— Ei, pequena, hora de acordar. – A ouviu reclamar, ainda que de olhos fechados. – Vamos, hoje é seu primeiro dia de aula, Naty. Imediatamente a vê abrir os olhos, e lhe dar um sorriso. — Mia. E a rosada imaginou que a pequena tivesse reconhecido sua voz. — Você veio mesmo. — Claro, eu prometi ao seu pai. – Diz, sentando-se ao seu lado na cama, enquanto a via se sentar e jogar o edredom para longe de seu corpinho. – Preciso que tome um banho bem rápido, fique cheirosa e se vista para ir à escola. — Ah, não... – Reclamou. — Vai ser legal, pequena, eu prometo. – Lhe sorriu. Ela fez um biquinho. — Só porque está pedindo, Mia. – Diz, se levantando e seguindo para o banho, se virando antes de adentrar. – Me ajuda a arrumar meus cabelos? A rosada imediatamente sorriu com aquele pedido fofo. — É claro. Você se arruma e então me encontra na cozinha com as coisas que quer que eu coloque nele, tudo bem? – A viu balançar a cabeça. – Quer ajuda com o uniforme? — Eu acho que consigo
— Mia? — Oi, querida? — Podemos fazer um pedido? — Qualquer um. – Levou a xícara de chá aos lábios. — Queremos que seja nossa mãe. – Dizem juntos, fazendo a rosada ser pega de surpresa; ela se engasgou com a bebida que tomava. Os gêmeos trocaram um olhar — arregalado, diga-se de passagem —, vendo a mulher a frente deles se levantar em uma rapidez, tentando se recuperar; ela tossia de forma exagerada e mal conseguia respirar. Eles só haviam tomado aquela decisão de falar abertamente, porque Alexis — prima deles — havia dito que era o melhor plano para tentar juntar os pais deles. Ela precisava saber que eles a queria na vida deles para sempre; como mãe, não como a melhor babá do mundo. E quando falaram com Amelia há dois dias atrás quando ela visitou Mia, ela concordou que era uma boa ideia. Se sua prima disse que era a melhor forma e tanto a ruiva quanto um de seus tios — no caso Lucca — concordaram, então eles acharam que não poderia dar errado. Certo? Agora eles começavam a
Mia sentiu-se tão emocionada, que por um momento pensou em ficar abraçada a eles para sempre; sentindo o amor, o calor e o cheirinho de ambos. E por alguns minutos foi o que aconteceu; ela não queria largá-los. — Agora... – Se afastou, olhando em seus olhinhos. – O que acham de um banho? — Você estragou nosso momento, sabia? – Thomas reclamou, fazendo um biquinho. Mia gargalhou. — Quem se importa com banho? — Eu me importo, seu porquinho. Natalie quem gargalhou dessa vez. — Eu sou o mais cheiroso dessa casa. — Certo, certo. — Sou sim, e você não pode revirar os olhos para mim. É falta de educação. — Ora, eu tenho que te lembrar disso mais vezes. — Você só não me lembra porque está sempre no mundo da lua. Natalie voltou a gargalhar ao mesmo tempo em que Mia — sua oficialmente mãe — puxava Thomas para seus braços. — Isso é jeito de falar com a sua mãe? Hum? – Começou a lhe fazer cócegas, ouvindo sua gargalhada gostosa. – Isso é jeito de falar com sua mãe? – Repetiu.
Liam se sentia nervoso enquanto esperava pelo médico responsável por sua noiva. Não o mesmo de antes, mas ainda assim, um profissional competente. Ele já havia ligado para o médico que havia cuidado de Mia quando ela sofreu o acidente e agora ela estava fazendo exames para que já tivesse algo quando o outro chegasse. E era por isso que estava ali naquela sala de espera irritante. Odiava esperar. Menos ainda quando tinha que esperar por notícias de um familiar amado. Naquele caso, sua noiva. Outra vez. Era como se estivesse revivendo toda aquela dor de novo e de novo. Amelia estava ao seu lado, a espera. Ficaram de ligar para os familiares quando tivessem notícias. Não queria preocupar ninguém e fazer aquele hospital encher como da última vez. Ela estava preocupada, em especial com o amigo, e por isso fazia o possível e o impossível para passar tranquilidade a Liam. Ele precisava de alguém forte naquele momento. Mia havia desmaiado e desde que chegaram não havia despertado, e isso a f
Olhou pelo retrovisor e viu aquela luz irritantemente contra seus olhos. Estava muito forte. Seu carro recebeu outro impacto e ela começou a se preocupar. Desacelerou o carro após dar passagem, mas seja quem estivesse no outro carro não fez menção de que passaria. Na verdade, continuou atrás, provocando. O que ele ou ela queria? Buzinou várias vezes e colocou a mão para fora, e então viu que aquela pessoa, seja ela quem fosse, não estava para brincadeira. Ela jogou o carro contra o seu. Uma, duas, três vezes. Ela acelerou e o outro também. Mas não ficou atrás dessa vez. Seu coração deu um pulo quando o outro carro bateu na lateral do seu carro. Um novo impacto. Fechou os olhos, forte, apertando as mãos no volante com tanta força, que dava para enxergar os nós nos dedos, e quando os abriu, estava em cima de um poste. Tentou desviar, girando o volante com desespero, mas foi pior, teve de girar novamente, tentando desviar de outro carro. E quando viu, seu carro estava batendo contra
— Não quero atrapalhar, mas eu trouxe alguém que quer muito ver você. A rosada imediatamente identificou quem estava atrás da ruiva. Ela havia se afastado um pouco para que seus olhos pudessem ver os pequeninos de roupas de frio. Ambos com moletom. Um de vermelho e a outra de cor-de-rosa. Suas cores preferidas. Havia em suas cabeças, toucas, e nas mãos, luvas. Realmente estava muito frio naquele dia. Mais do que qualquer um dia daquele ano. Mas aquilo não era o importante. E sim seus filhos. Ambos, acanhados, mas ainda assim, ela não deixou de sorrir. Ela podia entender o motivo de eles não terem se aproximado, afinal, se lembrava bem de como havia sido desde que perdeu a memória. — Eu não vou ganhar nenhum beijo? Natalie sorriu e então correu para a mãe, pulando na cama — enquanto escutava o pai dizer para tomar cuidado —, lhe deu um beijo e a abraçou, apertado. Foi correspondida de imediato, ganhando vários beijos, e a moreninha se encolheu naqueles braços, sentindo lá no fundo
— Sua teimosia supera os limites. Mia revirou os olhos ao escutar as palavras de sua melhor amiga. — Se não fosse pela ruiva, você poderia estar em uma vala qualquer. E... pouco me importa se esse é ou não o momento de palavras grosseiras. – Gesticulou, se antecipando antes de escutar uma repreensão. – Tudo bem, você estava confusa, facilmente manipulável, mas aceitar um convite daquela cobra é demais para eu aceitar. — Luna, eu já escutei um sermão... — Vai escutar de mim, e de quem mais quiser te dar sermão, e caladinha. – A cortou, vendo-a pedir um pedido mudo de socorro para seu noivo. — Não sou capaz de te defender da loira. A rosada fez um biquinho. — Ele sabe o que é bom para ele. — Estou com a loira. — Eu também. Mia então fitou seus irmãos, indignada. — O que eu posso dizer? Você fez besteira. — E das grandes. – Elliot completou. – Se aquela tal de Freya tentou te matar, imagino o que teria feito com você no dia em que aceitou sair com ela. — Não saí com ela.
Liam Kavanagh se encontrava no escritório da empresa de sua família, na qual comandava, mas diferente do que deveria estar fazendo, seus olhos se encontravam no porta-retrato a sua frente em cima de sua mesa; nela, uma fotografia de ambos seus filhos, juntos e abraçados. Com apenas vinte e três anos, o moreno de olhos ônix era pai de um casal de gêmeos. Apesar de ser muito cansativo, adorava passar as horas com eles ou mesmo apenas colocá-los para dormir, como fazia sempre. Ambos eram muito parecidos consigo, com a única exceção dos olhos, que eram verdes-oliva; a mesma cor dos olhos de sua mãe; se é que podia chamá-la dessa forma, já que a mulher por quem havia se afeiçoado durante a gravidez, havia os abandonado. Se lembrava como se fosse ontem do dia em que tudo começou. Havia terminado o colegial, e todos iriam comemorar na casa de um dos colegas de classe. Apesar de seus pais, em especial sua mãe, pedir para que ele não fosse, não os escutou. Sabendo que beberia, pediu para que