CLARAA noite estava estranhamente silenciosa depois de tudo. O tipo de silêncio que deveria trazer paz, mas, em vez disso, deixava uma sensação de vazio. Henrique estava em casa, Sofia estava dormindo no quarto ao lado, mas minha mente não conseguia parar de correr. A tensão dos últimos meses ainda estava viva em mim, como um nó que eu não conseguia desfazer.Olhei para Henrique, que estava sentado no sofá, com os olhos fixos em um ponto qualquer da sala. Ele parecia estar aqui, mas, ao mesmo tempo, tão distante. O peso do que aconteceu ainda pairava entre nós, como uma sombra difícil de afastar.— Você está bem? — perguntei, sentindo que a pergunta era tão necessária quanto insuficiente. Claro que ele não estava bem. Nenhum de nós estava.Ele piscou, saindo de seus pensamentos, e me olhou com um sorriso cansado, aquele que ele sempre dava quando tentava esconder o que realmente estava sentindo.— Estou, sim, — ele disse baixinho. Mas eu sabia que era uma meia-verdade.Me aproximei d
Ler mais