Todos os capítulos do O inverno dos escritores mortos (Detetive Borzagli vol 01): Capítulo 21 - Capítulo 23
23 chapters
Capítulo 21
Capítulo 21 Bernardo dirigia de forma automática. As luzes da cidade adormecida passavam por ele em alta velocidade, deixando rastros cintilantes na escuridão da noite. Com apenas uma das mãos no volante, desenhando vez ou outra um arriscado ziguezague na pista, Bernardo discava incessantemente para o telefone de Luís, mas o resultado era sempre o mesmo, o aparelho chamava até cair e a moça da operadora de telefonia lhe saudava com a habitual e irritante felicidade na voz, convidando-o a deixar um recado. Quando freou e estacionou na rua da livraria, ficou surpreso ao encontrar luzes acesas àquela hora da madrugada. Já estava se preparando para arrancar Luís da cama, mas o amigo parecia estar acordado. “Será que estou imaginando coisas? Será que estou errado? Não, não pode existir no mundo tamanha coincidência.”Bernardo tentou enxergar o interior da livraria através do painel de vidros, colocando-se entre os cartazes de promoção que anu
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Capítulo 22
Capítulo 22 Bernardo olhava desconsertado para aquela cena hedionda. Luís estava de pé sobre um banco de plástico, apoiava-se na ponta dos dedos. A corda enlaçada em seu pescoço precisava de apenas alguns poucos centímetros para roubar-lhe o ar. Ao lado dele estava Fernanda, com uma arma apontada para o recém-chegado. A moça sorriu com entusiasmo. -Bernardo! Que bom que você veio. Eu estava triste e decepcionada por ter que terminar tudo sem ter ninguém para assistir ao gran finale. -Fernanda, o que você está fazendo? – ele deu um passo em direção à moça, que apontou a arma para o seu peito. -Estou concluindo minha obra de arte. Já vejo a Rede Globo preparando um roteiro cinematográfico sobre a minha vida. Pensando bem, por que não Hollywood? Warner ou Paramount? -Fernanda, pare com essa loucura. Abaixe a arma. -Na verdade, a Fernanda não está aqui agora – ela coçou a cabeça com o cano da a
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Epílogo
EpílogoAlguns dias depois O sol brilhava com intensidade sobre as alamedas que constituíam o cemitério. Luís seguia oferecendo ajuda ao amigo, que manquitolava com o apoio das muletas. -Eu preciso fazer isso, cara. Preciso me virar sozinho – insistia Bernardo. -Tudo bem. Não está mais aqui quem falou. -E se me chamar de saci de novo... -Não fui eu quem disse isso, foi você mesmo – defendeu-se Luís. Quando se aproximaram do túmulo de Bárbara, a alegria de ambos cessou, pontuada pela dor ainda latente de sua enorme perda.Havia mais alguém por ali, de costas para eles. Luís reconheceu a silhueta alta e esguia de Pedro. -Então era isso. Aposto que você armou esse encontro – disse Luís. -Vocês precisam conversar – Bernardo falou alto o suficiente para chamar a atenção do cirurgião, que desviou o olhar da lápide de Bárbara e se voltou para os dois. Sua expressão era de pura tri
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