— Como ela está? O homem deu um longo suspiro, respondendo que ela estava bem, mas que havia sido muito perigoso. A esposa havia tido um começo de um AVC. Ela nunca havia tido aquilo antes, ele por outro sinal, já havia tido umas duas vezes. E mesmo que estivesse muito chateado por ela ter mentido para ele por bastante tempo, sobre a filha deles, ainda assim, não conseguia deixar de se preocupar. Ainda a amava, afinal. Muito. A amava verdadeiramente. E pensou que a perderia para sempre. — Vai passar alguns dias aqui. — Hum. — Eu sei que... minha esposa não foi nada legal com a sua noiva... — Minha noiva está bem. – O cortou. — Briana é complicada. — Eu vejo. — Mas ela vai melhorar. Eu vou falar com ela... — Até onde sei, você tentou, e ela decidiu não escutar. Aurelius suspirou longamente. — Meus filhos já passaram pelo bastante. Eles não merecem passar por mais uma. E eu não vou admitir que eles passem por mais nada. Nada que eu possa evitar. O outro concordou. —
Foi de carro, principalmente quando sua família estava de pé. Mia havia avisado que precisava andar. Espairecer. E depois que Samuel sofreu aquele acidente, ele não se importou mais. Não se preocupava mais. Ela estava segura. Podia voltar a sua rotina de antes. Algo que ela sentia muitas saudades. Ela gostava de dar uma volta pelo bairro, gostava de ir de pé até a esquina, gostava de passear sem que tivesse com medo de que fizessem mal a ela. Mas se viu completamente preocupado, quase que apavorado, quando chegou a padaria e viu que havia alguns carros de polícia, e bem no meio de alguns policiais, sua noiva, com a mão no peito, olhando de um lado para o outro de vez em quando. Desceu apressado, passando entre algumas pessoas, pedindo licença antes de chamar por ela. Mia. Que o olhou quase que aliviada por vê-lo. — Senhor Kavanagh. Ele apenas anuiu, abraçando a noiva. — O que houve? Onde estão os gêmeos? — Estão com Amelia. – Sua voz quase não saiu. – Eles estão bem. Um pouco
Mia não conseguia parar de pensar no que havia acontecido. Os gêmeos estavam muito assustados ainda, mesmo que já tivesse se passas horas desde que tudo aconteceu, e ela só conseguiu acalmá-los com a ajuda de Liam. Provavelmente sem a ajuda dele, ela não conseguiria. Ela mesma estava apavorada. Qual o motivo de sequestrarem ela? Se pelo menos Samuel ainda estivesse “vivo”? Novamente, pensava naquele que queria fazer de sua vida um verdadeiro inferno. Seria ele o culpado, o mandante, ou seja o que fosse do que lhe aconteceu. Seria. Se fosse possível. E não era. Não havia possibilidade de ele voltar a ser o mesmo de antes. Então por quê? Quem? Estava sentindo que estava sendo observada. Sempre que saía de casa, sentia aquele sentimento de que alguém olhava para ela. Não tão longe. Mas também não tão perto. Mas o arrepio era sempre sentido por ela. A sensação. O medo. Era horrível. E mesmo assim não contou a ninguém. Era bobagem. Desde que começou a ser ameaçada por Samuel, ela tinha
Thomas só estava aceitando aquilo por sua mãe. Apenas por sua mãe. Ele sabia que nem mesmo seu pai fazia questão, mas sua mãe queria muito que eles aceitassem. Talvez para que ficasse tudo bem. Diferente de como ficou com Lillie. Então ele aceitou. E sua irmãzinha também, já que ela fazia quase tudo que ele fazia. Era por um bem maior. Mas quem disse que tinha que ficar feliz por isso? Não estava feliz. Na verdade, estava emburrado. Dentro do carro, ele conseguia impedir que sua mãe ou seu pai visse o quanto estava emburrado, mas tinha quase certeza — ou certeza absoluta, porque conhecia a si mesmo — que não conseguiria fazer o mesmo quando encontrasse aqueles dois. Sim. Aqueles dois. Não era avô, não era avó. Era aqueles dois. Não conseguia nem mesmo dizer o nome deles sem se lembrar de quem eram pais e o que um deles fez há alguns dias em sua escola. Provavelmente nunca se esqueceria, em especial aquelas palavras. Natalie parecia mais calma que ele. Mas só talvez porque Mia estava
— Vocês já estão na escola? — Nós temos quase sete anos. Briana franziu o cenho com a forma como o neto a respondeu, mas não fez nada a respeito, por mais que aquele fosse seu maior desejo. — E... fazem alguma atividade? — Arrumar o quarto é uma atividade para você? Liam levou a mão entre os olhos. Seu filho conseguia deixar um ambiente tenso. Já deveria saber que nada seria tranquilo. Mas também, pudera, ele não estava nada feliz em ver duas pessoas que o ignorou e à irmã por mais de seis anos. — Eu soube que farão aniversário em um mês. – Aurelius decidiu que era a hora de se pronunciar, por mais que soubesse que não mudaria nada sendo ele a questionar. – Já escolheram um tema? — Das princesas. É bem a minha cara. – Debochou. — Thomas. – O repreendeu outra vez. — A mamãe achou que dois temas seriam legal esse ano. – Natalie decidiu responder, carinhosa como era sempre. E Liam quase agradeceu em alto e bom som. — Claro, são gêmeos afinal. — E não siameses. Mia aper
Liam achou que aquele “passeio” poderia terminar de outra forma levando seus pequenos a um parque. Acabou que aquele parque de sempre estava tendo vários brinquedos de todos os tipos naquela semana, e isso foi o suficiente para que Thomas e Natalie se esquecessem do que havia acontecido a alguns minutos atrás. Ou meia hora. Havia levado meia hora para deixassem aquela cafeteria e chegado ao parque. Meia hora para se despedir amigavelmente — ou tentado, pelo menos — de Aurelius e Briana. O Primeiro pelo menos havia sido realmente amigável. Ele agradecia por aquele homem estar querendo paz de verdade. Se fossem dois querendo infernizar, seria irritante. Ele já tinha passado por coisas irritantes o bastante naquele ano. Lillie, Samuel, Freya — que havia desaparecido, finalmente —, e agora Briana. Não contaria com Amelia porque apesar do que ela havia feito, ela se arrependeu. Liam e Mia decidiram se sentar em uma das cadeiras de pedra — que ficava ao redor de uma mesa no mesmo estilo e
— Isso, ria da desgraça do seu amigo aqui. Liam ainda tinha o cenho franzido. — Não tenho por que me preocupar com a minha filha. Mattew bufou. — Inocente. — Como é? — Inocente. – Repetiu, devagar. – Vi sua filha sendo abraçada por um tal de... Ezra. Acho que é esse o nome do menino. Na porta da escola. Ele até beijou a bochecha dela. — Ezra? — Mas que história maluca é essa? – Praticamente questionou ao mesmo tempo em que a noiva, surpreso e nenhum pouco feliz em saber que houve “beijo”. Quem aquele garoto pensava para beijar a bochecha da sua filha? — Você tinha que abrir a boca, não é? O ruivo apenas deu de ombros diante a “briga” da noiva. — Você disse Ezra. Ezra Devlin? – Mia questionou. — Não sei. – Deu de ombros outra vez. — Tinha cabelos castanho-claros e olhos em um tom... Bem, no mesmo tom que os olhos da sua prima. Aurora. Eu acho. Mia arregalou os olhos. — Ah, mas aquele garoto não perde por esperar. Mesmo sendo meu afilhado. — Não se esqueça que é
— Conhecem? — Archie fala de você. O tempo todo. A rosada engoliu em seco. — Eu sei que tem uma relação complicada com ele, não quero fazer com que isso seja mais difícil do que já parece ser. — Tudo bem. — Mia. Ela se virou, encontrando o noivo. — Os gêmeos pegaram o que queriam. Está pronta? — Sim, sim, eu... – Pegou o cacau. – Vai ser esse. – Deu um sorriso fraco. – Foi um prazer. – Diz, seguindo Liam até o caixa. — Quem eram? — Os filhos postiços do meu pai. Liam a olhou, surpreso. — É, isso não poderia ficar mais estranho. **--** SEMANAS DEPOIS Havia crianças por todo lado. Dentro do salão, fora do salão, nos brinquedos, no colo dos pais comendo. Alguns corriam em volta das mesas com seus pais chamando a atenção, pedindo para brincarem do lado de fora. Era uma verdadeira festa. Os pais dos aniversariantes não faziam mais ideia de quantas crianças estava ali. Na lista, deu que seriam quase quarenta crianças. Vinte amiguinhos da escola e o restante fazia parte da