Os quatro chegaram ao shopping. Evandro saiu e abriu a porta para Jheniffer e Apollo, no estacionamento lotado.- Por favor, senhorita presidente e senhor CEO.Jéssica riu.- Muito obrigado, Jarbas. Quer dizer, motorista Evandro.Disse Apollo, entrando na brincadeira.- Aproveita e pede um aumento, amor.- Ah, não precisa, Jéssica. Já fomos promovidos. Apollo e Evandro foram atrás das mulheres.- Agora é sério. Quanto ganha Apollo, como CEO da fundação, prima?- Nossas contas são separadas, Jéssica. Não entrou muito nesse assunto com ele mas é uma quantia substancial. Quando a presidente Bianca veio ao Brasil e lhe fez a proposta, escutei ela propondo seis milhões.- Macacos me mordam. É grana que não acaba mais. É merecido pois é muita responsabilidade, a atuação é global. Seis milhões de reais?Jheniffer sorriu, apoiando-se no antebraço de Jéssica para subir o meio fio, antes da entrada principal.- De dólares, prima. Multiplica o valor por cinco ou seis reais. Não sei quanto está
São Paulo, inverno brasileiro.- Hora de voltar a realidade, bebê.Jheniffer saiu da cama, dando as costas para Bruno, o rapaz de ombros largos e abdômen trincado, esparramado na cama. Ele admirou o corpo dela. Uma perfeição. Uma grande tatuagem se destacava nas costas da moça. - Linda essa tattoo. O que significa?Ela se virou.- É um nó celta, um amuleto. Significa trindade, unidade e eternidade.- Que profundo.Ele abraçou o travesseiro.- Quero fazer um mantra no braço direito, Bruninho.Jheniffer esvaziou a taça de champanhe. Em seguida, vestiu a lingerie preta.-Seria capaz de ficar a vida inteira aqui, Jheniffer.Ela sorriu.- A vida não é só prazer e glamour.- Seus treinos têm dado resultado. Você está com um corpo incrível.- Sei disso. Você não é o único que repara. Tenho que voltar ao trabalho. Vou passar no fórum pra recolher uns documentos.Ela sentou-se na cama pra calçar as sandálias. Bruno a abraçou.- Foi mara. Teremos um replay?Ela colocou o relógio, a pulseira e
- Sou Alfredo Nascimento, advogado e fiscal do concurso. Que Deus lhe dê em dobro o que fez por mim.Jheniffer estendeu a mão.- Amém. Prazer, sou Jheniffer Stuart, estudante de Direito e, se passar nessa prova, talvez uma funcionária do INSS.Nascimento riu. Ela bateu no ombro dele com a palma da mão, uma de suas manias.- Pode rir. Sei que meu nome remete a personagens de livros de romance americano ou daquelas séries policiais. Acho que foi de onde meus pais tiraram meu nome.- É um nome forte, diferente. Você se expressa muito bem. Já comprovei que é uma pessoa gentil e bondosa. Trabalha onde?-Era garçonete mas fiz um acordo. Forneci o traseiro, a empresa forneceu o pé. Fui despedida por me atrasar. Estou desempregada. Preciso de um emprego pra ajudar meus pais a pagarem minha facul.Nascimento tirou um cartão do bolso.- Nascimento e Gomes Advocacia. Passe lá, na segunda feira. Temos uma vaga de secretária, se quiser. Poderá também me auxiliar nos processos. Ela tremia ao pegar
- Terminei minha rotina, Stefany. Faria uma aula de pilates, se não tivesse que pousar no hospital, como acompanhante do Nascimento.Como de praxe, o movimento da academia aumentou no fim da tarde. Jheniffer e Stefany foram até a área das bicicletas ergométricas.- Vamos pedalar um pouco. Apreciar o movimento e a música.- Você quer dizer paquerar.- Isso, Stefany. Ver se tem carne nova no açougue. Um boy magia ou um novinho.- Esse é o horário dos bombados. Disfarça, Stefany. Tem três deles nos secando, na prancha abdominal. Melhor olhar para a recepção. O próximo que entrar, é seu. Se for um gato, é meu.Stefany lidava bem com o fato dos rapazes terem mais olhos pra Jheniffer, que realmente era linda e chamava muito a atenção.- Jheniffer, você é terrível. Passa o rodo geral. Tirando os instrutores, que são gays por imposição do Michel, todos pagam pau pra você.- Esqueceu das mulheres. Não é minha praia mas respeito. Por enquanto, não.- Olha. Novidade isso. Ficaria com outra mul
Tempo depois, após um banho e um lanche rápido, Jheniffer chegou ao hospital Redenção. Preferiu ir num carro de aplicativo, pra não ter que deixar o seu veículo na rua. Estava de tênis, calça jeans e camiseta. Tinha uma sacola com cobertor e toalha de rosto. Levou um livro, maçãs, uma caixa de bombons e duas tupperwares. Numa delas, torradas com geléia de mirtilo. Noutra, frango grelhado com batata doce e quinoa.- Marcela. Cheguei.Ela abraçou a esposa de Nascimento, na recepção do hospital.- Que bom que veio, Jheniffer. Fred, meu sobrinho, ficou com ele um pouco. Nascimento ainda está dormindo. Já está no quarto, o que é ótimo. Eu entrei pra vê-lo, rapidinho.- Está bem. Que boa notícia. Ele vai se recuperar. Vim de máscara contra o Covid19, ainda que as medidas de proteção tenham diminuído, estamos num hospital. Trouxe até meu álcool gel. Eu assumo o turno da noite. Precisarei de carona, amanhã cedo.- Sem problemas. Eu virei, às seis da manhã, na troca de turno. Eu a levarei, c
Jheniffer devolvia os halteres aos seus lugares quando Apollo se aproximou.- Boa tarde. Vou ajudá-la.Ela sorriu.- Enfim um cavaleiro. Muito obrigada. Sou Jheniffer.- Prazer. Sou Apollo Hermann. O instrutor Maurício me mandou para o Full Body.Jheniffer o mediu da cabeça aos pés. - Full Body é para iniciantes. Você tem um corpo perfeito. Com todo respeito.- Acha mesmo? Deve ser porquê sou novato aqui, que me colocaram na iniciação. Estava afastado dos treinos.Ela mordiscou o lábio inferior. Apollo tinha dois olhos verdes, incrustados como jóias naquele rosto másculo. A barba por fazer. Ele guardou o último peso, erguendo os braços e evidenciando as veias saltadas deles. O olhar dela passeou, das coxas grossas e torneadas ao peitoral, sua parte preferida na anatomia masculina. - Terei que dobrar minha carga de exercícios para que meu coração suporte sua beleza.- Essa cantada de academia é velha, Apollo. Vou encarar como elogio.- Me desculpa. Sua beleza é desconcertante. Ele e
Jheniffer foi até o banheiro do quarto do hospital. - Que sonho. Não acredito, sonhei com aquele novato da academia. Estou ficando louca mesmo. Preciso lavar o rosto. Ela sentou-se na beirada da cama de Nascimento e acariciou a mão dele. O paciente acordou. - Jheniffer? Que horas são?- Cinco e dez da matina. O médico disse que ficará uns dias em observação. - Só ouviu isso?- Não. Vou contar o que escutei. Cochicharam que, se você não largasse o cigarro, o uísque e o churrasco, teria mais dois anos de vida apenas.- Sério? Está mentindo.Ela o encarou, segurando o riso.- Verdade. Cochicharam que as veias do seu coração estavam entupidas. Quando passaram a mangueira, pra desentupir as veias do seu coração, o cheiro de uísque e picanha inundou a UTI. Teve enfermeira que desmaiou.- Meu Deus. Então a coisa foi séria? Não, está mentindo pra mim.- Não minto, mas há conserto. Você terá que parar com os vícios, praticar exercícios moderados, ter uma dieta balanceada, não se estres
Jheniffer atirou o celular no chão, quando o despertador tocou. - Estou um bagaço. Queria dormir mais um pouquinho. Hoje é a festa do Nascimento. Ele vai ter alta. Tenho que pegar o bolo e ajudar a Marcela. Prometi ajudar, agora tenho que aguentar e manter a palavra. Ela deixou a cama desarrumada. Foi pra cozinha, ainda de pijamas. - Deveria ser proibido levantar às seis. Baile funk é tudo de bom mas, pra acordar no outro dia, é um sacrifício. Preciso de um banho gelado e um café forte pra acordar. Preguiça, esse corpo não te pertence. Já na casa de Marcela, ela comemorou quando Fred chegou com uma máquina de encher bexigas. - Graças a Deus. Ninguém merece encher balões com a boca. Temos que terminar a decoração antes das oito horas. Os amigos e familiares de Nascimento chegaram. Stefany chegou com sua mãe, Celeste. O advogado desceu do carro, abraçado a esposa. Nascimento foi aplaudido, ao passar pelo portão. Jheniffer o abraçou. - Bem vindo de volta, amigo. Vida que segue