Thomas só estava aceitando aquilo por sua mãe. Apenas por sua mãe. Ele sabia que nem mesmo seu pai fazia questão, mas sua mãe queria muito que eles aceitassem. Talvez para que ficasse tudo bem. Diferente de como ficou com Lillie. Então ele aceitou. E sua irmãzinha também, já que ela fazia quase tudo que ele fazia. Era por um bem maior. Mas quem disse que tinha que ficar feliz por isso? Não estava feliz. Na verdade, estava emburrado. Dentro do carro, ele conseguia impedir que sua mãe ou seu pai visse o quanto estava emburrado, mas tinha quase certeza — ou certeza absoluta, porque conhecia a si mesmo — que não conseguiria fazer o mesmo quando encontrasse aqueles dois. Sim. Aqueles dois. Não era avô, não era avó. Era aqueles dois. Não conseguia nem mesmo dizer o nome deles sem se lembrar de quem eram pais e o que um deles fez há alguns dias em sua escola. Provavelmente nunca se esqueceria, em especial aquelas palavras. Natalie parecia mais calma que ele. Mas só talvez porque Mia estava
— Vocês já estão na escola? — Nós temos quase sete anos. Briana franziu o cenho com a forma como o neto a respondeu, mas não fez nada a respeito, por mais que aquele fosse seu maior desejo. — E... fazem alguma atividade? — Arrumar o quarto é uma atividade para você? Liam levou a mão entre os olhos. Seu filho conseguia deixar um ambiente tenso. Já deveria saber que nada seria tranquilo. Mas também, pudera, ele não estava nada feliz em ver duas pessoas que o ignorou e à irmã por mais de seis anos. — Eu soube que farão aniversário em um mês. – Aurelius decidiu que era a hora de se pronunciar, por mais que soubesse que não mudaria nada sendo ele a questionar. – Já escolheram um tema? — Das princesas. É bem a minha cara. – Debochou. — Thomas. – O repreendeu outra vez. — A mamãe achou que dois temas seriam legal esse ano. – Natalie decidiu responder, carinhosa como era sempre. E Liam quase agradeceu em alto e bom som. — Claro, são gêmeos afinal. — E não siameses. Mia aper
Liam achou que aquele “passeio” poderia terminar de outra forma levando seus pequenos a um parque. Acabou que aquele parque de sempre estava tendo vários brinquedos de todos os tipos naquela semana, e isso foi o suficiente para que Thomas e Natalie se esquecessem do que havia acontecido a alguns minutos atrás. Ou meia hora. Havia levado meia hora para deixassem aquela cafeteria e chegado ao parque. Meia hora para se despedir amigavelmente — ou tentado, pelo menos — de Aurelius e Briana. O Primeiro pelo menos havia sido realmente amigável. Ele agradecia por aquele homem estar querendo paz de verdade. Se fossem dois querendo infernizar, seria irritante. Ele já tinha passado por coisas irritantes o bastante naquele ano. Lillie, Samuel, Freya — que havia desaparecido, finalmente —, e agora Briana. Não contaria com Amelia porque apesar do que ela havia feito, ela se arrependeu. Liam e Mia decidiram se sentar em uma das cadeiras de pedra — que ficava ao redor de uma mesa no mesmo estilo e
— Isso, ria da desgraça do seu amigo aqui. Liam ainda tinha o cenho franzido. — Não tenho por que me preocupar com a minha filha. Mattew bufou. — Inocente. — Como é? — Inocente. – Repetiu, devagar. – Vi sua filha sendo abraçada por um tal de... Ezra. Acho que é esse o nome do menino. Na porta da escola. Ele até beijou a bochecha dela. — Ezra? — Mas que história maluca é essa? – Praticamente questionou ao mesmo tempo em que a noiva, surpreso e nenhum pouco feliz em saber que houve “beijo”. Quem aquele garoto pensava para beijar a bochecha da sua filha? — Você tinha que abrir a boca, não é? O ruivo apenas deu de ombros diante a “briga” da noiva. — Você disse Ezra. Ezra Devlin? – Mia questionou. — Não sei. – Deu de ombros outra vez. — Tinha cabelos castanho-claros e olhos em um tom... Bem, no mesmo tom que os olhos da sua prima. Aurora. Eu acho. Mia arregalou os olhos. — Ah, mas aquele garoto não perde por esperar. Mesmo sendo meu afilhado. — Não se esqueça que é
— Conhecem? — Archie fala de você. O tempo todo. A rosada engoliu em seco. — Eu sei que tem uma relação complicada com ele, não quero fazer com que isso seja mais difícil do que já parece ser. — Tudo bem. — Mia. Ela se virou, encontrando o noivo. — Os gêmeos pegaram o que queriam. Está pronta? — Sim, sim, eu... – Pegou o cacau. – Vai ser esse. – Deu um sorriso fraco. – Foi um prazer. – Diz, seguindo Liam até o caixa. — Quem eram? — Os filhos postiços do meu pai. Liam a olhou, surpreso. — É, isso não poderia ficar mais estranho. **--** SEMANAS DEPOIS Havia crianças por todo lado. Dentro do salão, fora do salão, nos brinquedos, no colo dos pais comendo. Alguns corriam em volta das mesas com seus pais chamando a atenção, pedindo para brincarem do lado de fora. Era uma verdadeira festa. Os pais dos aniversariantes não faziam mais ideia de quantas crianças estava ali. Na lista, deu que seriam quase quarenta crianças. Vinte amiguinhos da escola e o restante fazia parte da
E então começou a andar em direção aqueles dois. Mas não sem antes se encontrar com Liam no meio do caminho, que já puxava ambos seus filhos para cumprimentar os avós. Ele não queria obrigar nenhum dos dois, na verdade, jamais faria isso se não fosse o educado a se fazer. E ele educou ambos bem demais para deixá-los continuarem brincando enquanto mais um convidado chegava. Eles cumprimentaram a todos. E tinha que cumprimentar aqueles ali também. Por mais que um deles não merecesse. — Pronta? — Não. Ele compreendia completamente a noiva. — Eu também não. E o casal fitou Natalie. Ela estava com os ombros encolhidos, demonstrando que não estava nenhum pouco confortável. — Vai ficar tudo bem, querida. — Papai, você quer convencer a gente ou você? Seu filho era esperto demais. Gostaria que fosse menos, pelo menos em um momento como aquele. Ele estava certo afinal. Ele queria convencer a si mesmo também. — Feliz aniversário. – Briana abraço a ambos, juntos, e Thomas fez uma c
— O que achou do seu, Natalie? Ela não tinha dito uma palavra. — Eu soube pela sua mãe que você... – Olhou para a rosada. – Continua amando bonecas. — É uma reborn. – Estava tão surpresa, que apenas sussurrou. – Uma reborn. Igual da Belle. – Olhou para a mãe. – É igual da Belle, mamãe, e agora eu tenho uma também. A gente vai poder cuidar delas juntas. — Vai sim, querida. — Eu preciso da minha barraca, dos travesseiros, as mamadeiras, as roupinhas, uma banheira..., tudo para eu e a Belle podermos cuidar das nossas filhas. — Meninas. – Thomas revirou os olhos. — Belle! – Gritou para a nova amiga. – Olha, Belle! Eu tenho igual você. — Ah! É tão linda! — Elas vão ser irmãs. Belle sorriu em apoio. — Melhores irmãs. Vamos pedir para a mamãe comprar uma certidão de nascimento nova pra ela. — Você vai dormir aqui? – Mas antes de a outra responder, Natalie foi mais rápida. – Eu peço. Tio Mat! Tia Cait! — Os gritos da Naty são escutados pelos extraterrestres. — Isso não exi
— Ela fez por Thomas e Natalie muito mais do que a filha de vocês algum dia fez por eles. O que não tem como competir, já que Lillie fez nada. Aquelas crianças tiveram amor, atenção, conheceram como é ter uma família depois da entrada de Mia na vida deles. Ambos desejaram uma mãe e fizeram de tudo para que isso se concretizasse. Obra de um menino e uma menina que na época tinham apenas cinco anos. Pelo bem da felicidade deles. Porque eles poderiam querer o pai só para eles. Como aconteceu por um tempo, mas decidiram escolher uma mãe. Decidiram que queriam muito ter uma mãe. E agora eles têm. E isso... não... é da sua conta. Você é apenas a avó materna. Uma avó que só apareceu depois dos seis anos dos gêmeos, então eu acho que eles têm o direito de não querer conhecer vocês. — E eu não quero mesmo. – Thomas apoiou a amiga da mãe. — Essa festa... era para estar sendo organizada por Lillie. — Ela nunca iria parar o tempo dela para isso. – Amelia diz, firme. – Ela não suportava duas c