Braulio sumiu por três meses. Não atendia ligações, não respondia mensagens. Depois, descobri que ele tinha me colocado na lista de bloqueio. No último dia do terceiro mês, após cuidadosa consideração, aceitei o anel de noivado de Caetano Monteiro. Naquele momento, Caetano estava sentado em uma cadeira de rodas. Ele sorriu com tranquilidade e me agradeceu sinceramente: — Srta. Celina, obrigado. Se tiver alguma exigência para o casamento, pode me falar diretamente. Farei o possível para atender. Na parede, um grande outdoor exibia um enorme anel de diamante. Fiquei momentaneamente atordoada, lembrando que Braulio certa vez prometeu me dar um anel se ganhasse um prêmio, porque eu era sua pessoa de sorte, a pessoa mais importante da sua vida. Mas quando ele ganhou seu primeiro prêmio, o anel nunca veio. Em vez disso, o que recebi foi um Braulio embriagado, chorando enquanto me abraçava. Ele reclamou de como sua vida era difícil e, entre soluços, disse que sentia muito

Era melhor ele ter ficado calado. Sempre que abria a boca, dizia algo que eu não gostava de ouvir. O interrompi e falei friamente: — Sr. Braulio, o noivo não é você. Se tiver tempo, venha brindar conosco. — O que você quer dizer com isso? Soltei uma risada fria. Desliguei o telefone. Quando foi que perdi a vontade de me comunicar? Talvez tenha sido ao voltar para casa e sempre encontrar o vazio. Talvez tenha sido ao vê-lo festejando sob as luzes brilhantes, enquanto eu passava noites em claro no centro comercial, afundada em trabalho. Talvez tenha sido quando ele faltou aos nossos encontros uma vez após outra, e meu coração, antes ansioso, foi se esfriando pouco a pouco. Ou talvez tenha sido naquele nosso último encontro, quando nem sequer me maquiei, e ele nem percebeu. ...Ele apenas disse: — Só temos cinco minutos. Depois disso, preciso ir para o set de filmagem. "Cinco minutos... O que dá para dizer em cinco minutos?" Nem sequer dava tempo para um beij

Aproveitando a popularidade recém-adquirida nos trending topics, inúmeros veículos de mídia estavam de olho em mim, e aquela publicação no Facebook causou uma nova explosão. Muitas pessoas começaram a especular sobre minha relação com Braulio. Por que eu faria uma postagem dessas? E, afinal, que segredos comprometedores eu tinha sobre ele? Ao mesmo tempo, recebi inúmeras mensagens privadas me xingando. Dei uma olhada rápida e vi que continham uma enxurrada de palavras ofensivas. Denunciei cada uma delas, uma por uma. Além de denunciar, tirei prints. Postei no meu Facebook os nomes, fotos de perfil, contas e o conteúdo das mensagens das pessoas que mais me atacaram, declarando com firmeza: [Aguardem a intimação do meu advogado.] Dez minutos depois, o empresário de Braulio usou sua própria conta para me marcar no Facebook e fez um pedido formal de desculpas: [Prezada Srta. Celina: Venho sinceramente pedir desculpas e expressar meu profundo arrependimento pela minha

Isso mesmo, meu pai é um genro sem prestígio.Mas ele teve muita sorte. Primeiro, meus avós morreram em um acidente de avião. Se aproveitando do fato de que minha mãe, grávida, não tinha forças para administrar a empresa, ele se ofereceu para assumi-la. O que aconteceu depois seguiu o roteiro de inúmeros homens que viviam às custas das mulheres: ele entrou na empresa, eliminou opositores, isolou minha mãe e desviou os bens. Quando minha mãe percebeu o que havia acontecido, já era tarde. Ela havia dedicado os últimos três anos a me criar. A empresa estava cheia de rostos desconhecidos, e qualquer tentativa de auditar as contas encontrava enorme resistência. Enquanto isso, meu pai chegava cada vez mais tarde em casa. Antes dos meus dez anos, eu mal o via. E todas as vezes que voltava, só havia brigas. Cada discussão piorava a depressão da minha mãe. ...Na última vez, fiquei na porta e o impedi de entrar. Falei friamente: — Se não quer voltar, então não volte nunca

Deixando as lembranças de lado, ao chegar em casa, de repente, uma pessoa surgiu no corredor. Ele tapou minha boca e me empurrou contra a parede. Meus olhos se estreitaram levemente e, por instinto, dei um soco em seu rosto, aproveitando o impulso para levantar o joelho, pronta para desferir um golpe fatal. Ele gritou: — Sou eu, Celina! Sou eu! Braulio? Isso só me deu mais motivo para bater. Meu joelho subiu com força. Ele caiu no chão, se segurando na parte inferior do corpo, encolhido como um camarão retorcido. Que cena lamentável. Calmamente, peguei meu celular para chamar a polícia. Braulio arregalou os olhos e, desesperado, deu um tapa no meu celular, o derrubando. — Você tá louca?! O som do celular caindo no chão foi estridente e seco. A tela quebrou. Doeu na alma. "Será que ele tem ideia de quantos problemas isso vai me causar?" Dei a ele um tapa no rosto, forte o bastante para deixar minha mão formigando. Seu semblante, antes furioso, passou

Nesses anos, além de herdar a aparência da minha mãe, também herdei seu azar. Após me formar na universidade, Braulio entrou para o mundo do entretenimento, enquanto eu comecei a empreender. No início, era algo pequeno. Depois, aproveitei uma nova oportunidade do mercado e rapidamente consegui ganhar meu primeiro milhão. Mas, ao mesmo tempo, percebi que o setor não teria um futuro promissor a longo prazo. Foi então que conheci o gerente-geral do Grupo Horizonte, com quem tive uma conexão imediata. Ele disse que eu deveria trabalhar em uma grande empresa para ganhar mais experiência e aprender processos mais estruturados. Assim, me tornei uma executiva do Grupo Horizonte e, depois de um tempo, apresentei meu próprio projeto, que recebeu grande reconhecimento. Mas nunca imaginei que o Grupo Horizonte de hoje era, na verdade, o Grupo Mercúrio, que antes pertencia à minha mãe. Por isso, quando meu projeto precisou de financiamento e vi meu pai sentado na cadeira principal

Os olhos surpresos de Caetano refletiam meu rosto. Ele ficou atônito por um instante, mas logo esboçou um sorriso gentil. — Obrigado. Preciso chamar a polícia e também preciso de assistência jurídica. Acho que estou sendo extorquido... Naquele dia, os gritos daquela mulher ecoaram por um bom tempo. No fim, ela foi escoltada para fora pelos funcionários do restaurante. Eu e o Caetano saímos pelos fundos, acompanhados pelos funcionários. Empurrei sua cadeira de rodas, chamei um táxi e o levei para casa. Assim que chegamos à entrada de sua residência, vi os seguranças e empregados correndo apressadamente para fora. — Presidente Caetano, que susto! Não encontramos você na entrada principal e pensamos que o senhor tivesse sido sequestrado. Estávamos prestes a chamar a polícia! Caetano me olhou com um sorriso radiante e fez uma apresentação solene: — Tudo isso graças à Srta. Celina. Ela é minha salvadora. Esse título, definitivamente, eu não merecia. Se soubesse que e

Pelo que sei, os pais do Caetano sofreram um acidente de carro. Quando ele despertou, sua coluna estava lesionada, e suas pernas haviam perdido a sensibilidade. Ao longo dos anos, apesar de ter administrado uma empresa de investimentos e se tornado famoso no setor por sua habilidade, os bens que realmente pertenciam aos seus pais permaneceram firmemente nas mãos do Sr. Gervásio. O Sr. Gervásio tinha uma exigência: ele queria vê-lo casado e com filhos. Acredito que o que ele mais desejava era confirmar se Caetano ainda tinha a capacidade de ter filhos. Se tivesse perdido essa condição, provavelmente seria descartado, e a herança de seus pais seria transferida para outros herdeiros. Quanto mais rica a pessoa, mais realista ela se tornava. Caetano sorriu: — Srta. Celina, me desculpe, mas sei um pouco sobre sua família. Somos parecidos em alguns aspectos. Acho que podemos nos entender. Naquela época, Braulio havia me bloqueado por dois meses. Eu começava a considerar a

Dulce conseguiu um escritório maior e melhor. Eu transferi o projeto. A empresa não me demitiu, mas também não me deu mais nenhuma atribuição. Fui deixada de lado. Meu pai estava sorridente. — Aproveite esse tempo para preparar bem o casamento. Afinal, você é minha filha, filha do Henrique. O casamento precisa ser bem planejado. "Bem planejado como? Só com palavras?" — Os jovens da família Monteiro sempre se casam com grandes famílias. O filho mais velho do tio Caetano se casou, e a noiva trouxe um dote de cinco bilhões. O segundo filho se casou, e a noiva trouxe três bilhões. Caetano deu dois bilhões de presente de casamento. Papai, o que você pode me dar? Meu pai ficou em silêncio. Depois de um longo tempo, ele finalmente falou: — Vou lhe dar a herança que sua mãe deixou para você. De qualquer forma, é um presente de coração dela. Não ache que é pouco. Meu coração se agitou, e aceitei rapidamente. Meu pai mandou o advogado entregar os bens com grande pompa. O e

Me encontrei com Caetano no restaurante. Trocamos informações rapidamente e compartilhamos nossas percepções. Então, finalmente resolvemos o caso. Os gestos expressivos de Caetano chamaram a atenção dos outros membros da família Monteiro. Nos últimos jantares familiares da família Monteiro, o assunto principal girava em torno do projeto no qual ele estava investindo atualmente. A maioria das pessoas queria entender mais sobre o projeto para conseguir uma fatia dos lucros. Mas havia uma pessoa diferente. Ele parecia querer abocanhar tudo sozinho. Essa pessoa era o tio de Caetano, Felipe. — Meu tio tem uma grande ambição. — Caetano abaixou o olhar, girando os talheres entre os dedos com interesse. — Ele vê um enorme potencial nesse projeto e parece querer tomá-lo para si. É provável que já tenha se encontrado algumas vezes com o Presidente Henrique, então talvez o Presidente Henrique já não se importe tanto com o nosso casamento arranjado. Meu pai também tem uma grand