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LUCASA carta do Conselho queimava em minhas mãos como um aviso definitivo. Cada palavra estava cuidadosamente escolhida para soar formal e imparcial, mas era evidente que a intenção era clara: queriam minha cabeça. Minha primeira reação foi de raiva, mas logo essa emoção foi substituída por uma determinação fria. Eles não iriam me vencer assim tão facilmente.Voltei ao meu escritório, respirando fundo para controlar o turbilhão de emoções que me consumia. Sabia que a única maneira de sair dessa situação era com um plano sólido e uma estratégia infalível. Precisava de aliados. E, mais do que isso, precisava de provas — evidências de que tudo aquilo não passava de uma armação, de uma tentativa desesperada de meu pai para se manter no controle.Passei o restante da manhã em ligações discretas, contatando pessoas influentes na empresa e fora dela. Sabia que alguns dos diretores poderiam estar de meu lado, especialmente aqueles que já haviam se mostrado desconfortáveis com a liderança con
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LUCASA sala do Conselho estava mais cheia que o habitual, cada membro sentado com uma expressão tensa e expectante. O ar estava carregado, e o silêncio era quase ensurdecedor. Todos sabiam que aquela reunião era decisiva. Assim que entrei, senti os olhares de cada um sobre mim, avaliando, esperando minha reação. Meu pai, sentado na extremidade da longa mesa, mantinha uma expressão impassível, mas eu conseguia perceber a satisfação oculta por trás de seus olhos calculistas. Ele acreditava que aquela era a última jogada, o xeque-mate.Com Claire ao meu lado, dei um passo à frente e respirei fundo, sentindo a energia dela me fortalecer. Eu tinha as provas necessárias para desmascarar meu pai, e estava preparado para enfrentar qualquer retaliação.— Obrigado por terem vindo — comecei, minha voz ressoando pela sala. — Imagino que todos já sabem o motivo dessa reunião. Então, serei direto. Nos últimos meses, tenho enfrentado ataques pessoais e profissionais, rumores que questionam minha ca
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LUCASO silêncio na sala do Conselho era ensurdecedor. Minhas palavras ainda ecoavam, e eu podia sentir a tensão em cada rosto à mesa. Meu pai manteve sua expressão impassível, mas a leve contração em sua mandíbula denunciava sua irritação. Eu sabia que tinha mexido em algo profundo, e isso era apenas o começo.— Lucas, suas acusações são sérias — começou um dos diretores, o senhor Almeida, tentando soar neutro. — No entanto, estamos aqui para discutir sua capacidade de liderar, não para resolver conflitos pessoais.Respirei fundo, mantendo o tom controlado.— Concordo, senhor Almeida. E é exatamente por isso que estou trazendo isso à tona. O Conselho precisa entender que, enquanto vocês se deixam influenciar por rumores e jogadas pessoais, a empresa está perdendo foco. Se não conseguimos resolver isso internamente, o impacto será devastador.Os murmúrios começaram novamente, mas desta vez, o senhor Almeida se inclinou para frente, interessado.— E o que você sugere, Lucas?Antes que
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Houve um momento de silêncio enquanto os membros do Conselho examinavam os relatórios. A sala parecia sufocante, com a tensão quase palpável. Claire se mantinha ao meu lado, calma e atenta, como sempre. Eu podia sentir seu apoio, mesmo sem palavras. Seu olhar era firme e seguro, e o jeito como ela se posicionava ao meu lado me dava a confiança necessária para seguir em frente. Às vezes, a presença de alguém é mais valiosa do que qualquer palavra de encorajamento.— Estes números são impressionantes — comentou a diretora Sílvia, ajustando os óculos enquanto folheava as páginas. — Não há como negar que houve progresso significativo.Outros diretores começaram a murmurar em concordância, mas eu sabia que isso não seria suficiente para convencer a todos. Meu pai permanecia impassível, observando o desenrolar da situação como um jogador de xadrez avaliando o próximo movimento. Ele estava em silêncio, mas eu podia ver o cálculo em seus olhos. Ele nunca se deixava enganar por números frios;
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LUCASA tensão na sala parecia aumentar à medida que as palavras do meu pai pairavam no ar. Os membros do Conselho trocavam olhares discretos, claramente divididos entre o progresso inegável e as dúvidas plantadas pelas palavras cuidadosamente escolhidas dele. Eu sabia que este era o momento decisivo. Não bastava mostrar os resultados; era necessário enfrentar a questão implícita que todos estavam pensando, mas ninguém ousava dizer em voz alta.Meu pai se inclinou levemente para frente, colocando as mãos sobre a mesa com um ar de superioridade.— Lucas, não estou questionando sua competência financeira, mas sim se a sua liderança reflete os valores que esta empresa sempre defendeu. A conexão entre a sua vida pessoal e profissional... não pode ser ignorada.A referência indireta a Claire era clara. Ele estava jogando baixo, tentando usar nosso relacionamento como arma para me desestabilizar.— A minha vida pessoal nunca interferiu na minha gestão da empresa — rebati, mantendo a voz fir
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LUCASO silêncio que se seguiu à reunião era quase tão ensurdecedor quanto a tensão que preenchera a sala minutos antes. Eu caminhei em direção ao meu escritório, sentindo cada passo mais pesado do que o anterior. Claire me seguia de perto, mas não disse nada, respeitando o turbilhão de pensamentos que certamente percebia em mim.Ao fechar a porta atrás de nós, finalmente deixei escapar um suspiro longo, como se estivesse segurando o peso do mundo nos ombros.— Eles estão determinados a me derrubar, Claire. Especialmente meu pai — comentei, esfregando o rosto com as mãos.Claire, sempre calma e centrada, se aproximou e colocou uma mão reconfortante no meu ombro.— Eles não têm argumentos sólidos contra você, Lucas. Tudo o que têm são insinuações e rumores. Você apresentou os fatos, e ninguém pode negar os resultados.Olhei para ela, e por um momento, senti a segurança que sempre encontrava em sua presença. No entanto, havia algo diferente em seus olhos, uma hesitação que raramente via
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LUCASO dia parecia interminável. As palavras de Claire, tão simples e rápidas, ecoavam na minha mente. "Nada." Mas o tom de sua voz e o jeito que ela desviou o olhar contavam outra história. Havia algo ali, algo que ela estava tentando esconder, e, por mais que eu quisesse ignorar, minha intuição não me deixava em paz.Claire saiu do meu escritório logo após nossa breve conversa, alegando que precisava finalizar alguns relatórios urgentes. Fiquei sozinho, encarando os números em uma planilha que já não faziam sentido algum. Meus pensamentos estavam fixos nela.Decidi que precisava de uma pausa. Talvez um pouco de ar fresco me ajudasse a clarear a mente. Peguei meu casaco e desci para o estacionamento da empresa, onde um silêncio quase reconfortante me recebeu.Mas o conforto durou pouco. Enquanto caminhava até o carro, ouvi risos e conversas próximas ao lado do prédio. Quando me aproximei, vi dois funcionários trocando mensagens no celular e rindo. Normalmente, não prestaria atenção,
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CLAIREA chuva lá fora acompanhava a tempestade interior que me assolava. Sentada na janela, observava as gotas escorrendo pelo vidro, cada uma como uma lágrima solitária. A campainha tocou, estridente e insistente. Era Lucas.Levantei-me lentamente, a cada passo sentindo o peso da decisão que estava prestes a tomar. Abri a porta e lá estava ele, encharcado e com os olhos vermelhos.— Claire, precisamos conversar—, sua voz saiu rouca, carregada de emoção.Assenti com a cabeça, incapaz de encontrar palavras. Ele entrou e fechou a porta, isolando-nos do mundo exterior.— Eu descobri tudo —, continuou ele, seus olhos fixos nos meus. — Sobre o Red Velvet, sobre a dançarina... sobre você.Um nó se formou em minha garganta. Sabia que esse momento iria chegar, mas não estava preparada para a intensidade de sua dor. “Eu sei que você tem suas razões”, disse ele, a voz mais suave agora. “Mas mentir para mim foi a pior coisa que você poderia ter feito.”— Eu sei, Lucas —, respondi, as lágrimas c
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CLAIREOs dias passaram como um borrão, cada um trazendo uma nova onda de emoções. A dor da traição ainda estava ali, mas lentamente fui me reconectando com partes de mim que há muito tempo estavam adormecidas. Minha mãe me apoiou em cada passo, oferecendo um ombro para chorar e um ouvido para escutar, mas nunca pressionando.Voltar à casa dela foi como um retorno às minhas raízes. As praias e os sons familiares me deram uma sensação de calma que eu havia esquecido que existia. E foi em um desses dias tranquilos, enquanto caminhava pelo calçadão, que conheci Javier.Javier era o novo professor de dança na academia local. Um homem com uma energia contagiante e uma paixão pela dança que rivalizava com a minha. Ele me incentivou a voltar a dançar de verdade, não apenas pelos movimentos, mas pela expressão pura e pela liberdade que ela me trazia. Sob sua orientação, redescobri minha paixão e, aos poucos, comecei a me sentir mais confiante e segura.LUCASEnquanto isso, em São Paulo, minha
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CLAIREVoltar à rotina de aulas de dança foi como renascer. Javier se tornou não só meu professor, mas também um grande amigo e confidente. Ele entendia a importância da dança na minha vida de uma forma que ninguém mais parecia compreender. Nossos treinos diários eram intensos, mas também eram terapêuticos. Cada movimento, cada batida de música, ajudava a aliviar a dor que ainda carregava dentro de mim.Comecei a dar aulas na academia local, ensinando crianças e jovens a se expressarem através da dança. Ver a alegria nos rostos deles me trouxe uma sensação de propósito que eu havia perdido. A dança se tornou minha válvula de escape, minha forma de enfrentar o mundo e, aos poucos, comecei a me sentir mais em paz comigo mesma.Certa tarde, depois de uma aula particularmente inspiradora, Javier se aproximou de mim com um sorriso enigmático.— Claire, tem um festival de dança acontecendo na cidade na próxima semana. Acho que você deveria participar — disse ele.— Participar? Não sei se es
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