(Ponto de Vista de Anabela)Corri para fora, atravessando rapidamente o pavimento enquanto tentava alcançar Joaquim e Sofia. Eles já estavam dentro do carro, e Joaquim, com os olhos fixos na estrada, dava a partida no motor. Abri a porta e entrei no banco de trás, tentando recuperar o fôlego.O carro estava em silêncio, denso com a tensão que pairava no ar enquanto Joaquim saía do estacionamento. Sofia olhava pela janela, com a expressão fechada e impossível de ler.Joaquim, por outro lado, tinha um olhar furioso, com os dedos agarrados ao volante com força. Ele dirigia de forma tão brusca que cheguei a temer pela nossa vida.— Joaquim, você pode diminuir um pouco a velocidade? Você vai acabar nos matando nesse ritmo! — Gritei, quando ele quase bateu em um caminhão.— Não me diga o que fazer. — Ele sibilou, com a mandíbula cerrada.Fiquei surpresa com suas palavras e a rudeza que transpareciam, mas eu não iria recuar. Se eu quisesse chegar em casa inteira, teria que continuar.— Se voc
(Ponto de Vista de Anabela)As palavras de Sofia cortaram meu coração como uma lâmina afiada, e, por um momento, fiquei paralisada, sem saber o que fazer. Olhei para Joaquim, esperando algum tipo de apoio, mas ele desviou o olhar. O silêncio dele falava mais do que qualquer palavra, e um calafrio percorreu minha espinha.— Como você ousa? — Consegui finalmente sussurrar, com a voz trêmula. — Você não tem o direito de falar assim comigo, Sofia.Mas ela não se deu por vencida.— Estou apenas dizendo a verdade, e você sabe disso. Você não é a mulher certa para o Joaquim. Ele merece alguém que o conheça, que o entenda.Senti as lágrimas ameaçando escapar, mas me recusei a deixá-las cair. Não daria a Sofia a satisfação de me ver chorar. Muito menos, permitiria que ela soubesse o quanto suas palavras me atingiram e o quanto me machucaram.Sem dizer mais nada, subi as escadas rapidamente, com o coração apertado pelas emoções. Cheguei no quarto, bati a porta com força e tentei conter as lágrim
(Ponto de Vista de Anabela)Depois que Joaquim saiu, fiquei sem palavras. Fiquei sentada na cama, olhando para o vazio, tentando entender o que acabara de acontecer. Minha cabeça estava confusa, enquanto tentava assimilar o fato de que Joaquim havia jogado toda a culpa em mim, ainda mais ao se alinhar com Sofia.Os minutos passaram, e, em meio ao turbilhão de pensamentos, acabei adormecendo, com meu corpo exausto e minha mente ainda em choque pela discussão. Acordei com o barulho do meu estômago, lembrando que não havia jantado.Ao me virar para examinar o quarto, notei que Joaquim não havia voltado. Parecia que ele estava determinado a passar a noite no quarto de hóspedes.Tentei não me sentir magoada enquanto me levantava da cama. Fui até o banheiro tomar um banho, tentando afastar aquela sensação de vazio. Depois de tomar banho e vestir minha camisola, saí do quarto em busca de comida. Entrei na cozinha, abri a geladeira e examinei o conteúdo, tentando decidir o que comer.Enquanto
(Ponto de Vista de Anabela)Na manhã seguinte, me preparei e saí para o trabalho mais cedo. Depois de tudo o que eu tinha ouvido na noite anterior, preferia não encarar nem Joaquim, nem Sofia.Entrei no uber rumo ao trabalho e não conseguia parar de pensar em como bolar um plano para mandar Sofia embora e retomar o controle da minha vida e do meu casamento.Cheguei no trabalho e tentei me distrair com tarefas e reuniões, ao mesmo tempo em que evitava a curiosidade de Renata sobre o motivo de Joaquim não ter me levado ao trabalho.Na hora do almoço, Aline apareceu no restaurante, como eu havia pedido. Eu realmente precisava falar com ela pessoalmente, pois se havia alguém que poderia me ajudar, era ela.Sentadas no meu escritório, Aline foi direta:— Então, já pensou em um plano?Balancei a cabeça, frustrada.— Não, ainda não. Passei a manhã inteira pensando nisso, mas não consegui pensar em nada.— Você precisa fazer isso, Anabela. — Afirmou Aline, sentando-se no banco, com uma express
(Ponto de Vista de Anabela)Meu ar foi tirado, mas não de uma maneira boa. Não da forma como se sente ao ver o homem que se ama, mas como quando se presencia algo devastador e inimaginável.Ao pé da cama, estava Joaquim, com Sofia sobre ele, com as mãos ao redor do pescoço dele.Fiquei congelado, com os olhos fixos na visão traiçoeira diante de mim. Não conseguia falar, não conseguia me mover, e não conseguia respirar…Quando finalmente encontrei minha voz, ela saiu em um sussurro, quase inaudível. Um gemido patético que eu mal reconheci como meu. E isso pareceu chamar a atenção de Sofia, que estava de costas para mim, e ela se virou para me encarar. Ela não pareceu surpresa ou arrependida. Em vez disso, me lançou um sorriso de desdém e voltou a se virar para Joaquim, beijando-o e fazendo um barulho alto de estalo, como se estivessem no meio de algo perfeitamente normal.Soltei um suspiro e dei um passo atrás, tropeçando até me apoiar na parede mais próxima. Joaquim não se deu sequer a
(Ponto de Vista de Aline)Eu me mexi desconfortavelmente no sofá, com os olhos fixos no relógio da parede. Quatro horas haviam se passado desde que Anabela foi levada às pressas para a sala de emergência e, ainda assim, eu não tinha ouvido nada. Nenhuma atualização, nenhuma notícia, apenas um silêncio angustiante que estava me deixando completamente fora de mim.Tentei ligar para Joaquim várias vezes, mas o celular dele estava ocupado, e, quando tentei novamente há poucos minutos, estava desligado. Ele não deveria estar preocupado e já ter me ligado, uma vez que já era tarde e Anabela ainda não havia voltado para casa?Ele costumava me ligar sempre que Anabela não estava em casa e com ele, mas naquele dia foi diferente, e eu não me sentia bem com isso. Fiquei tentada a sair em busca dele, para garantir que ele soubesse que sua esposa estava no hospital, lutando pela vida, mas eu não consegui me convencer a deixar Anabela. Não ainda.Eu queria ver minha melhor amiga, segurar sua mão, e
(Ponto de Vista de Anabela)Eu gemi, tentando me sentar na cama enquanto meus olhos percorriam o ambiente ao meu redor. Estava em um quarto de hospital, mas não fazia a menor ideia de como havia chegado ali. Tentei lembrar, mas minha mente estava um borrão.Foi então que a vi, Aline. Ela estava sentada ao meu lado, com a cabeça apoiada na cama.— Aline? — Eu sussurrei, com a voz rouca e seca.Ela olhou para mim, e rapidamente segurou minha mão, com as lágrimas brilhando nos olhos.— Meu Deus, você acordou! Está tudo bem com você?Assenti.— O que aconteceu? Onde estou?— Você está no hospital. Eu preciso chamar o médico. — Aline disse, levantando-se rapidamente.— Hospital? — Tentei me lembrar, mas tudo estava embaçado. E então, de repente, me veio à mente: meu bebê! Recordei o acidente, o sangue, e minhas mãos voaram para o meu ventre.— Meu bebê... — Sussurrei, com o pânico começando a tomar conta de mim.Aline desviou o olhar, e eu a encarei, confusa.— Diga alguma coisa. Meu bebê e
(Ponto de vista de Anabela)Aline hesitou, com os olhos abaixando por um momento antes de se encontrarem com os meus novamente.— Não. — Ela respondeu suavemente. — Tenho tentado entrar em contato com ele, mas sua linha estava fora de área. Eu até pensei em ir atrás dele, mas... — Sua voz se arrastou e ela apertou minha mão gentilmente. — Você estava inconsciente, e eu não queria te deixar sozinha por muito tempo.Eu assenti, com a dor perfurando meu coração. O que eu estava esperando? Que Joaquim abandonasse os braços de sua amante, Sofia, para vir me procurar? Mesmo que eu tenha perdido meu bebê e estivesse nesse estado por causa deles?Um riso amargo se formou na minha garganta, mas morreu antes que pudesse escapar.Aline interrompeu meus pensamentos.— Vou tentar ligar para ele de novo. — Ela disse, pegando o seu celular. — Se ele continuar fora de alcance, vou atrás dele. É muito estranho que ele não tenha procurado por você durante todo esse tempo.— Não faça isso. — Eu sussurrei