Jonas abriu a porta do apartamento devagar, o cano de ferro em mãos, o facão preso à cintura. A luz da vela iluminava apenas parte do corredor, deixando o hall do elevador à meia-sombra. Lá, parada como antes, estava a vizinha — aquela senhora do 502, que costumava sorrir quando ele descia com a mãe.Agora, porém, ela era só uma sombra daquilo que um dia foi.Pálida. Olhos opacos. A boca entreaberta, murmurando palavras sem sentido, como se mastigasse o próprio medo. A roupa de dormir estava rasgada, suja de algo que Jonas não queria identificar. Ela dava pequenos passos, trêmulos, mas firmes, como se soubesse que ele estava ali.“Eu não posso hesitar.”Ele fechou a mão com mais força ao redor do cano e avançou com um grito abafado, sentindo o metal vibrar quando atingiu o ombro da mulher com força. Ela cambaleou para o lado, soltando um som estranho — um chiado, como um suspiro longo e rouco — e caiu, batendo a cabeça no chão.Jonas recuou, ofegante. As mãos tremiam, e por um instant
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