(Ponto de vista de Joaquim)— O que você quer dizer com "divórcio"? — Gritei para o homem sentado à minha frente, no meu escritório.Desde o último encontro no hospital, quando conversei com Anabela, não a vi nem falei com ela novamente. Fui ao hospital várias vezes, mas sempre me negaram acesso. Tentei até falar com o proprietário do hospital, mas me disseram que nada podia ser feito, pois estavam apenas cumprindo as ordens de minha esposa. Nem mesmo minha influência conseguiu mudar a decisão deles.Tentei ligar e mandar mensagens incessantemente, mas fui recebido pelo silêncio. Percebi que não havia muito o que fazer, então resolvi esperar que ela recebesse alta.Quando finalmente fui informado pelo meu investigador sobre sua alta, semanas depois, fiquei ansioso para visitá-la. Porém, recebi outra surpresa: sua mãe estava com ela, na casa de Aline - o que foi um grande choque para mim.Se minha memória não me falhava, as duas mulheres não estavam nada bem uma com a outra. De fato, a
(Ponto de Vista de Anabela)— Está tudo bem? — Aline perguntou, notando minha repentina imobilidade.Eu me virei para ela.— É o Joaquim.Os olhos dela se arregalaram.— O que ele está fazendo aqui?Eu balancei a cabeça, frustrada.— Não sei.Aline se levantou, com a preocupação estampada no rosto.— Você quer deixá-lo entrar?Respirei fundo e assenti com a cabeça.— Tudo bem. Você quer que eu fique?— Pode deixar. Vou lidar com isso.Ela assentiu, pegou seu prato e foi para o quarto. Assim que ela partiu, soltei um suspiro profundo, antes de abrir a porta.Quase vacilei ao encontrar o olhar intenso de Joaquim, mas logo me recompus. Coloquei um semblante impassível, apagando todas as emoções do meu rosto.— Oi. — Eu disse, com a voz fria.Joaquim não desviou o olhar, nem respondeu ao meu cumprimento. Em vez disso, passou por mim, entrando na casa com movimentos bruscos e carregados de raiva.Fiquei surpresa com a ousadia dele. Fechei a porta e o encarei.— Mas que diabos…?Ele me ignor
(Ponto de vista de Joaquim) "Uma mulher desprezada é capaz de tudo... "As palavras reverberaram em minha mente sem cessar, e eu só queria silenciá-las. Estava voltando para casa depois da confrontação com Anabela, mas elas não paravam de ecoar na minha cabeça. E, cada vez que se repetiam, um arrepio percorria a minha espinha.Aquelas palavras não eram meras palavras. Eram as palavras de uma mulher que se transformou em muitos aspectos. Anabela havia mudado.Meus olhos caíram sobre os papéis no banco do carona, as palavras "Diferenças irreconciliáveis" me encarando. Soltei um suspiro e desviei o olhar. Eu havia tentado convencer Anabela a mudar de ideia, a considerar o que as pessoas diriam.Até agora, as pessoas que conheciam nosso casamento o consideravam perfeito - um casamento abençoado por Deus. Como eles reagiriam à notícia do nosso divórcio?Mas Anabela estava irredutível. Ela entrou no quarto, voltou com os papéis do divórcio e os enfiou nas minhas mãos, me mandando sair de ca
(Ponto de vista de Joaquim)Fiquei em silêncio por um momento, perdido em meus próprios pensamentos. Por mais que eu odiasse admitir, Sofia tinha um ponto. Se ela não tivesse partido, eu nunca teria conhecido Anabela. E mesmo que tivesse conhecido, nunca teríamos nos casado. Mas a vida era assim. Eu não podia voltar no tempo e reescrever o passado. Qual seria o sentido de ficar remoendo o que poderia ter sido?Balancei a cabeça ao me lembrar de tudo o que havia acontecido.— Porque você mudou de ideia sobre mim depois de vinte anos?A expressão de Sofia vacilou por um instante - pálida no começo, mas logo se recuperando.— Não tem problema em ficar com raiva de mim, Joaquim. Você sempre foi gentil comigo e eu te decepcionei. Rejeitei sua proposta sem pensar duas vezes. Não te respeitei. Eu assumo toda a responsabilidade. E sinto muito.Assenti com a cabeça, um pouco comovido com seu pedido de desculpas. Era a primeira vez em todos esses anos que ela admitia que estava errada por ter me
(Ponto de vista de Anabela)— Amigos? — Provoquei, com um sorriso forçado. — Melhores amigos? Igual a você e a Sofia?Ele não respondeu, então continuei:— Eu já tenho amigos suficientes. Não preciso de mais.Ele assentiu e se levantou.— Te vejo em outro momento.Eu queria zombar e dizer a ele: "Sonha", mas me contive. Em vez disso, acenei com a cabeça e o acompanhei até a porta. Ele hesitou por um momento, lançando-me um olhar antes de sair.Assim que a porta se fechou, o que eu tentava esconder se rompeu. Caminhei até o sofá e desabei nele, enterrando o rosto nas palmas das mãos. A realidade caiu sobre mim de uma vez: eu estava realmente divorciada de Joaquim. Não era alucinação, era real.Eu não percebi quanto tempo fiquei ali, chorando, até ouvir a porta se abrindo. Aline havia retornado. Tentei fugir para esconder meu rosto inchado, mas era tarde demais: ela tinha me visto.— Você está bem? Meu Deus, você está chorando? — Ela exclamou, correndo até mim.Tentei esconder meu rosto
(Ponto de vista de Sofia)Fui pega de surpresa pela frieza de Joaquim, mas me recusei a ceder. Respirei fundo, tentando controlar a raiva que surgia dentro de mim. No passado, era eu quem tomava as rédeas da situação, sempre com aquele ar de difícil, mas agora as coisas haviam mudado. Era a minha vez de tentar consertar as coisas com Joaquim, e, para isso, precisaria me humilhar.Imaginei um cenário onde pudesse retomar a influência que um dia tive sobre ele. Com esse pensamento, senti uma sensação de alívio invadir meu corpo.— Você parece cansado. — Comentei, ajustando a voz para um tom suave. — Vocês dois brigaram?— Sim. — Respondeu ele.— Ela está ameaçando ou tentando usar o divórcio como uma maneira de ficar com metade dos seus bens? Fique tranquilo, eu não deixaria isso acontecer. Tenho amigos advogados poderosos que garantiriam que ela não levasse nem um centavo de você.— Infelizmente, ela não é esse tipo de pessoa. Ela não quer nada de mim.Fiquei genuinamente surpresa. Ela
(Ponto de vista de Anabela)Fiquei totalmente surpresa com a pergunta de Aline, completamente desprevinida.— Eu... eu não sei. — Gaguejei. — Por enquanto, tudo o que eu quero é voltar ao trabalho.— Eu entendo. — Ela disse, dando-me um leve toque nos ombros. — Venha, vamos voltar ao que estávamos assistindo.O resto da noite passou em um borrão. Os dias seguintes foram tranquilos e o ciclo se repetiu. Aline saía para o trabalho e voltava no final da tarde, enquanto eu ficava em casa, praticamente sem fazer nada.Eu sentia falta do meu trabalho, e decidi que voltaria a ele, ignorando os conselhos da minha mãe e da Aline. Planejei contar a Aline quando ela voltasse do trabalho naquele dia.Quanto a Joaquim e Sofia, não tive outra escolha a não ser bloqueá-los em todas as redes sociais. Não aguentava mais ver fotos deles juntos o tempo todo. Apaguei os números de Joaquim e os bloqueei. Eu precisava proteger minha sanidade, a qualquer custo.Minha mãe ainda não sabia sobre o divórcio, e p
(Ponto de vista de Anabela)O jovem riu, tirando os óculos escuros e revelando olhos penetrantes que brilhavam com diversão.— Tudo bem, havia uma pegadinha. Como vai, senhora?Fiquei estupefata, com os olhos se arregalando em surpresa. Diego? De todos as pessoas? Antes que eu pudesse processar, uma risada irrompeu do meu peito, seguida de um choro de riso descontrolado.Ele era a última pessoa que eu esperava ver ali, e nem podia acreditar que tinha cantado ao lado dele sem sequer reconhecê-lo.— Você é tão... — Comecei, ainda rindo.— Um idiota? — Ele completou, com um sorriso travesso. — Sei, culpado. Sinto muito se te assustei. Não queria revelar minha identidade e te surpreender demais. Queria apenas ouvir você cantar, e fico feliz que tenha cantado. Você canta muito bem. Tem certeza de que nunca pensou em seguir uma carreira na música?Meus rosto aqueceu com o elogio dele. Balancei a cabeça, tentando processar o fato de ter me encontrado com ele de novo. Seria uma coincidência ou