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Todos os capítulos do Meu lobo guardião: Capítulo 21 - Capítulo 28
28 chapters
21. Vinte e um
Vincent Carter já havia esquecido quantas vezes disseram que ele não era um herói.Mas em especifico, lembrava-se de três vezes, a primeira quando tinha onze anos e morava antes da zona rural de uma pequena cidade do interior, se bem, que não há muitas diferenças entre zonas rurais e cidades pequenas do interior, como Vincent aprendeu na escola da cidade ao lado, era tudo uma questão de onde começam as cercas e de quando os alunos nativos param de lhe chamar de caipira.Vincent morava em uma casinha de tinta amarela com goteiras no alpendre que formavam cascatas nas paredes sempre que chovia forte no inverno, deixando madeira podre p
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22. Vinte e dois
A segunda vez que Vincent se lembrava de ouvir que não era um herói, foi cinco anos depois, quando ele tinha dezesseis. Estava no ensino médio, na época em quer ser um bom garoto significava não cheirar pó, roubar o carro do pai ou comprar bebidas com uma identidade falsa.O telhado do alpendre havia sido consertado quando o pai colocou a casa a venda e eles se mudaram para a cidade ao lado, onde Vincent estudava durante o primário e passou a fazer o ensino médio. Ele já não tinha mais sua bicicleta vermelha ou os potes com moedas em baixo da cama. Invés disso trabalhava meio período como balconista em uma lanchonete e juntava o dinheiro do salário na esperança de ir embora, talvez começar uma faculdade. O trabalho não se resumia a apenas receber o dinheiro, ele também limpava mesas, recolhia pratos e acalmava as coisas quando os rapazes do time de basquete se excediam, indo sem convite para a mesa das garotas.Seu pai tentou o convencer a entrar no time, Vincent tinha o porte atlétic
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22. Vinte e dois pt.2
"Quer bancar a porra do herói, Carter? Então lida com isso!"Vincent mal tinha se recuperado do primeiro soco quando Pit bateu de novo, o socando na barriga, fazendo o ar sumir, Vincent caiu de joelhos."Fracote." Disse Pit, cuspindo no chão, ele iria chutar Vincent, descontando toda sua ira nele, se o último garoto do grupo, o que ainda estava sentado em das cadeiras da mesa, não tivesse o impedido."Cara já tá bom, vamos sair daqui." Falou, puxando Pit. "Se o treinador descobrir, o problema vai ser nosso.""Teve sorte, babaca." Disse Pit, indo embora com os amigos. Ele parou no sopé da porta e fez um gesto obsceno para Lisa. "Ainda vou te pegar, piranha."Quando eles saíram, Vincent esticou o braço para pegar o diário no chão, era um caderno simples com capa de couro. Lisa o recuperou antes dele, as mãos dela tremiam levemente, ela juntou as folhas que Pit havia arrancado com rapidez, depois se levantou segurando o diário perto do peito, como se fosse uma tabua de salvação em meio a
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23. Vinte e três
"Os seus olhos... " Disse Vincent ofegante.Lisa piscou e o efeito desapareceu, eram apenas olhos comuns de um azul claro, acinzentado e tempestuoso. Vincent pensou que o cansaço, após percorrer quase toda a escola, deveria ter feito com que ele visse coisas que não existiam. E aquilo não era tão importante no momento, sua prioridade era avisar Lisa sobre Pit."Lisa, você tem que sair da escola. Pit está aqui, ele parece pronto para arranjar confusão e eu acho...acho que ele está procurando você." Falou de forma urgente, era a maior frase que já havia trocado com Lisa e só depois de dizê-la, Vincent se deu conta de como deveria ter parecido tolo, preocupado.Ela esboçou o início de um sorriso. Uma corrente de ar passou por ele, zunindo em seus ouvidos, agitando as folhas das árvores lá embaixo. Vincent pode escutar alguém subindo ás escadas até o terraço."Ah, eu deveria ter matado ele." Disse Lisa com um suspiro, se levantando do chão. Pit abriu a porta para o terraço, parecendo ma
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24. Vinte e quatro
Vincent nunca conseguiu ser o mesmo após acordar no hospital, um dia após Pit morrer e Lisa desaparecer para sempre, deixando-lhe uma acusação de homicídio. Desqualificada para legítima defesa, graças ao padastro de Vincent, o dinheiro dele e o acordo que fizeram entre si.Vincent deveria permanecer e manter seu pai fracassado longe da irmã e da mãe dele. Ele aceitou a condição, assim como o dinheiro pelo silêncio. Dinheiro o suficiente para que ele fosse embora quando completasse dezoito anos.Ele fez isso quando se alistou ao exército, distanciando-se de tudo como desejara. Se dedicando exclusivamente a fazer algo que fosse maior que ele, que perduraria além dele. Ele não se importava com o cansaço dos treinamentos ou com as dores musculares dos exercícios, a dor era bem-vinda, porque ás vezes, durante a madrugada ele acordava sentindo os dedos de Lisa em seu pescoço e somente a dor o fazia despertar completamente, o lembrava que ele estava vivo. Vincent destruíra o desenho dela qua
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25. Vinte e cinco
Os próximos minutos foram seguidos por uma tentativa falha de luta que Vincent perdeu facilmente, ele foi arrastado pelo chão, exausto e derrotado, escutando o restante do grupo ser completamente dizimado pelo seu erro, por seu ato de heroísmo fracassado.Ele foi jogado em um buraco, guardado para a próxima refeição das criaturas. Paredes sem aderência e um cheiro terrível de carne podre empesteavam o lugar. A luz não se infiltrava ali, nem mesmo quando o amanhecer, por suas contas, deveria ter chegado.Ele pensou em aguardar a morte, a ceder novamente para os dedos esguios e delicados em seu pescoço. Era apenas um humano com o azar de ser pego pelos monstros que viviam as sombras da sociedade moderna. Ele escolheu em sua juventude esquecer de tudo, nunca contara sobre o que viu Lisa fazer com Pit, fora tão estúpido.Quando o mal o encontra pela primeira vez, ele vai continuar se aproximando até levá-lo com ele, deduziu Vincent. Mas, eu não vou render, não sem lutar.Ele tateou o chão
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26. Vinte e seis
Lenna lembrava-se perfeitamente do dia em que sua mãe foi enterrada.Desde o modelo do caixão a como a babá havia escolhido sua roupa, ignorando o fato de que ela odiava meia-calça, porque fazia suas pernas coçarem. De como o clima estava ensolarado e radiante e de como sua tia Melinda não parava de tocar no cabelo, ela tinha uma compulsão de puxar os fios quando estava inquieta.Todas as pessoas que traziam flores paravam para cumprimentar Lenna e Jean, diziam palavras de apoio, de como eles estavam sendo fortes naquele momento, Jean não soltava a mão de Lenna e ele sempre apertava mais quando alguém dizia aquilo, para poder segurar as lágrimas.Seu pai não fez um discurso, ficou todo o tempo sentado em uma cadeira próxima ao caixão, quando alguém se aproximava, um segurança falava que ele não queria ser incomodado no momento e a pessoa em questão vinha até Lenna e Jean, pedir para que eles com seus cinco anos de idade e sua própria dor, lembrassem de transmitir pêsames com os cumpri
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27. Vinte e sete
Eles chegaram até o endereço dado pela central, rastreado graças a ligação e o celular que o suspeito de ser o assassino em série havia mandado para Lenna. Era um armazém de materiais de construção, uma patrulha havia ficado de paisana no lugar, aguardando qualquer movimentação, quando obtiveram a confirmação, eles avisaram a central, que por sua vez ligou para Lenna.E lá estava ela e Max, saindo do carro como se fossem uma equipe. O pensamento era engraçado para Lenna, não se conheciam a mais de uma semana, mas fora as investidas de Max, ela apreciava a companhia dele como nunca tinha apreciado de mais ninguém.Ainda que eles precisassem conversar mais sobre o passado, bruxas e maldições. Lenna estava disposta a acredita nele, Max a fazia ter sentimentos e desejos que ela nunca sentira, o que era novo, inexplorado e excitante. Ela queria acreditar nele, porque sentia que precisava dele em sua vida."Quem é esse?" Perguntou um dos polícias, com desconfiança ao encontrar com Lenna em
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