— Então nem preciso perguntar do seu namorado obsessivo em São Paulo, porque ele nunca existiu, não é? — Não, isso foi apenas uma desculpa pra me enfiar aqui, afinal, como vocês acharam no início, por que uma patricinha se mudaria pra um morro, não é verdade? E depois isso se tornou uma desculpa pra não me envolver com você no início, mas então você começou a usar todas as formas pra conseguir me conquistar, e eu me senti importante pra alguém de novo ao ver a sua dedicação a mim. — Porque você realmente é... Era importante pra mim. — Ele diz com a voz embargada. — Eu confiei em você, confiei que o que você sentia por mim era verdadeiro, e você me enganado? — E é verdadeiro, Renan, eu realmente te amo. — Ama? Ama, mas tenta facilitar pra me matarem? — Eu já te falei que não tive nada a ver com isso, que merda! — Grito em meio aos meus soluços e me levanto. — Eu desisti da minha vingança há muito tempo, desde aquele jantar onde você se apresentou como quem você é de verdade, naque
Passei todo esse tempo tentando me preparar para a reação que o Renan teria, porém confesso que foi pior do que imaginei. Eu não esperava flores, afinal, a própria mãe dele disse que ele não gosta de mentiras, mas a forma como ele me olhou e a sua desconfiança, me machucaram mais que ter uma arma apontada para a minha cabeça. Após arrumar todas as minhas roupas e mais algumas coisas essenciais para levar de imediato, dou uma última volta pela casa e solto um suspiro de alívio e tristeza. Cada parte dessa casa me lembra alguma coisa, as vezes que chorei de saudade da minha antiga, e as vezes que sorri ao ouvir o Renan pulando o meu muro. Enxugo as lágrimas em meu rosto, junto as minhas coisas e saio de casa, deixando de vez a Ludmila trancada lá dentro.Agradeço pela Jéssica estar trabalhando, ao menos não terei que dar uma satisfação a ela agora. Assim que passo pela boca, ouço um dos homens avisar ao Renan que estou saindo, e respiro algumas vezes na tentativa de não chorar no meio
— Eu preciso te contar uma coisa, não posso te esconder isso pra sempre, Lívia. — Débora diz e desvia o olhar do meu. — Todos nós estávamos preocupados com você lá, então naquele dia que te disse que bebi com o Leandro e o Ulisses, pensamos numa forma de te tirar de lá.— Não me diga que você teve algo a ver com tudo o que aconteceu, Débora! — Desculpa, mas foi a única forma que encontrei de te livrar da vida que você estava vivendo, Lívia. Isso que você sente não é amor, é síndrome de Estocolmo. — Quê?! — Exclamo surpresa e me levanto do sofá. — Não, eu não acredito que você colocou a minha vida em risco por achar que eu tenho algum tipo de síndrome. Claro, por que eu não imaginei isso? Você e a Thainá seriam as únicas que iriam conseguir pegar a minha correntinha sem que eu percebesse. Como você sabia onde estavam as armas?— Isso foi bem fácil, ouvi o TH e o DG conversando enquanto eu fingia mexer no celular.— Eu acreditando que você se aproximou de mim por ter me desculpado, qu
***Por Renan/Nanzin***Eu nunca pensei que a minha vida fosse de zero a cem em tão pouco tempo, num dia estou feliz por acordar ao lado da mulher que eu amo, no outro estou a expulsando, literalmente, da minha vida. Poderia relevar a mentira dela, afinal, os motivos dela são os mesmo que os meus, mas não agora que descobri tudo sozinho só consigo pensar que tudo não passou de uma mentira. Tudo parecia tão real, e agora tudo o que me vem à cabeça é que ela só estava o momento certo para agir, e é o sentimento de traição que torna tudo ainda pior.— Qual foi, Nanzin. Tá tudo tranquilo? — DG me pergunta assim que chego na matriz, após todo o estresse com a Lívia. — Não, mas deixa essa parada pra lá, DG. Bora focar nos assuntos mais importantes. — Bora, parceiro. Temos que agitar uma solução pro bagulho das armas, pra tu adiantar logo a sua vida.— Tem pressa mais não, não vou mais sair daqui agora.— Ué, Nanzin. Que papo é esse? — Nada, porra. Só mudei os planos, não tem mais motivo p
***Por Lívia***Há coisas que mesmo sabendo que não dará certo ainda assim fazemos para quebrar a cara, e ir até o morro foi uma delas. Eu fui até lá com a intenção de ir na casa da Jéssica, mas, no fundo, sentia a esperança de ver o Renan e, de repente, conseguir convencê-lo de me perdoar. Ao contrário disso, senti uma tristeza ainda maior ao saber que fui proibida de entrar lá, e isso me custou dias de choros trancada no quarto do hotel, onde me hospedei até conseguir o meu apartamento de volta.Prometi a mim mesma que não iria mais mentir sobre quem eu sou, e por mais que a minha amizade com a Jéssica tenha começado por conta da minha mentira, decidi abrir o jogo para ela e contar a minha verdade. Como já era de se esperar, a reação dela não poderia ser diferente, e após receber alguns xingamentos ficamos dias sem nos falar, mas aos poucos ela parece ter me entendido e fizemos as pazes.[...]Tudo continua na mesma entre mim e o Renan, já se passaram um pouco mais de dois meses d
— Por que a surpresa? Atrapalhei alguma coisa? — Renan diz enquanto entra no meu apartamento e aponta para o Christian. — Não vai me apresentar o seu novo amigo? — Esse é o Christian, meu ex namorado. Christian, esse é o Renan, o meu ex namorado. — Prazer, Christian. — Renan o cumprimenta em inglês, eles apertam as mãos e então ele abre a porta novamente. — Agora pode sair, bom retorno até a sua casa. Christian me encara confuso e eu encaro seriamente o Renan, que me dá um olhar debochado e continua com cara de paisagem. — Me desculpe por isso. — Digo assim que o Christian passa pela porta, e o Renan logo me abraça por trás. — Tudo bem, Liv. Adorei a nossa noite, até agora. — Ele força um sorriso e me dá um beijo no rosto. — Nos vemos antes da minha volta?— Claro, a gente marca algo antes de você ir. Nos despedimos e eu entro assim que o Renan me larga. Ele se senta no sofá, pega a minha taça, prova o vinho e abre um sorriso debochado.— Preciso te ensinar a escolher um vinho?
Se era vingança que o Renan queria, ele conseguiu a partir do momento em que decidiu vir até a minha casa, me fazer acreditar que tudo voltaria ao normal e simplesmente ter agido como um babaca. Novamente tomada pela tristeza, me isolei por alguns dias e decidi dar um novo rumo a minha vida. O jantar com o Christian me distraiu, me fez lembrar dos anos que morei em Portland, e a atitude babaca do Renan me decepcionou ao ponto de considerar passar um tempo por lá. Não sei como será a minha readaptação por lá, porém tudo o que eu quero agora é me manter o mais afastada disso, pelo menos até conseguir me curar da dor que assola cada parte de mim. Embora a Thainá e a Jéssica achem um absurdo a minha ideia, as duas me apoiaram mesmo assim e eu praticamente obriguei a Jéssica a não contar nada para o Renan sobre isso. Como não poderia ser diferente, as duas trataram de organizar a minha despedida, no mesmo pub onde a minha presença sempre era garantida.— Esse lugar é estranho. — Jéssica d
Ainda que o meu coração grite para que eu perdoe o Renan e desista de viajar, lá no fundo, sinto que essa é a melhor decisão que posso tomar. Após realizar todos os procedimentos necessários para o meu embarque, permaneci conversando com a Thainá enquanto esperava o anúncio do meu vôo.— Se em dois meses você não voltar, eu te juro que vou atrás de você e te busco pelas orelhas. - Thainá diz assim que nos sentamos.— Exagerada demais, amiga. Eu volto, sabe que não vou conseguir ficar longe do Renan por muito tempo, mas ele tem que sofrer um pouco. — Mulher magoada é um perigo mesmo, ainda bem que o meu coração não tá ocupado por ninguém. — Sorte sua, Thai. É péssimo sofrer por amor, nunca tinha sentido nada parecido antes. Agora é a vez dele sofrer durante esses dois meses, se o Nanzin não arrumar uma fiel durante esse tempo, talvez eu reconquiste o Renan quando voltar.— Do jeito que a Jéssica disse que ele tá um poço de mau humor, imagino como vai ficar aquele morro quando ele sou