— Isso, ria da desgraça do seu amigo aqui. Liam ainda tinha o cenho franzido. — Não tenho por que me preocupar com a minha filha. Mattew bufou. — Inocente. — Como é? — Inocente. – Repetiu, devagar. – Vi sua filha sendo abraçada por um tal de... Ezra. Acho que é esse o nome do menino. Na porta da escola. Ele até beijou a bochecha dela. — Ezra? — Mas que história maluca é essa? – Praticamente questionou ao mesmo tempo em que a noiva, surpreso e nenhum pouco feliz em saber que houve “beijo”. Quem aquele garoto pensava para beijar a bochecha da sua filha? — Você tinha que abrir a boca, não é? O ruivo apenas deu de ombros diante a “briga” da noiva. — Você disse Ezra. Ezra Devlin? – Mia questionou. — Não sei. – Deu de ombros outra vez. — Tinha cabelos castanho-claros e olhos em um tom... Bem, no mesmo tom que os olhos da sua prima. Aurora. Eu acho. Mia arregalou os olhos. — Ah, mas aquele garoto não perde por esperar. Mesmo sendo meu afilhado. — Não se esqueça que é
— Conhecem? — Archie fala de você. O tempo todo. A rosada engoliu em seco. — Eu sei que tem uma relação complicada com ele, não quero fazer com que isso seja mais difícil do que já parece ser. — Tudo bem. — Mia. Ela se virou, encontrando o noivo. — Os gêmeos pegaram o que queriam. Está pronta? — Sim, sim, eu... – Pegou o cacau. – Vai ser esse. – Deu um sorriso fraco. – Foi um prazer. – Diz, seguindo Liam até o caixa. — Quem eram? — Os filhos postiços do meu pai. Liam a olhou, surpreso. — É, isso não poderia ficar mais estranho. **--** SEMANAS DEPOIS Havia crianças por todo lado. Dentro do salão, fora do salão, nos brinquedos, no colo dos pais comendo. Alguns corriam em volta das mesas com seus pais chamando a atenção, pedindo para brincarem do lado de fora. Era uma verdadeira festa. Os pais dos aniversariantes não faziam mais ideia de quantas crianças estava ali. Na lista, deu que seriam quase quarenta crianças. Vinte amiguinhos da escola e o restante fazia parte da
E então começou a andar em direção aqueles dois. Mas não sem antes se encontrar com Liam no meio do caminho, que já puxava ambos seus filhos para cumprimentar os avós. Ele não queria obrigar nenhum dos dois, na verdade, jamais faria isso se não fosse o educado a se fazer. E ele educou ambos bem demais para deixá-los continuarem brincando enquanto mais um convidado chegava. Eles cumprimentaram a todos. E tinha que cumprimentar aqueles ali também. Por mais que um deles não merecesse. — Pronta? — Não. Ele compreendia completamente a noiva. — Eu também não. E o casal fitou Natalie. Ela estava com os ombros encolhidos, demonstrando que não estava nenhum pouco confortável. — Vai ficar tudo bem, querida. — Papai, você quer convencer a gente ou você? Seu filho era esperto demais. Gostaria que fosse menos, pelo menos em um momento como aquele. Ele estava certo afinal. Ele queria convencer a si mesmo também. — Feliz aniversário. – Briana abraço a ambos, juntos, e Thomas fez uma c
— O que achou do seu, Natalie? Ela não tinha dito uma palavra. — Eu soube pela sua mãe que você... – Olhou para a rosada. – Continua amando bonecas. — É uma reborn. – Estava tão surpresa, que apenas sussurrou. – Uma reborn. Igual da Belle. – Olhou para a mãe. – É igual da Belle, mamãe, e agora eu tenho uma também. A gente vai poder cuidar delas juntas. — Vai sim, querida. — Eu preciso da minha barraca, dos travesseiros, as mamadeiras, as roupinhas, uma banheira..., tudo para eu e a Belle podermos cuidar das nossas filhas. — Meninas. – Thomas revirou os olhos. — Belle! – Gritou para a nova amiga. – Olha, Belle! Eu tenho igual você. — Ah! É tão linda! — Elas vão ser irmãs. Belle sorriu em apoio. — Melhores irmãs. Vamos pedir para a mamãe comprar uma certidão de nascimento nova pra ela. — Você vai dormir aqui? – Mas antes de a outra responder, Natalie foi mais rápida. – Eu peço. Tio Mat! Tia Cait! — Os gritos da Naty são escutados pelos extraterrestres. — Isso não exi
— Ela fez por Thomas e Natalie muito mais do que a filha de vocês algum dia fez por eles. O que não tem como competir, já que Lillie fez nada. Aquelas crianças tiveram amor, atenção, conheceram como é ter uma família depois da entrada de Mia na vida deles. Ambos desejaram uma mãe e fizeram de tudo para que isso se concretizasse. Obra de um menino e uma menina que na época tinham apenas cinco anos. Pelo bem da felicidade deles. Porque eles poderiam querer o pai só para eles. Como aconteceu por um tempo, mas decidiram escolher uma mãe. Decidiram que queriam muito ter uma mãe. E agora eles têm. E isso... não... é da sua conta. Você é apenas a avó materna. Uma avó que só apareceu depois dos seis anos dos gêmeos, então eu acho que eles têm o direito de não querer conhecer vocês. — E eu não quero mesmo. – Thomas apoiou a amiga da mãe. — Essa festa... era para estar sendo organizada por Lillie. — Ela nunca iria parar o tempo dela para isso. – Amelia diz, firme. – Ela não suportava duas c
Os pais das crianças viram então ele retirar algo de dentro daquele enorme porta-malas. E ela reconheceu praticamente tudo. Tudo que estava ali, sem um papel de presente, mas tudo muito novo. Nunca foi daquelas que estragava o que era lhe presenteado. E por isso estava intacto. O ferro de passar roupa junto a taboa, uma maleta de maquiagem, os minis navios — em várias cores, que ela amava — a coleção de dinossauros, duas motos motorizadas — nas cores vermelho e preto e roxo e rosa, um presente que havia ganhado de Natal surpreendentemente de pessoas diferentes. Thomas e Natalie haviam ficado tão impressionados, que se aproximaram dos brinquedos, tocando primeiramente em uma das motos motorizadas. Thomas, no caso, porque Natalie havia escolhido tocar no kit de passar roupa. — Não ache que ele está mandando todas as suas coisas para fora de casa. — Na verdade, achei que já não tinha nada meu lá. — Estava no sótão. Mas tudo muito guardado, com carinho. A rosada não soube o que dize
— Eu estou cansado. Mia já esperava pela reclamação de Thomas. Na verdade, havia levado mais tempo do que ela achou que levaria. Mas não podia culpá-lo. Aquele trabalho da escola estava mais demorado do que achou que demoraria. Ela sempre gostou de desenhar o mapa, pintar então, era relaxante, mas seus filhos não eram iguais a ela, e não tinham a mesma paciência que ela. Seu garotinho menos ainda. E podia compreendê-lo. Para alguns deveria ser realmente muito chato. Já estavam sentados lado a lado ali na sala de estar há mais de uma hora. Infelizmente só pode ajudá-lo horas depois do almoço. Primeiro, desenhou o de Natalie, e agora que ela pintava com toda a atenção do mundo, era a vez do irmão começar a pintar o dele. — Eu sei, querido, mas você tem que entregar amanhã. — Mamãe, meus dedos já estão doendo. Sabia que a filha também reclamaria mais cedo ou mais tarde, e por isso não se surpreendeu quando escutou sua voz. Tentou ajudar o máximo, mas se pintasse com eles, o profess
Mia então voltou a si ao escutar o filho chamar por ela. Ofegou. Não se lembrava. Não se lembrava daquilo. Realmente aconteceu como pediu tanto. Implorou. Se esqueceu do que escutou. Se esqueceu de toda aquela cena. Mas havia acontecido. Sentiu que sim. Ali, se lembrando, pode sentir o arrepio que sentiu e a vontade de chorar também. A mesma de quando era criança. Tremia tanto. Mas não era como se estivesse sofrendo como naquele dia. Era como se estivesse revivendo algo que ela não se lembrava que viveu. Doeu. Mas pelo menos viu que o que o pai disse era verdade. Ele havia mesmo aceitado dar o divórcio. Aquilo havia acontecido dias antes de sua mãe morrer. Se lembrava de ter feito aquele mapa quase uma semana antes da morte de sua mãe. Havia sido o último trabalho escolar que fez com ela. Era impossível se esquecer. Mas ainda assim, não se lembrava do que aconteceu depois. Entre eles. A discussão. E então a conversa. O entendimento entre eles. Levou as mãos a bancada e suspirou.