Tentei diversas outras vezes iniciar um diálogo com a minha irmã, perguntava sobre o tal garoto, mas as respostas eram sempre vagas. Eu sabia que quando ela estivesse na casa da vovó estaria 100% segura, ali rapazes jamais entrariam para cortejar a minha irmã, não sem absoluta supervisão, e minha avó não deixava ela sair sozinha, quando Fernanda pedia permissão, vovó me ligava para que eu a levasse e vigiasse, mas já fazia um tempo que eu me recusava e na maioria das vezes era eu quem dizia não para Fernanda. Dona Carmen e eu juntos éramos dois carrascos, ela confiava em mim cegamente para resolver essas situações e agora tentar mudar os fatos para fazer minha irmã se abrir comigo estava sendo complicado.
Então resolvi fazer diferente e mostrar para a Fernanda que eu confiava nela, para que ela passasse a confiar em mim e assim que tive a oportunidade a surpreendi. Era uma sexta-feira à noite, ela t
Os dias foram passando e tentei seguir os conselhos dela, tentei trazer minha irmã para perto de mim, e por mais que eu tentasse, ela estava fechada, eu sempre seria visto como o irmão mais velho carrasco. Então passei a conversar muito com a Jhenny, eu sabia que ela não me contaria nada sobre a vida da Fernanda, mas ao menos minha pequena teria um ombro amigo, alguém mais experiente e de confiança. Estava dando certo, sempre que a Fê me pedia para sair, eu a levava sem retrucar, sem me opor, e pedia à Jhenny que conversasse com ela logo em seguida. Eu ainda estava trabalhando feito louco, por isso autorizava que minha irmã saísse sozinha com as amigas e também voltasse, muitas das vezes eu não sabia onde estava e com quem estava, mas confiava que ela estaria contando tudo para Jhenny. Tinha certeza que ela também se preocupava com a Fernanda, pois diversas vezes as duas saíram juntas, às vezes eu m
Nos trancamos no quarto dela e sentamos juntos na beira da cama. Eu não fazia ideia de como falar sobre o ocorrido, a única coisa que eu sabia era que deveria seguir os conselhos da Jhenny e fazê-la enxergar que eu não era um vilão, que poderia confiar em mim. — Jhenny te contou tudo? — Perguntou de cabeça baixa. — Contou… Você está bem? Ela negou e se jogou em meus braços chorando, por mais forte que eu quisesse ser, naquele momento eu não conseguia, chorei junto, senti a dor dela e sem dizer nada apenas permiti que ela se acalmasse. — Eu sinto muito que as coisas tenham acontecido dessa forma. — Falei tentando manter um tom suave, tentando me manter firme. — Não vou brigar com você ou apontar seus erros, acho que você sabe perfeitamente cada
No dia seguinte, aguardei por alguma notícia, Jhenny não voltou a falar comigo e Cristiano já havia visualizado minhas mensagens, mas não respondeu. Imaginei que tudo estivesse resolvido e mandei uma mensagem para ela, jurei para mim mesmo que seria a última vez. Felipe: E aí, deu tudo certo? Jhenny: Deu sim! Essa situação toda me fez conhecer bem o homem que eu tinha do lado! Obrigada Felipe! Fiquei confuso. Felipe: O que foi Jhenny? Aconteceu alguma coisa? Jhenny: Ele passou a noite com outra se vingando por algo que eu nem fiz! “Meu Deus, ele a traiu e tudo por minha culpa, ela deve estar sofrendo agora, eu sou um
Depois dessa conversa vi a Jhenny uma única vez, em um dos raros finais de semana que passei na casa da vovó, ela havia ido com o Rafael e me cumprimentou com um meio sorriso, estava sem jeito, mas não mais do que eu. Eu mal tinha a coragem de olhá-la nos olhos, bastava observá-la um pouco para notar a sua dor, a vi chorando enquanto conversava com os outros e senti vontade de abraçá-la, de me redimir pelo meu erro, mas eu não podia, não tinha o direito sequer de me aproximar dela. Então o inesperado aconteceu. Rafael fazia aniversário no final de fevereiro, e resolveu fazer uma festa para comemorar na chácara dos seus pais. Minha irmã e eu fomos convidados, tenho certeza que por educação, pois depois que Cristiano veio para Brasília, Rafael era mais próximo dele do que de mim, e após a nossa briga nós nunca mais voltamos a sair juntos como fazíamos antigamente. Esperava que Jhenny acabasse com a minha raça ali mesmo, mas inesperadamente ela riu. — Então era mentira? Por quê? “Ela realmente não entendeu que minha paixão proibida era ela?” — Eu precisava inventar algo pro Cristiano… — Admiti. — Você sabe que ele não acreditou, né? Eu ri sem querer. — Percebi no dia que ele foi no meu apartamento me bater! Jhenny gargalhou feito boba, com certeza ainda estava sob efeito da bebida. — Você não consegue enganar nem a você mesmo, quem dirá os outros! A olhei con21. Desejo ardente
Nós dois descemos para a cozinha e Rafael me encarou de cara feia, o típico irmão mais velho protetor, era assim que ele agia. Sem demonstrar qualquer culpa ou arrependimento me aproximei e os cumprimentei normalmente, Danielly olhava para mim com um sorriso sonso, imaginei que se eles sabiam, ou Jhenny havia contado ou também tinham ouvido. Independente de qual tenha sido a forma, deles eu não tinha porque esconder nada, então me aproximei da minha perdição e a beijei na testa abraçando-a. — Vocês formam um belíssimo casal! — Danielly disse dando uma risadinha. Sorri adorando o comentário, mas Jhenny se afastou imediatamente. — Não somos um casal! Fiquei sem graça, senti um aperto no peito que não deveria estar ali, todas aquelas sensações er
Eu sabia como chegar na casa dela, lembrava boa parte do caminho, mas eu tinha outros planos para finalizar o dia, estava cheio de saudade do seu beijo, reprimindo meus desejos durante o dia inteiro, e sabia que a sós no meu apartamento não haveria nada, nem ninguém que pudesse nos impedir. — Ei, você errou o caminho! — Ela avisou quando percebeu. — Não, está correto! — Sorri maliciosamente. — Estou indo pro meu apartamento. — E eu não deveria ter sido informada? — Respondeu sorrindo, mas ainda assim fiquei sem jeito. — Desculpe, você não quer ir? — Hum, o que vamos fazer lá? — Perguntou, me lançando um olhar arteiro, e deixou escapar um sorrisinho maroto. Entrei no meu carro e fiquei um tempo pensando, criando coragem, ciente da vergonha que eu passaria nos próximos minutos. Cheguei na casa da minha perdição e ela saiu, vindo na minha direção, Jhenny tinha um jeito simples de se vestir, não usava muita maquiagem ou acessórios, seus longos e belíssimos cabelos estavam sempre soltos, nada de saltos ou roupas desconfortáveis, e no entanto sempre estava absolutamente e naturalmente linda. — Oi linda, desculpe o atraso! — Cumprimentei sem jeito, mal conseguindo olhá-la nos olhos. — Tudo bem! — Respondeu entrando no carro e olhando curiosamente ao redor. — Cadê a Fê? Meu mundo acabou ali, eu quis chorar, tenho certeza que mudei de cor feito um camaleão, enquanto ela me olhava absolutamente confusa. —24. Arrependimento