Guilherme narrando:Eu dirigia em silêncio, mas minha mente tava acelerada. Camila do meu lado, quieta, olhando pela janela com aquele olhar perdido, e eu ali, sem saber como aliviar o peso que ela tava carregando. Eu sentia. Sentia no jeito que ela respirava, no jeito que mordia o canto da boca, como se estivesse tentando segurar o mundo dentro de si.A parada na padaria foi mais por mim do que por ela. Eu precisava que ela comesse, respirasse, lembrasse que o mundo ainda tava girando.E ela foi. Não reclamou, não discutiu. Sentou na mesa, comeu devagar, com a cabeça em outro lugar, mas ficou ali comigo. E isso já era tudo.Agora, no carro, indo pra empresa, eu só queria cuidar dela da melhor forma que eu soubesse, dando suporte, espaço, presença.Estacionei na nossa vaga, desliguei o carro e olhei pra ela.— Tá pronta?Ela respirou fundo, olhou pra frente e respondeu:— Tô. Vamos trabalhar.Descemos, entramos pela garagem e pegamos o elevador. O silêncio entre a gente não era pesado
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