Início / Romance / O anjo que veio do inferno / Capítulo 11 - Capítulo 20
Todos os capítulos do O anjo que veio do inferno: Capítulo 11 - Capítulo 20
271 chapters
Killian, anos antes
Cidade de Machia, anos antesAs mãos de Juliana me tocavam sobre a calça e eu ria, tentando me desvencilhar:- Estou dirigindo, Juliana!- E que importância isto tem? - Ela riu, de forma provocante.- Preciso ficar atento ao trânsito.- Como se tivesse muito movimento em Machia. - Gargalhou, não me dando atenção e pondo uma de suas mãos dentro da minha, alcançando meu pau completamente endurecido.- E se saíssemos de Machia? - Sugeri.- Você propondo isto? - Ela parou a mão de repente, ainda dentro da minha calça.- Não estou falando de sair daqui para viver fora da cidade - ri, olhando-a de relance - Estou falando de irmos a algum lugar diferente agora, neste momento.Juliana suspirou e fez beicinho:- Me diga que um dia me levará embora desta porra de cidade.- Sabe que Machia é importante para mim
Ler mais
Killian, anos anotes (II)
Quando abri os olhos novamente, percebi que estava num hospital. Tentei levantar, mas fui impedido por alguém. Deparei-me com o padre José:- Pai?- Tente se acalmar, meu filho. Ainda não pode levantar.Senti uma leve dor na cabeça e olhei ao redor, me dando em conta de que estávamos somente nós dois ali:- Juliana? Onde ela está?O padre José evitou meus olhos e senti um frio na barriga:- Pai, me diga que Juliana está bem.- Eu não posso mentir, Killian.Engoli em seco, fazendo uma nova tentativa de levantar, que ele conteve:- Você também se feriu.“Também”? O que aquilo queria dizer? Que Juliana também estava ferida?- Como ela está? Me diga que não foi nada grave, por favor.Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa a porta se abriu e entrou uma mulher que imaginei ser a m&
Ler mais
Killian, anos antes (III)
- Sim... Eu já estive lá, orando por você e Juliana.- Me leve lá, pai... Por favor.- Claro, meu filho. - Ele disse saindo pela porta automática da recepção, contornando o pequeno prédio do hospital, dirigindo-se para os fundos.Havia uma pequena capela, que servia realmente só para rezar, certamente onde não eram ministradas missas, já que cabiam ali talvez no máximo 20 pessoas.Passei pelo pequeno corredor indo diretamente para o pequeno altar, onde ajoelhei-me e olhei diretamente para a imagem de Jesus Cristo na cruz. Embora pequena, a imagem totalmente dourada, acompanhada de todos os doze apóstolos, cada um na sua ordem, também pregados à parede, trazia uma paz indescritível.Eu não tinha certeza se eu acreditava tanto em Deus e havia tanta fé dentro de mim porque eu vivi por 19 anos praticamente dentro de uma igreja, s
Ler mais
Danna, anos antes
Capital de Noriah Norte, anos antesEu estava deitada com a cabeça no colo de minha mãe, com uma perna sobre a outra, enquanto ela alisava meus cabelos e me contava sobre Pablo Picasso, seu artista preferido:- O pai de Picasso era pintor e desenhista e foi quem lhe ensinou os primeiros passos na arte. Por isso que a primeira tela ele pintou aos oito anos, onde retrata as cenas de touradas. Com 14 anos Picasso já era reconhecido por sua arte em escolas de pintura.- Acha que ele era tão bom porque foi ensinado cedo? – Perguntei, pondo a mão na frente dos olhos, enquanto via as folhas das árvores se mexendo acima, como se dançassem com a brisa morna que soprava no parque.- Bem, se morrendo aos 91 anos ele deixou um legado de aproximadamente 1880 pinturas, 1335 esculturas, 880 cerâmicas e 7089 desenhos não creio que tudo isto seja somente pelo fato de que “foi ensinado cedo”. &
Ler mais
Danna, anos antes (II)
- Eu acho que está ficando tarde... E precisamos ir. – Ela olhou para o sol, que começava a se pôr.Assim que ela falou em ir embora, peguei Lúcia, minha boneca.- Pode esquecer tudo, menos a Lúcia, não é mesmo?- Ela é a minha filha... Não se esquece os filhos.- Isso é verdade... E sabe de uma coisa? Estou feliz, porque já sei que você será uma boa mãe.- Talvez eu não herde o dom da pintura de você, mas sim o da maternidade. – Ri e fiz careta.- Seu pai que ficará feliz que você não irá para o lado das Artes... Afinal, talvez futuramente ele tenha a herdeira ao seu lado, administrando os negócios da família.- Não quero trabalhar na empresa... Não se tem tempo para nada.Ela suspirou, enquanto recolhia nossas coisas:- Ah, a vida é assim,
Ler mais
Danna, anos antes (III)
- Se eu fosse um animal, seria um vagalume. – Ela disse – E você?- Eu seria um gato.Ela riu:- Um gato? Por que um gato?- Porque eles são preguiçosos, não precisam fazer nada além de comer e dormir e são alisados o dia inteiro.- Faz sentido, sua espertinha.- Podemos ter um gato? Eu gosto de gatos! Posso pedir um gato de aniversário de dez anos?Ela suspirou:- Seu pai é alérgico a pêlos de animais.- Então é melhor eu ter vagalumes mesmo.Celli riu e me apertou com força contra seu corpo:- Você quer saber por que eu seria um vagalume, já que ele não é preguiçoso e não come e dorme o dia inteiro?- Por que você queria ser um vagalume? – Realmente fiquei curiosa.- Para poder iluminar seu caminho para o resto da vida.Eu ri, achand
Ler mais
Vagalumes
Abri os olhos e senti uma dor intensa na minha perna, que estava trancada entre o banco da frente e o de trás. Fiquei confusa sobre como os bancos ficaram tão próximos. Estava tudo escuro... Mas luzes piscavam à frente, iluminando o nada que a escuridão trazia e imaginei que fossem os faróis.- Mãe? – Chamei, sem êxito.Tentei me mover, mas a perna continuava trancada e conforme eu tentava movê-la, doía muito.- Mãe... Onde você está? – Gritei.Ouvi um gemido e percebi que ela estava no carro, embora eu não conseguisse vê-la por conta da escuridão. Puxei a perna com força, sentindo uma dor quase insuportável e urrei.- Danna? – A voz dela estava fraca, a ponto de quase não dar para escutar.Tentei empurrar a porta do meu lado, mas não abriu. Fui para o outro lado e bati o pé com for&
Ler mais
Vagalumes (II)
Celli Dave levantou a mão, vagarosamente, mostrando Lúcia. Um breve sorriso se apareceu no canto dos seus lábios. Peguei a boneca de pano, sequer conseguindo olhá-la de fato, nervosa por conta do estado de minha mãe.Tentei pedir que ela ficasse bem, que me prometesse que tudo ia permanecer igual nas nossas vidas, que ela iria ao hospital, se recuperaria e quando eu fizesse onze anos voltaríamos a comemorar no parque. Mas a minha voz definitivamente parecia não existir mais. Quanto mais eu tentava, mais a garganta doía, como se tivessem pregos dentro dela.- Quero que saiba... Que amo você, Danna Dave... – cheguei a ver um sorriso em seus lábios novamente – E que sempre estarei com você... Como vagalumes... A iluminar o seu caminho.Ouvi o som da sirene ao longe e fiquei segurando a mão da minha mãe. Imaginei que ela pudesse estar bem cansada, porque seus olhos s
Ler mais
Vagalumes (III)
Papai me largou no chão e naquele momento que fiquei longe dele me senti extremamente sozinha, como se precisasse estar em seu colo para me ficar acolhida e menos triste.Ele abaixou-se, ficando praticamente da minha altura. Sempre disseram que eu era baixa para minha idade. E papai, por sua vez, era bem alto. Mamãe sempre dizia que eu estava enorme, mas acho que eram os olhos dela, porque na escola eu era a segunda da fila, que era por tamanho, do menor para o maior.- Esta santa se chama Virgem Maria – ele explicou – Ela é a mãe de Jesus...Seria ela a mãe daquele cara pendurado na cruz? Imaginei o quanto ela devia ter sofrido se viu alguém fazendo aquilo com Ele.- O médico disse que precisamos de um milagre – uma lágrima rolou pela sua bochecha, que limpei imediatamente – E dizem que estes dois aqui costumam fazer milagres – Apontou para a imagem da santa e depois pa
Ler mais
Eu gostava de fazer "nada" com ela
DANNA DAVE, TEMPOS ATUAIS- O professor Jax não me assediou nem importunou sexualmente. – Confirmei mais uma vez.Depois da minha confissão o advogado perguntou se eu estava me sentindo forçada a dizer aquilo e confirmei que não, que realmente estava dizendo a verdade.Percebi a cara de decepção de meu pai ao se certificar de que menti. Quando ele abaixou a cabeça e não disse nada, imediatamente remeti-me àquela madrugada em que recebemos a notícia de que minha mãe havia morrido.Ele poderia ter feito qualquer coisa. Mas tudo que fez foi exatamente aquilo: abaixar a cabeça e ficar em silêncio, com os lábios levemente trêmulos. Lembro que receber aquela notícia foi como ser atingida por um soco no estômago, que conseguia ser mais dolorido que a minha perna ferida ou qualquer outra coisa que já havia sentido em toda a minha vida.A forma como reagi quando soube que ela estava morta foi começar a bater nele, com força, com as mãos fechadas. Atingia suas coxas, sua barriga e ele sequer se
Ler mais