Dois dias depois, Fernanda finalmente recebeu uma ligação de Melissa, mas não era para pedir dinheiro.Ela perguntou incrédula:— O quê você disse?!Melissa falou casualmente:— Leva eu e meu filho para tomar um chá da tarde no hotel onde você encontrou aquelas senhoras ricas da última vez. Qual o problema?Fernanda se segurou para não jogar o telefone longe e, rangendo os dentes, respondeu pausadamente:— Aquele hotel é só para membros!Melissa retrucou como se não fosse nada:— E daí?— Sem ser membro, não entra!— Então me faz um cartão de membro.Fernanda estava praticamente rangendo os dentes de raiva. Conseguir um cartão de membro? Que fácil falar!É preciso gastar, no mínimo, dois milhões para se tornar membro vitalício. E quem Melissa achava que era? Como se ela tivesse alguma importância para isso!Melissa declarou com arrogância:— Olha. Hoje eu vou tomar chá da tarde lá, e você que se vire para me levar!No fim, Fernanda teve que ceder e usou seu próprio cartão de membro par

Duas horas depois. Melissa e Vicente saíram do shopping carregados com sacolas cheias.De repente.Melissa exclamou:— Esqueci de comprar um colar! Vamos, volta lá…Vicente protestou, com as mãos ocupadas e as pernas já quase falhando de tanto andar:— Mãe, vamos deixar isso para lá? A gente já tá com tanta coisa nas mãos… ficar indo e voltando é muito cansativo.Melissa franziu a testa, mas logo viu que, com tanta coisa para carregar, não seria mesmo prático.Ela olhou para Fernanda, notando o colar no pescoço dela:— Esse colar seu até que está bonitinho. Me dá ele, e depois você compra outro.Fernanda arregalou os olhos, completamente chocada.Aquele colar era um modelo exclusivo da Cartier, e ela tinha esperado quatro meses para conseguir, quase chegando aos sete dígitos em reais.Quem ela pensava que era?Queria tomar o colar dela, só porque pediu?Quem tinha coragem de falar uma coisa dessas?Melissa levantou as sobrancelhas e comentou:— Que expressão é essa? É só um colar! Nem

Melissa reclamou um pouco, dizendo que não entendia nada e estava desinteressada, só achava a multidão insuportável, apertada demais:— Vamos embora, vamos sair daqui rápido…Fernanda esboçou um sorriso sarcástico, prestes a sair com eles, mas de repente viu uma figura familiar.Júlia e Patrícia estavam juntos, com um casal mais velho atrás deles.O homem estava na frente de uma vitrine, tirando fotos das peças com o celular. A mulher se aproximou para observar, com os olhos focados.Ao olhar com mais atenção, Fernanda percebeu que a mulher tinha traços que lembravam muito os de Júlia.Ela imaginou que aqueles dois fossem os pais de Júlia.Enquanto tirava fotos, Gustavo exclamava:— Esse vestuário sagrado é impressionante… olha o padrão, o acabamento, a cor… é simplesmente incrível.Há alguns dias, Júlia já tinha levado eles para visitar, mas hoje era apenas a segunda vez. Gustavo estava ainda mais empolgado.Naquele momento, um grupo de turistas apareceu, quase todos idosos. Ao ouvi

A multidão começou a se dispersar, e Júlia e seus acompanhantes se prepararam para seguir ao próximo salão de exposições. Porém, quando se viraram, acabaram encontrando Fernanda bem de frente.Patrícia soltou um ‘uau’ exagerado. Júlia manteve o rosto inexpressivo e desviou o olhar tranquilamente.Para ela, Fernanda não passava de uma estranha agora; nem precisava da formalidade de um aceno.Afinal, fingir que não a conhecia era o jeito mais prático de evitar constrangimentos.No entanto, para surpresa de todos, Fernanda avançou alguns passos, esboçou um sorriso e acenou:— Júlia, também veio ao Palácio de Cristal?Gustavo e Camila trocaram olhares curiosos: ela conhecia Júlia?Percebendo a curiosidade deles, Patrícia se aproximou e cochichou algumas explicações.O olhar de Camila logo se transformou, e Gustavo também abaixou o sorriso, seu olhar ficando mais sério.Fernanda ficou sem jeito, e antes que pudesse falar algo, Melissa a interrompeu impaciente:— Qual é a demora? Vamos logo!

Júlia segurou rapidamente o braço dela e disse:— Finalmente saímos, então claro que temos que comer algo diferente.Camila sorriu e não quis mais estragar o momento.Por outro lado, ao entrar no restaurante, Gustavo pensou que não poderia ser tão caro, mas ao ver o cardápio, quase caiu da cadeira.Ele disse com surpreso:— O quê?! A carne mais barata custa mais de mil?Júlia o tranquilizou de imediato: — Tenho um cartão de sócio, dá para ter desconto.Ele se acomodou novamente, tomou um gole de água com limão e perguntou casualmente:— Ah, tá bom, tá bom… e qual é o desconto?Júlia respondeu:— Cinco por cento.Gustavo cuspiu imediatamente a água.Júlia falou:— Pai! Mantenha a classe! A postura!Enquanto isso, ao lado, Melissa e seu filho comeram qualquer coisa no Palácio de Cristal, mas não foi suficiente, nem estava bom.Assim que saíram, Melissa lançou um olhar para Vicente, que imediatamente pediu:— Quero comida ocidental! A mais cara, a mais chique! E não venha com truques, se

Após o jantar, Patrícia recebeu uma ligação e saiu, enquanto Júlia levou os pais de volta para casa.Apesar de terem passeado o dia inteiro e estarem cansados, olhando as fotos no celular, Gustavo ainda estava animado:— Olha, vou te contar, esta taça de esmalte dourado… e este colar de prata com coral incrustado…O corredor inteiro ecoava a voz dele.Camila raramente o via com um ar tão jovial, e não conseguiu evitar um sorriso.Por sua vez, Júlia manteve-se como uma ouvinte paciente, respondendo só quando necessário.Os três subiam rindo e conversando até o sétimo andar, quando Júlia tirou as chaves e se preparava para abrir a porta.Nesse momento, a porta do outro lado do corredor se abriu.Gustavo cumprimentou calorosamente:— Oi, José, vai sair?Júlia virou-se instintivamente, pegando de surpresa o olhar sorridente do homem.Ele usava uma camisa de manga curta branca com calças cáqui, um visual simples e limpo, mas que transmitia elegância e sobriedade.Era a primeira vez que eles

Falando nisso, Fernanda lembrou-se da família de Júlia, que tinha encontrado mais cedo no dia.Ela olhou para o lustre de cristal pendurado no teto e murmurou para si mesma:— Se eu soubesse que seria assim, talvez fosse melhor ter aceitado a Júlia desde o começo…Pelo menos ela não teria que lidar com uma mãe irritante e um irmão descarado.Bianca suspirou ao ouvir:— Pois é…Se a mãe dela tivesse aceitado Júlia antes, talvez ela e Rafael já teriam um filho e nem precisaria estar competindo com ela por uma vaga no mestrado.Mas, infelizmente…Dinheiro nenhum compra o ‘se soubesse antes’.E também não existe ‘remédio para arrependimento’.…Patrícia atendeu uma ligação e saiu do restaurante.Antes de ir, ela pagou a conta e avisou a Júlia:— Esse jantar é por minha conta para os seus pais, não vá querer brigar comigo por isso.Após dar o recado, ela saiu rapidamente do restaurante e logo sumiu em seu carro.Meia hora depois, Patrícia estacionou em frente ao prédio da Luar Entreteniment

Matheus se sentou obedientemente ao lado de Patrícia, pegou o copo e começou a brindar um por um:— Desculpe pelo atraso. Vou beber para compensar.Após três rodadas de bebida, ele continuou socializando com os demais.  O foco da noite era o homem de meia-idade sentado à cabeceira, Sérgio Sales, o dono da Radiante Entretenimento e um influente investidor do setor.Seu olhar caiu sobre Patrícia, e ele comentou sorrindo: — Desde quando você se interessa pelo ramo do entretenimento, Patrícia?— Não me interesso, só estou por diversão.— Brincar também é bom, o importante é se divertir. Precisa de ajuda?Sérgio ignorou os brindes de Matheus e continuou conversando com Patrícia.Patrícia sorriu:— Obrigada, Sr. Sérgio. Para ser sincera, não entendo nada do seu setor, então não faça piada comigo.Sérgio Sales era um velho amigo do pai de Patrícia, Otávio Cardoso.Por outro lado, Matheus pareceu um tanto surpreso, mas logo compreendeu a situação.Não era à toa que o Sr. Carlos havia insisti

Matheus cambaleou:— Eu não… foi o Sr. Carlos, ele disse que você…— O que ele disse não importa. O importante é que foi você quem me trouxe a este jantar e foi você quem usou a minha presença para puxar papo com o Sr. Sérgio, certo? Ou vai dizer que o Sr. Carlos também ensinou você a fazer isso? Se ensinou, ele é realmente bem dedicado!— Patrícia, me escuta… Eu não planejei nada contra você, nem te usei. Fiquei com muito receio de vir a um evento desse sozinho, por isso pedi que você me acompanhasse…— Receio? Pois eu te vi à vontade, indo bem de mesa em mesa, aproveitando cada segundo. Isso é medo?— Eu…Matheus ficou sem palavras.— É o fim da linha para nós. Da próxima vez que nos encontrarmos, finja que nem me conhece.Após dizer isso, Patrícia virou-se e começou a se afastar.De repente.A voz dele ficou fria, sombria, como vinda de um abismo:— Você acha que pode simplesmente me largar? Você acha que vai ser tão fácil?Ela virou-se e o encarou. O homem que ela conhecia como um

Bruno levantou um canto da boca e foi atrás dela.A namorada terminou um relacionamento, não merece um pouco de atenção?...Matheus voltou desanimado para o jantar, forçando um sorriso para continuar oferecendo brindes aos figurões.Viviane não queria mais saber dele, e nem cedia às chantagens, então essa reunião era sua última chance.Ele ergueu o copo e disse:— Sr. André, nos encontramos algumas vezes, mas hoje é a primeira vez que posso fazer um brinde. Espero que possa me dar uma mão no futuro.Nas reuniões anteriores, Matheus nem sequer conseguia se aproximar dos grandes empresários, muito menos fazer um brinde.André cruzou os braços com um meio sorriso: — Matheus… como é mesmo o seu sobrenome?— Matheus Castro.— Isso, Castro. Bom de bebido, né?— Imagina, só consigo tomar umas poucas, não sou muito resistente.— Ouvi dizer que você está aqui para concorrer ao papel de coadjuvante na série de alto orçamento que o Sr. Sérgio está produzindo?Matheus ficou sério:— Qual o seu p