Apollo esfregou os olhos novamente, querendo não acreditar no que via. Bianca estava nua, ao seu lado. Ela se espreguiçou.- Bom dia. Ela rolou sobre ele. - Bom dia, não. Ótimo dia, Apollo. E esse raio de sol sobre nós?- Pois é. O astro rei está nos dizendo que o dia nasceu há horas. Não vimos o espetáculo do sol.- Porque estávamos ocupados. Dormi feito uma pedra.Ele observou seu pijama, no chão com as almofadas. - Nós dois, aqui no sofá. Adão e Eva, sem as folhas de parreira cobrindo as partes. Aconteceu o que eu estou pensando?- Bobo. Não se lembra?- Não. Me lembro de ir para o sofá, ontem a noite. O bolo. O refrigerante com gelo. - Eu com a camisola transparente. O apartamento na penumbra. Os dois cansados.- Me lembro de ter perguntado se estávamos a sós. Eu caí no sofá. Minha cabeça ainda dói.- Você me puxou pelo braço. Veio com seu corpanzil e me dominou. Nos beijamos.- Sério?! Me desculpe.Bianca mostrou o braço roxo.- Você sempre me respeitou. Nunca olhou pra mim
Apollo foi para o escritório.- Oi, Apollo. Tudo bem?- Tudo bem, graças a Deus. E com você?- Tudo bem também. Poderia ser melhor.- Sim. Sempre buscamos melhorar. A melhora acontece quando somos gratos por aquilo que temos.- Esse é o motivo da minha ligação. Mostrar minha gratidão a você. Em outras palavras, o que vai fazer a noite?- Eu? Que surpresa. - Está surpreso porquê?- Um convite seu. Me pegou de calças curtas. - Pensei na gente, sabia ? Quer sair pra jantar?Apollo passou a mão nos cabelos.- Eu adoraria mas.Ela não o deixou terminar.- Sabe o que estou com vontade? Pegar um podrão. - Sério. Estou pensando nisso há tempos. Naqueles treilers de lanches, nas praças. Um lanche com tudo dentro, hambúrguer duplo, ovo, alface, maionese, tomate, azeitona, milho, mussarela e presunto.- Bacon. Muito bacon.- Sim. Tomando coca cola.- É. Depois a gente poderia ir numa sorveteria. Amo vaca preta.- Nossa, eu adoraria mas tenho que gravar vinhetas e programas, hoje a noite. N
- Que acha da gente sair pra jantar?- Eu sugiro algo mais simples e leve, ainda mais depois de uma feijoada, se não se importar.- Concordo, Apollo. Uma comida caseira?- Sim, Bianca. Pensei num arroz branco, peito de frango grelhado e antepasto de beringela. Que acha?- Perfeito. Você cozinha super bem. É bom em tudo que faz.- Obrigado. Vou começar a fazer a janta, então. Temos que estar bem para gravar as vinhetas.- Em que posso ajudá-lo?- Pode ligar para o Júlio César nos pegar, às dezoito horas e quarenta, por favor.- Certo.Após o jantar, Apollo recebeu a ligação de Júlio César, avisando que já estava na portaria do prédio. Apollo e Bianca desceram e Júlio os levou para a rádio. As gravações, as pausas, os acertos e erros, demorou mais que o esperado. Apollo e Bianca saíram tarde da rádio.- Está pensativo.- Cansado, minha cara. Feliz por ter renovado o estoque de vinhetas. Graças a você.- Graças a você também. Não se esqueça de me enviar as cópias.Júlio César observav
Bianca despertou. Estranhou que Apollo não estivesse na cama.-Que estranho. Cadê esse homem?Ela foi até a cozinha. Apollo estava passando o café.- Bom dia. Já acordou?- Bom dia, Bianca. Pulei às sete horas. Fiz uma caminhada e comprei pão quentinho.Ela o abraçou por trás.- Que delícia. Vou sentir falta de tudo isso.- Sinal que estou agradando.- Muito. Me arrependo de não ter vindo antes ao Brasil. Vai trabalhar hoje?- Sim. Estela vai passar aqui. Temos que ir a embaixada do Haiti. Vamos apoiar o programa Médicos Sem Fronteiras. Tenho uma reunião com eles, ao meio dia.- Um almoço de negócios.- Isso. A tarde, irei até a casa um. Jheniffer, a advogada, começará hoje como voluntária. Tenho que levar uma cadeira nova para a sala dela.- Já reparou que, nas nossas conversas, essa Jheniffer sempre aparece? Se ela não está na conversa, você a coloca.- Não reparei. Já que a citou, estive pensando em colocá-la como administradora geral no Brasil. Isso após um tempo como voluntária,
Apollo voltou ao restaurante.- Senhor Apollo. Deseja alguma coisa?Ele estava pálido. O gerente o segurou.- O senhor está bem? Encontrou quem procurava?- Não, Manolo. Se alguém lhe perguntar, eu não estive aqui, certo?- Está bem.Apollo saiu. A calçada. Precisava respirar. Ele nem ligou para a chuva e andou até uma praça. Um ponto de táxi. Queria ir pra casa.Jheniffer e Stefany chegaram ao condomínio de Daniella. Para surpresa delas, Daniella estava com Natasha.- Amigas, essa é a Natasha, minha ex assessora. Jheniffer e Stefany a cumprimentaram.- Essas são as minhas advogadas e amigas, Jheniffer e Stefany. - É um prazer. Assisti a live. Vocês duas foram brilhantes.- Obrigada, Natasha. Respondeu Jheniffer. - Bem, chamei a Natasha aqui pois queria me desculpar. Fui rude com ela. Nossa amizade é antiga e ela me ajudou muito, no meu início de carreira. A fim de me redimir, indiquei-a para ser assessora da minha amiga, a modelo colombiana Latoya.- Isso é muito legal de sua par
- A cadeira está confortável?- Sim, Apollo. É muito macia e confortável. Muito obrigada.- Fico feliz por isso, Jheniffer.- Mas não vou ficar aqui sentada direto ou vou dormir nessa cadeira, com esse barulhinho do ventilador. Vou andar pela casa um e interagir com as pessoas.- Tem razão. É novidade no início, depois as visitas vão diminuindo.Humberto e Bianca entraram.- Ouvi bem? Jheniffer quer interagir e ajudar em outras áreas? Isso é sensacional. Precisamos de voluntários na sala de artes, na creche, na capela, na cozinha e nos jardins da casa.- Pode contar comigo, Humberto.Bianca encostou em Apollo. Ela colocou a mão no antebraço dele.- Jheniffer tem tudo para alçar altos vôos na fundação, não acha?- Com certeza. Viu como todos se aproximaram? É um ótimo sinal.Apollo quis afastar a argentina mas permaneceu imóvel. Pensou que não seria boa idéia. Tinha de manter a calma, não denunciar que sabia da relação de Bianca e Júlio César. Essa informação era preciosa e só dele.
Após o lanche, Humberto se dispôs a levar Apollo e Bianca pra casa. A tarde caiu e o sol ensaiava seu adeus, formando uma belíssima tela no horizonte.- Vinte para as dezoito horas. Acho que já vou indo.- Você controla seu horário, Jheniffer. É uma voluntária, não funcionária. Fique a vontade pra ir, quando tiver algum compromisso.- Muito obrigada, Apollo. Estou afastada da academia. Vou treinar um pouco.- Legal. Eu farei o programa da fundação, das oito às dez da noite.- Vou ver se assisto. Tchau.- Até mais. Obrigado pela conversa.Ele aproveitou que Humberto e Bianca estavam no estacionamento. Apollo a acompanhou até o veículo dela.- Uma conversa estranha, de provocações. Você levou na boa. Esperava por isso pois você tem maturidade e senso de humor. Você e Bianca não combinam.- Também acho. Estou confuso.- Isso é raro. Sempre tem resposta pra tudo, Apollo. Você é sábio.- Pode parecer mas não sou. A principal virtude dos sábios é a humildade. Eu gostaria de conversar mais c
Apollo ligou para Júlio César. Era seu motorista e segurança. Ele precisava manter as aparências.- Boa noite, Júlio. Precisamos ir pra rádio. Faremos o programa da noite.- Boa noite, senhor Apollo. Em meia hora estarei aí.- Muito obrigado, por enquanto.Bianca surgiu na sala. Estava pronta.- Vamos fazer um belo programa. Estou pronta.- Perfeito, Bianca. Júlio César chegará em meia hora.- Vai dar tempo de lavar a louça do jantar.Apollo entrou na frente dela, bloqueando a passagem pra cozinha.- Por favor, deixe a louça pra depois. Só dois pratos, a travessa do macarrão e talheres. Pode espirrar algo na sua roupa.- Está bem. Você sempre tem razão.- Nem sempre. Estela conseguiu um vôo?- Conseguiu sim. Estela é muito profissional.- Às vezes, penso que ela merecia um cargo melhor na fundação.- Por que pensa assim?- Aqui entre nós. Certa vez o Júlio César me perguntou o porquê dela não ter um cargo maior que secretária e assistente? Alguns, mais novos que ela, conseguiram um