Capítulo 2 Diga a ele que estou ocupada
Era melhor ele ter ficado calado.

Sempre que abria a boca, dizia algo que eu não gostava de ouvir.

O interrompi e falei friamente:

— Sr. Braulio, o noivo não é você. Se tiver tempo, venha brindar conosco.

— O que você quer dizer com isso?

Soltei uma risada fria.

Desliguei o telefone.

Quando foi que perdi a vontade de me comunicar?

Talvez tenha sido ao voltar para casa e sempre encontrar o vazio.

Talvez tenha sido ao vê-lo festejando sob as luzes brilhantes, enquanto eu passava noites em claro no centro comercial, afundada em trabalho.

Talvez tenha sido quando ele faltou aos nossos encontros uma vez após outra, e meu coração, antes ansioso, foi se esfriando pouco a pouco.

Ou talvez tenha sido naquele nosso último encontro, quando nem sequer me maquiei, e ele nem percebeu.

...

Ele apenas disse:

— Só temos cinco minutos. Depois disso, preciso ir para o set de filmagem.

"Cinco minutos... O que dá para dizer em cinco minutos?"

Nem sequer dava tempo para um beijo apaixonado.

Eu disse:

— Vamos terminar.

Ele respondeu:

— Não seja infantil. Você sabe que estou muito ocupado. Preciso cooperar com a estratégia de marketing da empresa, criar burburinho. Já foi difícil arrumar cinco minutos para te ver.

Não consegui conter um riso sarcástico:

— Então, muito obrigada. Você é mesmo um homem generoso.

Ele ficou irritado:

— Celina!

Seu agente lembrou que o tempo havia acabado.

Ele respirou fundo e me lançou um olhar autoritário:

— Pense bem no que está fazendo.

Saiu às pressas, se disfarçando, com medo de ser visto.

Veja bem, cinco minutos nem sequer foram suficientes para brigarmos direito.

...

O jantar ainda não havia sido servido, e eu, pacientemente, esperei. Demorei mais de uma hora para terminar aquela refeição farta.

Enquanto comia, vi em um site de entretenimento.

Alguém havia gravado ele e Eulália compartilhando um prato de espaguete. Entre risos e brincadeiras, levaram doze minutos para terminar a refeição.

O tempo mostrava onde estava o amor.

Deitada na cama à noite, disse a mim mesma: "Está tudo acabado. Mas, se em três meses ele me ligasse para dar uma explicação sincera, eu lhe daria uma chance. Caso contrário, seria o fim definitivo."

Então, durante três meses inteiros, não recebi nenhuma ligação dele.

Mudei de casa, avisei para ele pegar suas coisas, mas nunca obtive resposta.

Acho que ele nem queria mais seus pertences.

Agora ele era um grande astro, vestindo grifes de alta costura. As roupas simples do passado já não estavam à altura dele.

Assim como eu, que, de um tesouro raro e único, me tornei algo banal aos seus olhos.

Caso contrário, como ele ousaria falar comigo naquele tom arrogante?

Aquilo não era o tom de um amante, mas o de um patrão para um subordinado.

Desliguei a ligação de Braulio e, mais uma vez, bloqueei seu número.

O romance entre ele e Eulália virou um dos assuntos mais comentados da internet.

Alguns fãs se revoltaram e anunciaram que deixariam de segui-lo.

Outros comemoraram, dizendo que o casal que torciam finalmente se tornou real.

Havia quem analisasse suas interações, buscando evidências de que estavam juntos havia muito tempo.

E também havia quem dissesse que era apenas jogada de marketing para promover sua nova série.

Na internet, o caos reinava.

Na realidade, o silêncio predominava.

O prédio comercial do CBD estava tranquilo.

Mergulhada no trabalho, fui interrompida pelo telefonema do meu pai.

— Já é tarde e você ainda não voltou para casa para jantar. Preciso te chamar três ou quatro vezes? Está achando que, só porque conseguiu se aproximar do Caetano, já tem alguma vantagem? Você ainda não conquistou a família Martins. Não pense que pode se exibir para mim só porque tem um pouco de habilidade.

Respirei fundo e respondi baixinho:

— Trabalhei até tarde e perdi a noção do tempo. Estou com fome. Já estou indo para casa.

Do outro lado da linha, ele desligou sem nem mesmo se despedir.

Voltei para a velha mansão, jantei rapidamente e fui ao escritório ver meu pai.

Depois de tantos anos, ele ainda me olhava com a mesma expressão séria.

Era o mesmo olhar de dez anos atrás, no dia em que deixei aquela casa.

Ele disse friamente:

— O projeto de colaboração com a família Monteiro será assumido pela sua irmã. Volte e faça a transição o mais rápido possível.

— Por quê? — Perguntei com um tom tranquilo.

Embora já esperasse por esse dia há muito tempo, quando ele finalmente chegou, ainda foi difícil aceitar.

O fogo da indignação ardia dentro de mim, mas controlei minhas emoções.

Eu já não tinha dezoito anos.

A Celina de dezoito anos, ao ouvir do pai que toda a herança da família ficaria para a meia-irmã e que para ela não sobraria nem um centavo, teria batido a porta com força e declarado em alto e bom som que não tinha mais nada a ver com aquela casa.

Mas a Celina de vinte e oito anos não faria isso.

Ela já havia sofrido decepções suficientes e aprendido a lidar com elas com destreza.

Meu pai soltou um riso frio:

— Eu não confio em você e no Caetano juntos. Quem garante que vocês não vão se unir para me prejudicar? Já disse e repito: não confio em deixar os negócios nas suas mãos. Você pode receber sua parte dos lucros, mas o controle será da sua irmã. Fui bom demais com você ultimamente, e isso te fez esquecer do seu lugar.

"Meu lugar? Ah, é mesmo... No fim das contas, no meu sangue corre o sangue desse homem desprezível."

Respirei fundo e soltei um sorriso amargo.

— Está bem, papai. Como o senhor quiser. — Ao sair da velha mansão, liguei rapidamente para Caetano. — Meu pai não quer que eu continue à frente do projeto. Ele vai entregá-lo para a Dulce. O resto depende de você. Se prepare.

Do outro lado da linha, houve um longo silêncio.

— Entendi. Fique tranquila. Você gostou do anel?

Fiquei sem palavras por um momento.

O anel era bonito.

Mas senti que nossa relação ainda não era íntima o suficiente para discutir esse tipo de assunto.

Não deveria ser assim.

Casamento por conveniência deveria ter a formalidade de um casamento por conveniência.

Então, comprei sem hesitação um par de abotoaduras de diamante, gastando dezenas de milhares de reais, e enviei para o Caetano.

No mesmo dia, ele surpreendentemente postou uma foto das abotoaduras no Facebook e compartilhou minha publicação: [Gostei muito. Perfeito para usar no casamento. @Celina.]

O Facebook explodiu.

Caetano, símbolo de força, beleza e tragédia, se formou em uma universidade de prestígio ainda jovem e se tornou um prodígio dos negócios. Mesmo com sua deficiência, conquistou uma legião de fãs apenas com sua aparência.

E, pela primeira vez na vida, eu fui parar nos assuntos mais comentados.

Mas não como a namorada de Braulio.

E sim como a noiva de Caetano.

Ironia do destino.

A mídia se esforçou para vasculhar tudo sobre mim: onde estudei, meu diploma, prêmios que recebi, minha carreira... Tudo foi exposto.

Só não conseguiram descobrir que eu tive um relacionamento secreto de dez anos.

O agente de Braulio me mandou uma mensagem, alertando para que eu não falasse nada que pudesse prejudicá-lo.

Toda a raiva reprimida por anos veio à tona de uma vez.

[Peça desculpas e cale a boca. Estou te dando uma última chance de sair dessa com dignidade. Vamos nos bloquear mutuamente. Se continuar insistindo, vou garantir que tanto você quanto o Braulio tenham um destino miserável. Eu falo sério. Você tem três minutos para se desculpar. Três.]

A cada minuto, enviei um número:

[Dois.]

Quando digitei "um", finalmente recebi uma resposta:

[Me desculpe, Srta. Celina. Espero que me perdoe e que deixe o Braulio em paz. Que tudo fique no passado. De agora em diante, cada um segue seu caminho. Desejo felicidades.]

Ri de tanta indignação.

"Isso é um pedido de desculpas? Isso é uma provocação!"

Sem hesitação, marquei Braulio no Facebook e postei: [Controle sua equipe. Se eu não receber um pedido de desculpas formal em dez minutos, não me culpe por expor tudo.]
Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App