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Todos os capítulos do Herdeiros do Tráfico : Capítulo 41 - Capítulo 50
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Capítulo Quarenta
Por Hannah Luiza (Halu)Não conseguia mais controlar o choro. Os soluços tomavam conta do meu corpo, e a sensação de vazio parecia me engolir. Meu coração estava em pedaços, e a imagem de Carlinha não saía da minha cabeça. Como ela estaria agora? Assustada? Sozinha? Com frio? Eu sentia como se cada segundo sem respostas fosse uma eternidade de sofrimento.Eu estava jogada na cama, ainda vestida com a mesma roupa de ontem. Não tinha forças para trocar, para comer ou sequer pensar direito. Minhas mãos tremiam enquanto abraçavam a almofada, buscando algum tipo de conforto inexistente. As lágrimas escorriam sem pedir permissão, e o peso da culpa me esmagava.Ouvi passos se aproximando, mas não tive energia para olhar. Era Matheus. Ele sentou-se ao meu lado, suspirando profundamente antes de falar: — Halu... me desculpa. — A voz dele estava baixa, quase um sussurro. — Eu não deveria ter me estressado com você. A culpa não é sua.Demorei alguns segundos para processar as palavras. Quando f
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Capítulo Quarenta e Um
Por BrunaO som da porta se fechando atrás de mim ecoou pelo pequeno quartinho, abafando o burburinho que vinha de fora. O cheiro de mofo e poeira era sufocante, mas eu não me importava. Tudo o que me interessava estava ali, naquele canto miserável, onde uma garotinha de olhos arregalados e rosto sujo me olhava como se eu fosse o próprio diabo.Carlinha estava sentada no colchão velho, com as perninhas encolhidas contra o peito, abraçando-se como se isso fosse suficiente para protegê-la. Patética. Aquela pirralha não fazia ideia do que estava acontecendo ao redor dela. Só sabia repetir como um papagaio o que Halu devia ter enfiado na cabeça dela.— O que você tá fazendo aqui? — ela perguntou, com a voz tremendo, mas carregada de uma coragem que, sinceramente, me irritou.Eu me aproximei devagar, cruzando os braços enquanto lançava um olhar cínico.— Isso importa? Você vai fazer o que eu mandar, pirralha melequenta.Ela piscou rápido, mas não desviou o olhar. Quanta petulância. Antes
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Capítulo Quarenta e Dois
Por Matheus (M.T)O calor da tarde estava de rachar enquanto eu e Luizinho atravessávamos o beco, a favela fervendo como sempre. O cheiro de fumaça, fritura e suor parecia grudar na pele. Quando a gente chegou no barraco onde os caras estavam, o clima já tava pesado. O lugar era apertado, cheio de caixas empilhadas e um ventilador capenga girando devagar. Do lado de fora, soldados armados olhavam de um lado pro outro, atentos a qualquer movimentação. Eu e Luizinho entramos, cumprimentando os homens com aquele toque de mão firme, cheio de respeito. Não era só uma visita amigável; era uma reunião estratégica. A tensão no ar era visível. — M.T, cadê a Halu? — perguntou Tigrão, um dos chefes aliados. Ele era um cara parrudo, com uma cicatriz atravessando o rosto, e sempre fazia questão de mostrar que não tinha medo de ninguém. — Esperava ver ela aqui. Essa treta toda é tanto dela quanto nossa. — Halu tá resolvendo uns bagulhos. — Minha resposta foi direta, mas minha voz saiu seca, car
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Capítulo Quarenta e Três 
Hannah Luiza (Halu)A mensagem chegou no meu celular enquanto eu organizava algumas coisas na sala. Assim que li, senti meu sangue ferver."Se quer sua filha viva, vem sozinha. Se entrega e ela tá liberada. Prometo."Tonhão, aquele desgraçado. Sabia que ele era ardiloso, mas mexer com minha filha? Não era só coragem; era um pedido de morte. Respirei fundo, tentando controlar o tremor das mãos. Não ia deixar ele pensar que tava me dobrando.Peguei uma folha de papel e comecei a escrever pro Matheus. Ele precisava saber, mas também não podia me impedir. Ele faria de tudo pra tentar me segurar e, sinceramente, eu não tinha tempo pra discussões. Era a vida da minha filha na balança.Dobrei o papel com cuidado e deixei na mesa, o coração pesado. Olhei em volta da sala, sentindo aquela pontada no peito que só vem quando você sabe que pode não voltar. Respirei fundo e saí, tentando não pensar demais.— Patroa, tá indo aonde? — perguntou Pé de Pano, acendendo um cigarro perto do portão.— Re
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Capítulo Quarenta e Quatro
A noite tinha chegado, e o quartinho onde eu estava com Carlinha parecia ainda menor. O cheiro mofado misturado com o som abafado dos passos lá fora criava um clima de tensão insuportável. Minha filha estava sentada no colchão velho, com os olhinhos brilhando de medo. Eu, por outro lado, tentava manter a postura, mesmo com a angústia me corroendo por dentro.— Mãe, tô com fome. — Carlinha murmurou, abraçando os joelhos.Meu coração apertou. Eu queria tanto poder pegar minha menina e levá-la pra casa, mas aquele lugar era uma prisão. Não tinha comida, não tinha conforto, não tinha esperança. Só o silêncio perturbador e as ameaças que rondavam.— Eu sei, filha. — Respondi, alisando os cabelos dela. — Prometo que vamos sair daqui. Só mais um pouco, tá bom?Ela assentiu com um aceno tímido, mas eu sabia que ela não acreditava em mim. Nem eu sabia como sair daquela situação. Mas tinha que parecer confiante por ela.O tempo passava devagar, cada segundo pesando como uma tonelada. Foi quando
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Capítulo Quarenta e Cinco
A água gelada escorria pelo meu rosto, me fazendo arfar de susto. Pisquei algumas vezes, tentando entender o que estava acontecendo, e então vi Bruna parada à minha frente, segurando o balde vazio e rindo.— Sua piranha desgraçada. — Minha voz saiu carregada de raiva.Ela gargalhou alto, um som cheio de escárnio, enquanto me olhava de cima com aquele ar de superioridade que sempre me irritou.— Tu não tá em posição de falar nada, sua vagabunda. Tá gostando do tratamento que o meu homem tá te dando? — Ela rebateu, cruzando os braços.Senti o gosto amargo da raiva subindo pela minha garganta. Odiava a forma como ela falava, como se estivesse no controle.— Como você desceu tão baixo, Bruna? Se juntar com aquele desgraçado só pra quê? Pegar o Matheus pra você? — Cuspi as palavras, sem me importar com o que viria depois.Ela estreitou os olhos, o sorriso desaparecendo por um instante, mas logo voltou com a resposta afiada.— O MT ia me fazer de fiel até você querer voltar pra ele. Aí foi
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Capítulo Quarenta e Seis 
Matheus (MT) Os meus parças já tinham chegado pra me ajudar, Luizinho está nervoso andando de um lado pra outro assim como eu. — Assim vocês vão furar o chão. — Macla disse e eu revirei os olhos. — Como caralhos, você pode estar tão calma? — Perguntei olhando para ela puto. — Estou tranquila, porque sei que minha amiga não vai deixar que os filhos da puta vençam, ela vai trazer a Carlinha pra casa e também vai ficar bem. Pensando por esse lado eu sabia que minha mulher era foda o suficiente pra sair da porra daquele morro com a nossa filha, mas eu não quero contar com a sorte, eu preciso das duas vivas e em casa. — Vamos, mano. Nossos parças já estão com os soldados dele lá em baixo. Desci com meu amigo e quando cheguei no pé do meu morro, fiz um discurso pra deixar eles ainda mais animados. Entramos no carro e fomos pro pé do morro do farinha, já chegamos lá atirando sem dar chance pros filhos da puta revidarem. — Vamos pegar a minha mulher e a minha filha de volta. — Gritei
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Capítulo Quarenta e Sete 
Hannah Luiza (Halu)Estava sentada no banco de trás do carro com Carlinha no meu colo, abraçada a ela como se pudesse protegê-la do mundo inteiro. Ela estava cansada, os olhinhos inchados de tanto chorar, mas, mesmo assim, se aconchegava em mim com aquele jeitinho que só ela tinha, buscando conforto. A cada respirada dela, eu sentia um alívio misturado com culpa. Minha filha estava viva. Eu estava viva. Mas eu sabia que tinha arriscado mais do que deveria.Matheus dirigia o carro com uma das mãos no volante, enquanto a outra apertava o volante com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos. Ele não dizia nada, mas o silêncio dele era pior do que qualquer grito. Luizinho estava no banco do passageiro, quieto, como se soubesse que era melhor não se meter.— Que merda você tava pensando, Halu? — Matheus finalmente quebrou o silêncio, a voz carregada de frustração e raiva.Eu sabia que isso ia acontecer. Sabia que ele ia surtar assim que estivéssemos a salvo. Suspirei, tentando man
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Capítulo Quarenta e Oito
A água quente do chuveiro deslizava sobre minha pele, relaxando os músculos tensos. Enquanto lavava o cabelo da Carlinha, sentia o cansaço do dia pesar sobre meus ombros. Meu corpo estava exausto, mas meu coração ainda batia rápido, como se tentasse acompanhar tudo o que havia acontecido.Quando terminei, embrulhei a pequena em uma toalha macia e a levei para o quarto. Ela ainda estava sonolenta, e seu corpinho relaxado no meu colo me dava um alívio imenso. Matheus já tinha ajeitado a cama dela, e juntos a colocamos ali, aninhada entre os cobertores. Ele beijou sua testa com delicadeza, o olhar terno que raramente mostrava revelando o quanto se importava.— Ela é forte como a mãe — ele murmurou, ajeitando uma mecha de cabelo da Carlinha.Senti meu rosto esquentar, mas não respondi. Apenas o observei, aquele homem que tantas vezes me tirava do sério, mas que, no fundo, era meu refúgio.— Sua vez, Halu — ele disse, com um sorriso de canto.Dei de ombros, me afastando em direção ao banhe
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Capítulo Quarenta e Nove 
A luz do sol atravessava as cortinas finas da janela, anunciando um novo dia. Levantei antes de todos, como sempre fazia, para preparar o café da manhã da Carlinha. Na cozinha, o cheiro de café recém-passado e pão na chapa tomava conta do ambiente. Coloquei um copo de leite morno na mesa, acompanhando com algumas frutas cortadas e o pão quentinho que ela adorava.Enquanto ajeitava os detalhes, senti braços fortes me envolvendo por trás.— Bom dia, minha mulher. — A voz rouca do Matheus soou próxima ao meu ouvido, provocando arrepios.Sorri, mas não me virei.— Bom dia. Não vai me atrapalhar, tenho coisa pra fazer.— Atrapalhar? Eu? Nunca. — Ele me virou com facilidade, me puxando para mais perto, seus olhos brilhando com aquela malícia que eu conhecia tão bem.— Matheus, a Carlinha pode entrar a qualquer momento... — tentei protestar, mas ele ignorou, colando nossos lábios em um beijo cheio de urgência.Antes que a situação pudesse esquentar ainda mais, a porta da cozinha foi escancar
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