***Por Lívia***Há coisas que mesmo sabendo que não dará certo ainda assim fazemos para quebrar a cara, e ir até o morro foi uma delas. Eu fui até lá com a intenção de ir na casa da Jéssica, mas, no fundo, sentia a esperança de ver o Renan e, de repente, conseguir convencê-lo de me perdoar. Ao contrário disso, senti uma tristeza ainda maior ao saber que fui proibida de entrar lá, e isso me custou dias de choros trancada no quarto do hotel, onde me hospedei até conseguir o meu apartamento de volta.Prometi a mim mesma que não iria mais mentir sobre quem eu sou, e por mais que a minha amizade com a Jéssica tenha começado por conta da minha mentira, decidi abrir o jogo para ela e contar a minha verdade. Como já era de se esperar, a reação dela não poderia ser diferente, e após receber alguns xingamentos ficamos dias sem nos falar, mas aos poucos ela parece ter me entendido e fizemos as pazes.[...]Tudo continua na mesma entre mim e o Renan, já se passaram um pouco mais de dois meses d
— Por que a surpresa? Atrapalhei alguma coisa? — Renan diz enquanto entra no meu apartamento e aponta para o Christian. — Não vai me apresentar o seu novo amigo? — Esse é o Christian, meu ex namorado. Christian, esse é o Renan, o meu ex namorado. — Prazer, Christian. — Renan o cumprimenta em inglês, eles apertam as mãos e então ele abre a porta novamente. — Agora pode sair, bom retorno até a sua casa. Christian me encara confuso e eu encaro seriamente o Renan, que me dá um olhar debochado e continua com cara de paisagem. — Me desculpe por isso. — Digo assim que o Christian passa pela porta, e o Renan logo me abraça por trás. — Tudo bem, Liv. Adorei a nossa noite, até agora. — Ele força um sorriso e me dá um beijo no rosto. — Nos vemos antes da minha volta?— Claro, a gente marca algo antes de você ir. Nos despedimos e eu entro assim que o Renan me larga. Ele se senta no sofá, pega a minha taça, prova o vinho e abre um sorriso debochado.— Preciso te ensinar a escolher um vinho?
Se era vingança que o Renan queria, ele conseguiu a partir do momento em que decidiu vir até a minha casa, me fazer acreditar que tudo voltaria ao normal e simplesmente ter agido como um babaca. Novamente tomada pela tristeza, me isolei por alguns dias e decidi dar um novo rumo a minha vida. O jantar com o Christian me distraiu, me fez lembrar dos anos que morei em Portland, e a atitude babaca do Renan me decepcionou ao ponto de considerar passar um tempo por lá. Não sei como será a minha readaptação por lá, porém tudo o que eu quero agora é me manter o mais afastada disso, pelo menos até conseguir me curar da dor que assola cada parte de mim. Embora a Thainá e a Jéssica achem um absurdo a minha ideia, as duas me apoiaram mesmo assim e eu praticamente obriguei a Jéssica a não contar nada para o Renan sobre isso. Como não poderia ser diferente, as duas trataram de organizar a minha despedida, no mesmo pub onde a minha presença sempre era garantida.— Esse lugar é estranho. — Jéssica d
Ainda que o meu coração grite para que eu perdoe o Renan e desista de viajar, lá no fundo, sinto que essa é a melhor decisão que posso tomar. Após realizar todos os procedimentos necessários para o meu embarque, permaneci conversando com a Thainá enquanto esperava o anúncio do meu vôo.— Se em dois meses você não voltar, eu te juro que vou atrás de você e te busco pelas orelhas. - Thainá diz assim que nos sentamos.— Exagerada demais, amiga. Eu volto, sabe que não vou conseguir ficar longe do Renan por muito tempo, mas ele tem que sofrer um pouco. — Mulher magoada é um perigo mesmo, ainda bem que o meu coração não tá ocupado por ninguém. — Sorte sua, Thai. É péssimo sofrer por amor, nunca tinha sentido nada parecido antes. Agora é a vez dele sofrer durante esses dois meses, se o Nanzin não arrumar uma fiel durante esse tempo, talvez eu reconquiste o Renan quando voltar.— Do jeito que a Jéssica disse que ele tá um poço de mau humor, imagino como vai ficar aquele morro quando ele sou
***Por Lívia***— Então é isso, amiga. — Falo assim que me levanto. — Nos vemos em breve.— Tenha uma boa viagem, Liv, e não se esqueça, se não voltar eu te busco pessoalmente. Nos abraçamos e nos despedimos com os olhos marejados. A Thainá me acompanha até o portão, e olha o celular enquanto eu entrego o cartão de embarque ao senhor, porém antes que eu recebesse a autorização para embarcar, ela me chama apontando para o celular em sua mão.— O Renan tá me ligando e tem algumas mensagens dele, ele está vindo, Liv.Ela me entrega o celular e eu choro ao ler uma das mensagens dele pra ela:"Thainá, eu sei que eu errei feio com a Lívia e reconheço, mas ela não pode ir antes que eu tente uma última vez. Eu tô indo até o aeroporto, mas não faço ideia se dará tempo de chegar antes de ela ir. Me ajuda! Eu não sei o que farei se ela for e não voltar mais, eu preciso dela aqui comigo, ela se tornou a minha base e eu não tô sabendo sobreviver sem ela. Pelo menos me diga que ela ainda não foi,
Há coisas que não precisam ser contadas por completo, e a minha verdade é uma delas, principalmente quando se vive rodeada de traficantes. Por conta disso, depois de passarmos boa parte da noite conversando, optamos por não contar a todos a minha verdadeira identidade. De volta a nossa normalidade, os dias têm sido cada vez mais leves ao acordar ao lado do Renan, o que tem sido comum já que moramos oficialmente juntos desde que nos reconciliamos.— Bom dia, princesa. — Renan me beija quando me vê abrindo os olhos, e eu abro o sorriso bobo que me acompanha há algumas semanas.— Bom dia, meu amor. Não vou me cansar disso nunca, sabia? — Nem eu, loirinha. Por mim ficava nessa cama com você o dia inteiro, nos recompensando pelo tempo perdido.— Acho uma boa ideia. Podemos começar agora, que tal? Dá uma folga pro Nanzin hoje, prometo que vai valer a pena.— Tentador, mas tá chegando um pessoal hoje pra reforçar a segurança do morro.— Por quê? — Pergunto surpresa e me sento na cama assim
— Vamos curtir o baile mais tarde, né? — Jéssica diz quando se prepara para ir embora, assim que o Renan chega em casa.— Ué, vai ter baile?— Claro, Lív! Os homens precisam distrair a cabeça e nós também. — Vamos, loirinha? — Não acho uma boa ideia, mas vamos. Não quero o meu chefe disponível por aí. — Saí daí, esse daí tá xonadinho, tem olho pra mais ninguém não. — Jéssica debocha e Renan a encara sério, provocando o nosso riso. — Tô partindo, a gente se vê mais tarde.Jéssica me dá um beijo no rosto e sai, e então eu me levanto do sofá e encaro o Renan. Embora não ache uma boa ideia, me mantenho em silêncio e prefiro não ser a chata que irá reclamar, pois como a Jéssica disse, o baile é uma distração pra eles e se o Renan permitiu acontecer é porque não tem perigo. No início da madrugada terminamos de nos arrumar e vamos rumo ao baile, onde a Jéssica dança animadamente com a Moniquinha e a Júlia. Me junto a elas enquanto o Renan logo pega um copo de whisky e fica com o DG. A te
Esperei ansiosamente a oportunidade de ficar a sós com o Tom durante todo o final de semana, porém ainda que a curiosidade falasse mais alto, preferi esperar a Júlia chegar da escola para não ficar sozinha com ele. Após o almoço, quando ela chegou e se distraiu conversando animadamente com o LC na cozinha, resolvi usar a desculpa de levar uma garrafa de água para chamar o Tom, e poder conversar com ele.— Tom. — O chamo enquanto me sento na cadeira, na varanda, e ele me encara do portão antes de se aproximar. — Trouxe outra água pra vocês, tá calor demais hoje. — Obrigado, Ludmila. — Hoje você parece menos tenso, conseguiu resolver a sua situação?— Tá tão na cara assim? — Tom pergunta e dá um sorriso bobo. — Eu aproveitei que tava de bobeira ontem e fui até o meu morro.— Já vi que consegui resolver então, fico feliz.— Resolver não é bem a palavra, mas consegui matar um pouco da saudade. — Sabe, Tom. — Digo enquanto me apoio nos joelhos, me inclinando na direção dele. — Você real