O apartamento aparentemente estava vazio, era simples, mas aconchegante. Com alguns brinquedos espalhados pela sala e fotos da Emily, somente dela. Madison foi até a cozinha e eu me sentei no sofá. — A Emily e a Ísis estão dormindo? — perguntei quando a vi voltar. — Não, Emily está na casa do namorado ou namorada, ela nunca me apresentou. E a Ísis está com uma vizinha. — ela se sentou ao meu lado. — Emily já nos deixa morar com ela e não acho certo que ela fique com a Ísis sempre que preciso chegar tarde. — Ela não devia se importar, é a sobrinha dela. Eu faria isso sem problema algum pela minha sobrinha. — respondi, vendo ela abrir a caixinha de curativo. — A Emily é intensa, você deve ter reparado, eu prefiro evitar brigas desnecessárias. — e fazendo isso, ela anulava as próprias vontades. Ela pegou uma gaze, molhou com soro e limpou o machucado, tinha tudo na caixinha e me perguntei se ela se machucava com frequência. — Você tem uma sobrinha? — Sim, o nome dela é Rubi, te
Não diria que estava arrependido, essa não é a palavra. Definitivamente eu não estava arrependido, mas não devia ter dormido com a Madison. Nós dois queríamos, talvez fosse nossa única oportunidade, mas não devia ter acontecido, Emily é irmã dela e pode ser minha irmã também, não teríamos parentesco sanguíneo, mas… Emily entrando para a família, ela também faria parte. Me levantei pela manhã em silêncio enquanto ela dormia, fiz o mínimo barulho possível, se ela acordasse, teríamos que ter aquela conversa. Peguei minhas roupas e fui para a sala, coloquei a calça e a camiseta e bateram à porta da sala. Olhei para o quarto onde Madison ainda dormia e nem se mexeu, do outro lado da porta, ouvi um "mamãe" e deduzi ser a Ísis, por isso decidi abrir a porta para não deixá-la esperando. — Andy? — a pequena questionou entrando em casa. A mulher que a acompanhava ficou parada esperando alguma coisa — Onde está a Madison? Ela precisa me pagar. — Ela está dormindo, quanto é? — 150. — ache
Encontrei Filipe ainda no saguão do hotel, à caminho do restaurante, nos cumprimentamos e seguimos juntos, falando sobre coisas banais da vida, paramos no bar, ambos pedimos uma dose de whisky e nos sentamos nas banquetas. — …Mas tenho quase certeza que não me chamou aqui para falar sobre a Rubi e a escola. — Eu gosto de ouvir essas histórias, mas realmente não te chamei para falar disso, indo direto ao assunto... vou começar por onde essa história chegou até mim. — contei o que aconteceu, começando pela reunião anual da morte da minha mãe, até a conversa que tive com nosso pai. — …Resumindo, podemos ter uma irmã. — Se ela for… o que aparentemente tem muitas chances de ser, ela será muito bem vinda à família, falando por mim. É estranho, mas vou estar disposto a fazer dar certo assim como foi com você. — Com certeza você e a Jade não serão o problema, mas sim o nosso pai, ele não pareceu favorável a ideia e ela teceu comentários bem desagradáveis sobre ele. — terminei de beber
Por: Madison Milani Enquanto escolhia um vestido para a Ísis usar, já pensava no que eu usaria. Andrew não disse que tipo de jantar seria e estava com medo de exagerar ou de não me vestir de acordo. Não estava sabendo escolher nem mesmo para a Ísis, que tinha vários vestidos lindos. Sempre acreditei que nossa maneira de se vestir, diz muito sobre quem somos, mas mudei totalmente minha perspectiva quando conheci o Andrew. Ele estava sempre de preto, no máximo cinza e tinha uma cara fechada, que parecia estar sempre bravo, mas ele nem percebia. Ele me deixou intrigada desde o dia que o conheci, naquele encontro em memória a mãe dele. Embora eu tentasse prestar atenção às homenagens, meus olhos sempre voltavam a ele, quieto, cabeça baixa, apenas ouvindo. Por um momento tive vontade de abraçá-lo, era nítido que ainda sentia falta dela, mas afastei a ideia imediatamente, não queria alimentar esse tipo de sentimento e fantasiar histórias que nunca iriam acontecer. Mas quando vi Emily ind
Seguimos para a mesa reservada com Ísis ainda no meu colo, mesmo já grande e pesada, eu não negava quando pedia, pois era sempre quando ela não estava bem ou confortável e depois que nos sentamos, ela já voltou a ficar mais tranquila. O restaurante tinha um espaço amplo, iluminado por luzes ambiente, num tom amarelado que tornava tudo mais escuro e de certa forma, íntimo, pois ninguém te notaria. A decoração com flores frescas e pequenas árvores em vasos, espalhava um cheiro bom e dava um certo frescor e elegância. As mesas eram de madeira e as cadeiras com assentos estofados, muito confortáveis. No cardápio tinham coisas que nunca vi, outras que só ouvi falar e poucas que eu sabia o que era, preferi a segurança de algo que já conheço e escolhi um macarrão com carne, que tinha um nome chique no cardápio e por sorte o menu infantil era muito mais fácil e Ísis pôde escolher ela mesma o que queria. — Então, senhor Chevalier, por que não disse quem é? — perguntei após o garçom se retir
Sabe aquele sorriso impossível de tirar do rosto? Que aparece em momentos aleatórios do dia quando pensa em algo sobre a pessoa? Ou quando se vê perdida em pensamentos e lembranças? Foi assim que fiquei o dia inteiro, me sentindo uma boba apaixonada. Até mesmo a Ísis percebeu que eu estava distante e mais sorridente, mas era pequena demais para entender. Só que a outra pessoa que morava comigo, não era uma criança e tentei de todas as formas não demonstrar que estava nas nuvens, mas Emily acabou vendo as flores no meu quarto, pois Ísis fez questão de mostrar. Conversei com a Ísis mais cedo, pedi que não contasse para a tia que saímos com o Andrew e quando vi as duas indo para o meu quarto, corri atrás para tentar evitar que Emily descobrisse tudo e por sorte, tenho uma filha obediente e quando me viu, disse que foi "um amigo da mamãe" e mudou de assunto. Eu sabia que Emily não ia esquecer esse assunto tão fácil e me preparei o restante do dia para responder as perguntas que ela cer
Andrew Chevalier Fiquei no carro esperando a Madison e a Ísis para um passeio, Emily ia sair novamente e não podia ficar com a sobrinha, não era um problema, mas eu estava ansioso para ficar a sós com a Mady. Eu estava ali, mas também estava distante, mais cedo tive uma conversa com meu pai após ele conhecer a Emily. Ele me pediu perdão por não ter insistido em me procurar no passado, mas que acreditava ter sido melhor assim, pois teria sido um péssimo exemplo assim como foi para o Filipe. Ele estava errado, mas não consegui dizer isso a ele. Me fez muita falta e receber um pedido de perdão tocou em feridas que eu nem me lembrava mais que existiam, mas de certa forma era bom. As duas não demoraram a aparecer, as recebi com um abraço e entreguei o presente que trouxe. Mady como sempre estava linda e a cada vez que a via, me lembrava porquê ela tem se tornado cada dia mais especial e logo esqueci a conversa que tive mais cedo. Nós fomos para o circo que estava na cidade conforme
Madison Milani— Sabe, Emily, a única pessoa horrível que eu vejo aqui é você e eu espero, de verdade, não ter nenhum grau de parentesco com você. — Andrew disse num tom de voz frio, capaz de causar calafrios, mas pareceu não ter diferença para a Emily. Eu ainda estava sem reação com aquela situação, já esperava uma péssima reação dela, afinal a última conversa que tivemos deixou claro que ela só quer essa família pra alcançar o sucesso que tanta deseja e me diminuir de todas as formas possíveis. Ela sabe que um dia eu também busquei pelo sucesso e falhei, busquei por uma família e falhei. E que eu nunca terei nenhum dos meus pais biológicos. Por alguma razão, que eu não conseguia entender, ela estava buscando ser melhor que eu, mesmo que eu não tenha nada pra se invejar. Não podia mais ficar naquele apartamento e nem mesmo queria, apesar de não ter para onde ir. Estava ali de favor, ela sempre deixava isso bem claro, assim como também gostava de se gabar do ótimo emprego e salário