Saímos para fora da casa. As nuvens haviam ido embora completamente, indicando que seria um dia ensolarado. A noite ainda predominava o céu. A lua continuava rodeada de lindas estrelas. Eu conhecia cada constelação, já havia estudado astronomia alguns anos antes.
Eu amava o universo. Era ainda mais lindo que o planeta em que eu vivia. Tão grande, cheio de riquezas e belezas que talvez nem mesmo eu, sendo uma vampira, poderia chegar perto.
Admirar o universo era tudo o que os imortais e os mortais poderiam fazer.
William desceu os degraus na minha frente e olhou para trás enquanto eu segurava meu vestido para chegar até ele.
Ele colocou as mãos nos bolsos quando ficou claro que eu não seguraria nelas.
- Imagino que você tenha viajado por todo o mundo nesses... – ele olhou para o céu enquanto fazia as contas da minha idade na cabeça. – Quinhentos e d
Aquela “amizade colorida” estava dando certo. Estávamos nos conhecendo melhor como pessoas. Na noite anterior, antes de dormimos na mesma cama (ainda com um metro separando nossos corpos), eu lhe contei sobre ter escalado o Monte Everest com meu amigo Alec, e sobre a aposta para ver quem era mais rápido, correndo pela muralha da China.William deu risada e acreditou quando eu disse que se não fosse o salto alto e o vestido pesado, eu teria ganhado de lavada de meu amigo vampiro.Ele me contou sobre a única vez que foi para Las Vegas, alguns anos antes. Wayne o proibiu de voltar lá depois que ele perdeu quase meio milhão em cassinos. William tinha como recordação (escondido de seu pai) um álbum de fotos que tirara em frente à cada cassino que visitara. Ele prometeu me mostrar um dia.Dois dias depois William, Warren, Dalary e eu estávamos no tatame
Na porta da frente da mansão, segurando uma mala de viagem, estava uma linda moça, humana. Sua pele era morena clara e ela tinha olhos castanhos escuros, iguais aos seus cabelos cacheados.Ela fez uma mesura quando me viu, com um sorriso educado no rosto.- Senhorita Alena, meu nome é Victória, fui mandada por Muriel para servi-la. – Ela se reverenciou novamente para mim.Victória estava usando um vestido preto e branco básico que ia até seus joelhos, com gola alta e mangas que iam até seus cotovelos. Não havia joias em seus pulsos, orelhas ou pescoço, nem nenhuma tatuagem evidente. Sua pele estava linda, sem nenhuma maquiagem. Ela era linda. O tipo de mulher que Muriel buscava para fazer parte de nosso clã.Ela era jovem, devia ter uns vinte e cindo anos, talvez menos. Seu nariz era pequeno e delicado, mas ela tinha lábios fartos. Suas sobrancelhas eram levemente ar
Verifiquei Victoria antes de descer para a sala de jogos, ela estava melhor, havia tomado uma aspirina para dor de cabeça e haviam levado o jantar em seu quarto. Encontrei-me com meu marido e meus cunhados na sala de jogos no horário marcado.Foi uma noite agradável com eles. Aprendi vários jogos diferentes, e ganhei deles na maioria. Eu aprendia rápido e isso apenas enfurecia Dalary. Ela era tão competitiva quanto eu, talvez mais.As bebidas foram colocadas sobre a mesa e eu aproveitei o uísque e o vinho importados.Eu estava usando um belo vestido preto, do século XXI. O decote era grande o suficiente para manter os olhos do meu marido em meus peitos a maior parte da noite. Ele sentou do meu lado e eu pude provocá-lo colocando a mão em sua coxa cada vez que eu me inclinava na sua direção. A mesa coberta com veludo verde impedia meus cunhados de verem a excitação n
Eu não consegui dormir nas horas que se passaram. William estava em um sono pesado atrás de mim, deitado de bruços, mas eu nem conseguia manter as pálpebras fechadas. Se o sol não ferisse a minha pele, eu estaria na janela, olhando para fora, esperando Waldrich voltar em algum momento, afinal, aquela era a casa dele. Ele voltaria.Horas se passaram e não houve nenhum sinal dele. O dia veio e se foi, eu fiquei parada enquanto Victória colocava a minha roupa e apertava o meu espartilho. Sim, ela era mais forte do que parecia.Sentei-me de frente para a penteadeira e deixei-a manusear o meu cabelo e depois fazer a minha maquiagem. Ela havia se recuperado totalmente da falta de sangue e havia dormido muito bem no novo quarto.Ela não falou mais que o necessário, vendo que eu estava quieta e que não queria conversar naquele momento. Ela me ofereceu o pulso, mas eu recusei, sentindo que não c
Doze dias. Foi esse o tempo que Waldrich ficou fora de casa.E foi durante doze dias que eu fiquei sem me alimentar. Eu nunca tinha passado tanto tempo assim sem beber sangue. Foi estranho e eu me senti muito fraca. Victoria ficou preocupada comigo e abriu o colarinho de sua blusa para eu me alimentar dela, mas mesmo sentindo o cheiro de sua pele as minhas presas não apareceram.Eu a dispensei e continuei na cama, não querendo nem ao menos me levantar. Como meu marido não estava em casa nos últimos dois dias, eu nem me preocupei em cuidar da minha aparência. Fiquei de camisola o dia inteiro e a noite inteira. Em um único momento que eu consegui dormir, eu sonhei que meu cunhado estava morto e acordei assustada com o meu coração quase saindo pela boca.Não voltei a dormir depois disso. No décimo terceiro dia William voltou para casa. Ele não havia encontrado Waldrich em Seattle e havia pe
Eu não lembrava mais qual era a sensação da luz do sol em minha pele. Eu lembro que, quando era humana, eu adorava ficar à luz do sol, vendo minha pele ficar mais morena.Eu deitava na grama, no topo de uma colina, fechava meus olhos e aproveitava aquele calor.Mas como vampira, eu não era exposta ao sol há pelo menos quinhentos anos.Nunca, nem mesmo um deslize. Durante o dia as janelas eram trancadas, as cortinas fechadas. Não havia nenhuma passagem para o sol entrar. Muriel cuidou bem de mim e nunca permitiu que me machucasse.Mas ali estava eu, me expondo ao sol, apenas para ver se Waldrich estava bem.O sol tocou a pele do meu braço e queimou. Não pegou fogo, mas a pele escureceu como se fosse papel queimado.Gritei de dor, mas não fugi para sombra, como deveria ter feito.Waldrich estava deitado no chão de bruços. Havia rasgos em sua jaqueta de c
Assim que minha cabeça repousou no travesseiro eu caí em um sono profundo e sem sonhos. Quando acordei o sol já havia se posto, mas William continuava deitado na cama ao meu lado. Ele estava deitado de lado, virado para mim, observando-me enquanto eu dormia.- Como você está se sentindo? - ele perguntou.Espreguicei-me na cama, sentindo meus músculos menos doloridos.- Bem - murmurei enquanto bocejava.- Não precisava ter ido até o quarto de meu irmão. Devia ter continuado descansando - disse meu marido, passando a mão no meu cabelo e colocando uma mecha atrás da minha orelha.- Eu me curo rápido.- Eu sei. Mas por um momento, pensei que você morreria.Soltei uma risada baixa.- Ficou com medo?- Talvez.Virei de costas para ele e me levantei da cama. O quarto havia sido limpo antes de nós nos deitarmos para dormi
Dois dias depois, Victória insistiu em me acompanhar em meu treinamento matinal. Warren havia dito que deixaria dois floretes de esgrima separados para mim na sala do porão. Falei para Victória sobre os tipos de luta que eu havia aprendido em meus quinhentos anos de idade.Vitória contou-me que quando era criança queria ser ginasta, mas seus pais a convenceram do contrário e ela acabou desistindo de seus sonhos.Desci as escadas com ela e abri as portas duplas, encontrando os dois floretes sobre o banco comprido ao lado da mureta que separava uma sessão da sala da outra.- A senhorita pretende treinar comigo? Já vou avisando que eu não sei nada sobre esgrima - disse Victória com uma risada baixa.- Tudo bem, eu lhe ensinarei. Isso fortalecerá os seus músculos, sua concentração, equilíbrio e reflexos.Lembrei-me de quando Dorothea e eu trei