Ela me segura pela mão e me puxa até o lado de fora. Renan nos olha confuso e ela me leva até o carro, onde sai rapidamente. Ensino o caminho até a minha casa e logo entramos. — Pronto. Acredito que aqui você possa me contar o que acontece. — Ela diz e se senta no sofá, cruzando as pernas e me encarando. — Comece a falar de uma vez, me diga, Lívia, quem é você afinal?— Eu sou filha do Viana, amigo do Ulisses, Renata. Acredito que você como amiga dele deva saber que o meu pai morreu há quase dez meses.— Sim, eu sei, Lívia. Ele morreu aqui, enquanto estava enxugando gelo para o estado, e o Ulisses sentiu bastante a morte dele. Mas o que isso tem a ver com o meu filho?— Eu me mudei pra cá na intenção de me vingar dele e do DG. — Digo enquanto abaixo a cabeça e ela se levanta, colocando as mãos na cintura. — Eu queria os dois mortos, do mesmo jeito que o meu pai morreu.— E você me fala assim, nessa naturalidade? Olhe para mim, Lívia. — Por Deus, Renata. Se eu ainda tivesse a intençã
Mesmo que a Renata tenha me falado que não contaria, passei boa parte da noite receosa com isso. Aos poucos ela foi me passando uma certa tranquilidade, ao conversar sobre alguns assuntos aleatórios e me incluir neles, e então eu pude respirar um pouco mais aliviada. — Foi um prazer conhecê-la, Ludmila. Espero vê-la mais vezes. — Renata diz assim que chegamos no carro dela e nos despedimos.— Se depender de mim, será apenas a primeira de muitas, mãe. — E será. A Ludmila parece gostar muito de você, meu filho.— Eu o amo, Renata. — Sorrio sem graça e ela me encara.— Renan, acho que esqueci o meu celular em cima da mesa, pode ir ver pra mim, por favor? — Ela pede e ele se afasta. - Eu te disse que não contaria hoje, mas isso não significa que eu serei conivente com essa mentira. — Eu sei, Renata, e agradeço por não contar. Procurarei algum jeito de contar pra ele, mesmo que isso custe a minha vida. Você deve imaginar como isso que eu fiz seria considerado aqui, mas não é justo viver
Ainda que eu não tenha a mínima noção de como contarei a minha verdade ao Renan, o nosso relacionamento está melhor a cada dia, porém, já faz alguns longos dias que algumas cobranças começaram a ser indiretamente feitas, entre elas, a de conhecer os meus pais. A Débora e a Thainá se propuseram a vir ao morro conhecê-lo, para que assim ganhasse tempo até conseguir contar a verdade para ele. Não sei como será, mas espero que a ideia delas dê certo.— Que horas as suas amigas chegam? — Renan pergunta assim que terminamos de arrumar as coisas para o churrasco.— Elas já devem estar perto de chegar. Confesso que estou ansiosa.— Com medo de dar algo errado ou delas estranharem o local? — Um pouco dos dois, mas conhecendo as minhas amigas como conheço, elas se sentirão um peixe fora do aquário. — Vai dar tudo certo, mas quando achar que elas estão desconfortáveis, é só me dizer que eu expulso todo mundo daqui.— Obrigada, Nanzin. — Debocho e ele faz careta. — O educado do Renan não expuls
Após respirar algumas vezes para tentar parar de tremer, tentei abrir a porta do banheiro, mas estava trancada. Na dúvida entre esperar ou bater feito doida na porta, optei pela segunda opção. — Abre o caralho da porta agora!! — Grito enquanto tento quebrar a porta com chutes e socos. — Eu sei que vocês dois estão aí! Abre o caralho da porta! — É a Ludmila? — Ouço a voz baixa da Débora. — Que merda. — Eu tô ouvindo vocês! Parem de me fazer de idiota e abre a porta! Agradeço mentalmente pelo som lá fora estar alto o suficiente para que ninguém me ouça, pelo menos a vergonha de ser duplamente traída não será pública. Entre gritos, socos e chutes, sinto novamente o meu coração bater na garganta assim que ouço o barulho da fechadura se abrir. Logo a Débora aparece com o rosto vermelho e suado, estampando exatamente o que estava acontecendo dentro do banheiro. Ela me dá um sorriso sem graça e eu a encaro antes de tentar invadir o banheiro, mas ela me impede de entrar.— Me dá licença,
Com o meu aniversário se aproximando, sinto um misto de tristeza, pela perda do meu pai, e felicidade em ver o Renan, a Jéssica e a Thainá empolgados ao organizar uma festa para mim, mesmo contra a minha vontade. Débora segue me ignorando completamente, e me bloqueou em tudo, não me dando outra opção senão a de ir atrás dela pessoalmente tentar resolver as coisas.— Oi. — A cumprimento sem graça assim que ela abre a porta.— Oi, Ludmila. Pensei que tivesse deixado claro que não quero falar com você.— Por isso eu vim pessoalmente, Debi. Dá pra parar de me tratar assim, por favor? Eu sei que eu vacilei, mas pode ao menos me deixar entrar e me desculpar?Em silêncio, a Debora sai da frente da porta, me dando passagem para entrar enquanto se senta no sofá. Ela me encara por um breve tempo, mas antes que eu pudesse falar, Débora começa a falar e a demonstrar a sua insatisfação.— Eu realmente não te reconheço mais, Lívia. Eu nunca te dei motivos pra desconfiar de mim, nunca. Só me enfiei
Hoje é o meu aniversário, e, consequentemente, hoje se completa um ano desde que a minha vida mudou completamente. Nem de longe sou a mesma pessoa, mas apesar de tudo, por mais que uma pequena parte de mim ainda me diga que estou errada, me sinto um pouco mais feliz que há um ano.Acordo com o Renan e os seus lindos olhos verdes me olhando ainda mais apaixonado, e com um lindo sorriso empolgado no rosto. E eu permito que os primeiros minutos do meu dia sejam felizes, ao ver o lindo café da manhã americano que ele trouxe para mim.— Feliz aniversário, meu amor. Que seja apenas o primeiro de muitos que vamos passar juntos. — Renan diz após colocar a bandeja no meu colo, e me dá um beijo. — Não garanto que esteja tão bom quanto o café que você faz, então finja pelo menos gostar. — Eu amei, seu bobo. Obrigada pelo esforço. — Por que a carinha triste, não gostou? — Eu amei, já te disse. É só a Débora não deve vir, então isso me desanima. — Disfarço, afinal, não posso contar o real motiv
***Por Renan/Nanzin***Com os meus planos de sair da favela e tentar voltar a normalidade da minha vida de antes, tenho agitado tudo o que consigo pra resolver tudo o quanto antes. DG sempre se mostrou a pessoa ideal pra ficar no meu lugar caso alguma coisa acontecesse, e como não pode ser diferente, foi um dos primeiros a saber da minha decisão em sair daqui.— Tu tá certo, parceiro, sempre te disse que tu não serve pra esse mundo, tu é muito bonzinho. — DG debocha enquanto conversamos sobre a minha saída.— Sai daí, DG. Sou bonzinho porra nenhuma, só deixo o trabalho sujo pra tu porque tu tem mais prática que eu. Mas fala tu, vai ou não vai aceitar?— Considero tu pra caralho, Nanzin. Claro que vou te ajudar a sair daqui, eu faria o mesmo se pudesse.— E tu pode, mano, tu é novo, parceiro. — Novo e todo fichado já, Nanzin. Não nasci com o cu pra lua não, desde cedo fui correria pra ajudar a minha mãe a criar os meus irmãos, e nem estudar direito eu pude. Tu acha que quem vai querer
— Que caralho vocês estavam fazendo que não viram ninguém entrando aqui? — DG pergunta enquanto segura a peça. — Estavam tricotando, porra? — Foi a gente não, DG. Aproveitaram a troca da segurança, porra. Chegamos e essa porra tava assim.— Vão me dizer que foram os gnomos que sumiram com as armas? Caralho, vocês não servem pra porra nenhuma! — Foi mal, Nanzin. — Parecem um bando de cabaço, caralho. Sabe que só pode sair quando o outro chegar. Porra, é difícil de entender? Chama o Lobão e o Conde, já que foi na troca da segurança, os quatro vão ter que dar conta dessa porra e assumir o B.O. Vocês não estão nessa porra pra brincar de casinha não, caralho. Saio de perto deles e vou até onde tudo deveria estar, tentando entender porque essa complicação justamente quando tudo está tão perto de se resolver. Enquanto caminho de um lado pro outro, tentando me acalmar, vejo algo brilhando no canto da parede, e encontro a correntinha da Ludmila jogada no chão. Fecho os meus olhos e tento e