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Quer se redimir, então?
O rosto dele exibe uma angústia que corta meu coração como uma lâmina invisível. Okan parece carregar o peso de uma batalha interna, cada músculo tenso, como se seu corpo inteiro lutasse contra o que é impossível de controlar.——pergunto, observando cada nuance de sua expressão, avaliando suas intenções.Ele faz que sim com a cabeça, um movimento lento, quase resignado. Seus olhos encontram os meus, refletindo uma mistura de cansaço e determinação. Há algo de sombrio em sua postura, como se estivesse à beira de um precipício.—Tudo bem. Mas faremos tudo do meu jeito.Seus ombros enrijecem, e a tensão em seu semblante se acentua. Seus olhos parecem ainda mais escuros, um mar de tempestades prestes a se romper. A força de suas emoções é palpável. Ele solta um sorriso, mas não há humor ali. É um sorriso amargo, desprovido de alegria.—Que condições são essas? O que você quer dizer com isso?Minha voz sai firme, mas por dentro meu coração pulsa descompassado.—Não vou mudar minhas roupas
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Emily... que homem é esse? Ele é bom com as palavras, hein?
Ele permanece de pé, os músculos do maxilar se contraindo enquanto absorve minhas palavras.—Pode parecer que minha motivação seja essa, mas não é. Eu realmente gosto de você. Nunca senti nada parecido com outra mulher, Emily.Suas palavras caem sobre mim como um bálsamo, acalmando as tempestades internas que me consumiam. Respiro fundo, tentando recuperar o equilíbrio.—O tempo dirá.Ele me encara, firme, com um brilho de decisão no olhar.—Vamos! Vou te levar para casa e já aproveito para falar com seus pais.Meu rosto aquece, pego de surpresa por essa nova faceta de Okan. Há algo nele agora, uma urgência em querer me conhecer melhor, em solidificar o que temos.—Não, melhor outro dia. Preciso preparar meu pai antes. Contar como foi tudo com sua noiva, a natureza do seu noivado, para ele te ver como uma vítima e te receber bem.Os lábios de Okan se apertam em uma linha fina. Ele claramente não gosta da ideia de adiar, mas cede.—Tudo bem. Mas não passe de hoje. Amanhã, nesse mesmo h
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Machista! O que esperava? Que minha boca fosse virgem também?
Alguns minutos depois, todos estamos sentados ao redor da mesa, comendo em um silêncio que para mim é desconfortável, mas que Okan parece não se importar. Talvez seus costumes o façam enxergar isso de outra maneira. Meu pai mantém uma postura distante, embora não hostil, enquanto minha mãe, mesmo querendo agradar, evita fazê-lo abertamente, provavelmente para não causar desavenças mais tarde.Quando o café chega ao fim, convido Okan para a sala novamente. Sentamos lado a lado no sofá, mas com um leve desconforto. Minha mãe, ainda terminando de arrumar a mesa, nos lança olhares frequentes. Quando meu pai finalmente pede licença e se retira, sinto um peso sair de meus ombros.Okan pega minha mão, seus dedos quentes contra os meus, e a beija suavemente. Seus olhos estão fixos no meu rosto, ternos e brilhantes.—Estou feliz. Finalmente, me sinto feliz.Não consigo responder; ainda é cedo para abrir meu coração.—E Kayra? Como ela reagiu ao saber de nós?Seu sorriso vacila por um instante,
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E você, Okan? Quantos corações já quebrou por aí?
Ele entorta o nariz, a expressão carregada de curiosidade e provocação.— Isso explica aquela bebedeira que presenciei na festa? Tem certeza que não gostava dele? Você não ficou magoada nem um pouquinho?— Sim, de certa forma fiquei. Mas, como disse, me embebedei com raiva de mim e pelas coisas que ouvi dele. Dei-me conta de que teria poupado tudo isso se não tivesse me acomodado na relação. Precisei ser traída e ouvir que eu era fria, um iceberg, para finalmente terminarmos.Okan, que me observa sério e carrancudo, suaviza a expressão ao assimilar minhas palavras. Como se o peso que eu carrego se transformasse em um alívio para ele. Ele gostou de ouvir isso, adorou saber que eu não gostava tanto assim do meu ex como ele temia.E então, ele exibe aquele sorriso arrogante.— Allah! Fria? Iceberg? Você?Assinto lentamente, vendo o brilho de satisfação no olhar dele, quase como se ele estivesse comemorando internamente. O homem turco à minha frente não consegue esconder a felicidade que
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Ela teve uma atitude madura, ao contrário de você.
— Só pensando no que você me disse. Ele me observa por um instante, como se tivesse se lembrado de algo importante. Em seguida, olha para o relógio. — Preciso ir. Quero passar no quarto dele para ver como ele está, contar o quanto estou feliz e falar sobre nós dois. — Você vai contar sobre a gravidez? — Não. Sobre a gravidez, contaremos juntos. Hoje vou prepará-lo para te receber amanhã. Passo para te buscar às dez. Teremos um almoço em família. — Amanhã? — questiono, sentindo um frio na barriga. Resolvo confessar o que me atormenta. — Você tem certeza de que ele vai me receber bem? Afinal, destruí os sonhos dele. Okan sorri, com a confiança de quem tem todas as respostas. — Você
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Fui eu que pedi isso a Okan.
Dia seguinte, casa dos Krishnan...Entro no hall e espero Okan fechar a porta. Com minha mão direita entrelaçada à dele, avanço até a sala. Meus olhos encontram Kayra primeiro, que me oferece um leve sorriso antes de se levantar. Seu gesto desperta a atenção do pai de Okan, que cochilava na poltrona reclinável.— Emily. — Ela solta o ar.Eu me desvencilho de Okan e vou até ela, emocionada.— Kayra. — Digo, sem saber ao certo o que falar; as palavras me fogem ao vê-la agora.— Bem-vinda à família.— Obrigada. Perdoe-me por tudo...— Shhh, não precisa dizer nada. Okan já explicou tudo, e o que ele mais faz é te defender. O importante é que meu irmão está feliz e que você goste dele.Um sentimento de paz envolve meu coração com o gesto dela. Sim, eu amava Okan sem saber por quê, mas agora, conhecendo-o melhor, entendo o que vi nele. E isso só faz meu amor por ele crescer a cada momento que passamos juntos.— Obrigada, Kayra, por me perdoar. Depois conversamos com mais calma. — Digo, sent
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Você está certa disso, Emily?
Kayra, que até agora estava calada, dá um gritinho de comemoração atrás de mim. A reação de Okan é se aproximar mais de mim, com um sorriso débil. Ele me olha, como se tivesse dificuldade em acreditar que aceitei. Meu coração parece saltar do peito ao ver a felicidade em seus olhos. Conforme percebe que falo sério, seus olhos ficam quentes, e ele passa a me olhar com adoração.Voltamos os olhos para seu pai, que nos encara com um sorriso. Okan diz:— Isso merece uma comemoração! Chamaremos seus pais amanhã para um jantar e anunciaremos nosso noivado, já marcando a data.Deus! Meus pais...Bem, com certeza minha mãe achará prematuro. Meu pai aceitará, mas sentirá uma tristeza muito grande pelo caminho que segui. Ele já anda triste pelos cantos. Só o tempo provará que Okan é o homem certo para mim. A cada minuto que passo com ele, tenho mais certeza disso.— Ela sabe que não poderá vestir-se de noiva? Faremos sem ritos? — O senhorzinho questiona.Okan acena negativamente para o pai com
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Você acha mesmo que estou me casando só por causa do nosso filho?
OkanMeu casamento está prestes a acontecer lá embaixo, mas, antes disso, Ômer aparece no meu quarto, invadindo minha tranquilidade com sua presença carregada de cinismo. Ele cruza os braços e me observa com aquele olhar que mistura desdém e curiosidade, como se estivesse diante de algo incompreensível.— Então é sério mesmo? Você está se casando com Emily!Ajusto minha gravata diante do espelho. A imagem refletida é de um homem que se preparou não apenas para uma cerimônia, mas para assumir, diante de todos, o compromisso mais importante da sua vida.— Sim. Por que o espanto?Ele balança a cabeça lentamente, seu sorriso carregado de ironia. É impossível ignorar o tom ácido em sua voz.— Não, nenhum. Um filho. — Ele assobia, prolongando o som como se quisesse testar minha paciência. — Espero que a faça feliz.Viro-me para ele, mantendo a postura firme, mas sentindo o peso de suas palavras.— Você acha mesmo que estou me casando só por causa do nosso filho? Está enganado, Ômer. Estou m
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Passado. Estamos reescrevendo nossa história, não estamos?
Ah, mas hoje penso diferente. Hoje, compreendo a felicidade que é estar ao lado da mulher amada. Não sou mais aquele homem frio, guiado apenas por desejos carnais e obrigações.Solto o ar devagar, um sorriso escapando dos meus lábios enquanto as memórias dos últimos dias preenchem minha mente.Todos os dias eu a buscava no trabalho, e juntos almoçávamos no restaurante do hotel. Esses momentos se tornaram os melhores do meu dia. Conversávamos sobre tudo: nossos sonhos, nossos medos, nosso futuro juntos. E, em cada risada compartilhada, em cada olhar prolongado, eu me apaixonava mais um pouco.Emily se tornou minha alegria, minha paz, minha pessoa preferida. Quando estou com ela, sinto uma tempestade de emoções, cada uma mais intensa do que a outra, todas sussurrando o quanto eu a amo.Fecho os olhos, permitindo que uma memória especial me invada: o momento em que Emily finalmente confessou seus sentimentos por mim.Foi há uma semana. Estávamos em minha casa. Depois do jantar, meu pai s
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O casamento
Deus! Estou nervosa. Pelos sons que ecoam pela sala, é claro que há muitas pessoas aguardando ansiosas pela cerimônia. Meu casamento será simples, realizado por um juiz de paz. Sem vestido de noiva, sem henna nas mãos como manda a tradição turca.Mesmo assim, sinto uma paz confortante. O essencial é me unir ao homem que amo, aquele que tem se mostrado tão maravilhoso em cada gesto, em cada palavra. Okan me explicou que a cerimônia não durará muitas horas, o que considerei perfeito, pois sei que, no fundo, alguns familiares dele vão entortar o nariz pela natureza de nossa união. Melhor que seja breve.Kayra e minha mãe entram no quarto, trazendo uma aura de empolgação e carinho que aquece meu coração.— Okan já está te esperando no corredor — anuncia Kayra com um sorriso encorajador.Como o casamento será apenas civil, caminharemos juntos até o juiz de paz, de mãos dadas perante os convidados que já nos aguardam.— Está certo — respondo, tentando manter a calma.Lanço um último olhar p
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