- Como será esse novo governo, Martin?O garçom olhou para Velasco e franziu a testa.- Nada de novo no front. Tudo como antes, a riqueza nas mãos de poucos abastados, migalhas pra grande maioria de abestados.- Entre os quais, você se encontra.- E você não?- Estou mudando de patamar, meu caro. Entrando no mundo dos ricos.Alguém bateu nos ombros de Velasco.- Já que está no mundo dos ricos, pague o que me deve.O garçom deixou a garrafa de conhaque sobre a mesa e saiu, com um sorriso no rosto.- Ora, ora. Meu amigo advogado.- O grande e rico Velasco tomando conhaque? Já teve dias melhores, meu caro.Velasco o cumprimentou.- Sente-se.- Obrigado. Vou pedir um Martini.- Ótima escolha. Como anda a vida?- Como disse ao garçom, melhorando. Também quero ficar rico. Estou cansado de acordar pobre todo dia. Aquela velhota não me dá um aumento há anos, desde que Salomão era vivo.- O rei ou aquele que criou a fundação Hermann?- Amo seu senso de humor, Velasco. Sua dívida está quitada.
Renata desceu do seu carro. Colocou as chaves do veículo na bolsa Prada. O terninho verde oliva e o cabelo solto davam-lhe um charme especial. Ela ajeitou os óculos escuros e cruzou a rua, entrando na casa da fundação Hermann. Humberto a recebeu com um abraço.- Bom dia, minha deusa do Egito. Bem vinda de volta ao lugar de onde nunca devia ter saído.- Bom dia, Humberto. Você torna o meu dia mais colorido.- Que bom ouvir isso. Eu sirvo pra alguma coisa. Entre.- Ah, como é bom voltar.- Como é bom tê-la de volta, Rê. Como aquela canção de Léo Jaime, nada mudou.- Aqui, né? Na outra casa está um caos.- Nem me fale. Fiquei lá por um tempo, cobrindo a saída do Caíque. Espero que a Estela organize aquilo.- Será? Sempre a achei tão sem sal. Excelente secretária mas como coordenadora, tenho minhas dúvidas. Parece não ter pulso firme.Humberto abriu uma sala.- Seu escritório está intacto, tudo como deixou.- Muito obrigada. Minha mesa e os armários, que saudades.- Apollo passava horas a
Humberto e Renata entraram no restaurante.- Um chopp, pra começar?- Um chopp pra comemorar, Humberto. A minha volta a fundação, a vida.- Uau. Está mesmo animada, deusa do Egito.- Animadíssima. Com essa decisão judicial da Argentina, não sairei mais da fundação Hermann. Estou com o garfo e a faca na mão.- Isso aí. Bola pra frente, linda. Tempo depois, eles aguardavam a sobremesa. Humberto a encarou.- O que sabe sobre o meu sequestro?- Muda o disco, Humberto. Essa história já passou.- Pra polícia sim, pra mim ainda não. Queria descobrir quem foi o mandante e o motivo.- O delegado disse que foi engano. - Se o delegado falar que veneno é bom pra pele, eu devo tomar? Está louca? Você sabe de alguma coisa, Rê. Somos amigos ou não?- Lógico, somos quase irmãos. - Fala vai! Prometo segredo.- Jura?- Juro por São Ivo Pitangui do silicone, o padroeiro das cirurgias plásticas.- Não existe esse santo. Que blasfêmia.- Inventei agora. Fala logo o que sabe daquele dia trágico na minha
Estela estava incrédula.- Acha mesmo que o atentado era contra o Júlio César?- É uma suspeita que tem tudo a ver, Estela. Esse relacionamento dele com a Bianca é que não bate. Se não se conheciam, qual o motivo de se atracarem no terraço do restaurante? Alguém deve ter ficado furioso com alguma coisa mas quem e porquê?- Intrigante, Apollo. Está claro que Bianca veio para o Brasil a fim de o conquistar e o afastar de Jheniffer. - Certamente. Muita coincidência ela ter vindo na época que nos conhecemos. Aquele vôo que parou em Chapecó, nos esbarramos no aeroporto. Estranho.- Ela com o penteado da finada Manoela. Desculpa, você foi inocente ao levá-la ao seu apartamento. Deveria ter deixado a nadam num hotel, custeado pela fundação.- Tem toda a razão, Estela.- Ela o dopou. Se não fosse a conferência, da qual era palestrante principal, ela estaria até hoje grudada a você, como um encosto.Apollo bateu três vezes na mesa de madeira.- Encosto! Estou fora.- Acredita nisso?- Oh, se
- Geralmente, é uma aliança mais fina, visto que o noivado é por pouco tempo. - Acha mesmo?- No meu caso foi assim. Nosso noivado durou três meses apenas. Demos a aliança de noivado como parte do pagamento da aliança de casados, senhor.- Ah, tá. Entendi.Apollo olhou de novo as amostras de alianças da joalheria do shopping. Estava indeciso.- Gostei dessas. - Uma bela escolha, senhor. Não é tão fina nem tão grossa. Ouro puro. Ela vai amar.- Espero que sim. Será uma surpresa. Vou levar essas aqui. Trouxe um anel dela, escondido. Assim, não precisarei voltar pra trocar.A vendedora pegou o anel de Jheniffer e mediu na aliança.- Perfeito. São do mesmo tamanho.Apollo provou sua aliança.- Parabéns. São três mil reais, a gravação dos nomes e a data inclusas. - Certo. Vou levar.- Perfeito, senhor. Quais os nomes para a gravação das jóias?- Jheniffer e Apollo. - Por favor, escreva os nomes no rascunho, pra não haver erro.- Certamente. Apollo é com dois eles. Jheniffer tem diferen
Jheniffer ligou para Apollo. - Oi, amor. Quer que lhe pegue na fundação? Está na casa um? - Oi, estava. Wellington já me deixou em casa. - Tem uma música de fundo. Está ouvindo Maroon 5? - Ah, é. Coloquei a ração do Théo quando cheguei e pus uma música. Estava terminando a janta. - Hum. Marido prendado, rápido e romântico. Que teremos para o jantar? - Ah, é surpresa. - Especial? - Digamos que sim. Não posso dar spoiler. - Ah. Dá uma dica. - Tem a ver com você. Com nós dois. - Isso não é dica. Tudo tem a ver conosco. Eu só penso em você. - Empatou. Também só penso em você. - Deus até calor agora. Fica peladão e me espera, vou chegar te agarrando e abusando do seu corpinho gostoso. - É sério? - Brincadeira. Isso é pra bem depois do jantar. - Olha, me assustou. - Chegarei em vinte minutos. Beijos. - Beijos. Apollo mandou mensagens para Wellington. - Oi. Podem vir. Jheniffer chegará e vai tomar um banho. - Apollo, estou na frente da casa da Stefany. Daqui uns quaren
Jheniffer levou um susto, ao ver seus pais em frente a porta de seu apartamento. - Não acredito! São vocês? - Não filha, é a Cuca e o Saci Pererê. Lógico que somos nós. Viemos passar o final de semana com vocês. Jheniffer abraçou a mãe, Helena. Apollo cumprimentou o pai dela, Roberto. - Já conhecem a Stefany. Esse é o Wellington, namorado dela. Wellington cumprimentou os pais de Jheniffer. - Escutei um vozerio, do lado de fora. Parecia briga de casal. Perdão, Apollo. O chamei de banana. Wellington a corrigiu. - Escutei bem, Jheniffer chamou-o de bananão. Stefany o beliscou. - Que feio, Wellington. Corrigindo a dona da casa. - Estava defendendo meu patrão. Todos riram. Jheniffer abraçou e beijou Apollo. - Perdão, amor. Estava nervosa. - Está perdoada, amor. Que surpresa boa seus pais aqui. - Quisemos fazer surpresa mesmo. Chegamos na hora boa. Meu genro, se acostume com os xingamentos. Depois de dez anos de casados pioram. Apollo puxou a mesa, liberando espaço para mai
Stefany olhou as horas no celular. Raios e trovões anunciavam chuva forte.- Nove da noite. Vamos, Wellington?- Sim. Hora de dar tchau.Apollo colocou a mão no ombro dele.- Você também assistia Teletubbies, pelo jeito.Jheniffer riu.- Esses dois falam cada coisa, assim do nada. Foram lembrar desse desenho antigo.- Por isso se dão bem. Parecem dias crianças, tem hora.Apollo os acompanhou até a recepção do condomínio. O pai de Jheniffer foi com ele, para colocar o carro na garagem do prédio.- Às vezes até esqueço que temos duas vagas de garagem.Jheniffer sentou-se ao lado da mãe. Helena cruzava os dedos e mordia os lábios.- Que alegria ver você noiva, Jheniffer.- Sim. Estou feliz.- Eu também. Apollo é um ótimo partido. Dá pra perceber que a ama muito. Vocês namoram há tão pouco tempo.- Verdade. Nem eu esperava ficar noiva tão rápido.- É um bom sinal. Ele não é daqueles que cozinham o galo.- Não entendi.- Cozinhar o galo significa demorar. Aqueles casais que namoram oito,