeno ser que dependia de mim, que precisava de cuidados, que era o único elo entre nós dois, parecia um lembrete cruel da perda. Eu não conseguia olhar para ele sem s
POV de Dilan Meu nome é Dilan Stain, sou CEO da Stain Inc. Tenho um complexo de escritórios imobiliários no centro comercial de Nova York. E uma cobertura no Central Park Tower. Eu cheguei no topo! Mas foi com muito sacrifício. Melissa e eu começamos a namorar ainda adolescentes, cheios de planos e sonhos. Estudamos, nos destacamos e montamos nossa primeira imobiliária. Sempre fizemos tudo juntos e crescemos juntos. Sempre sabendo que tínhamos que fazer tudo direitinho, porque um casal de negros vindos do subúrbio, quando se destacava virava logo alvo! No ano anterior, convenci Melissa que já tínhamos atingido níveis muito superiores a nossa expectativa, e estava na hora de ela desacelerar e ter nosso bebê. Não foi uma decisão fácil pra ela, mas depois que a tomou, fez exatamente como sempre fazia em sua vida: se dedicou totalmente a gravidez, ao enxoval, a tudo! Foi uma gravidez tranquila e Cristopher já era muito amado. No mês passado, recebemos uma proposta para estender nosso n