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Eles sabem, eu sei, você sabe.
68 Vicente François ⤝⥈⤞ Jogo de imitações. Era isso o que eu estava jogando com Lisa Mary. Eu não conseguia acreditar nos meus olhos e na capacidade do meu cérebro em absorver informações. Minhas mãos tremiam segurando o celular na mão, mas quando ouvi o barulho das portas do banheiro se abrindo à frente, tratei de bloquear a tela e abandonar o aparelho. Ela me olhou e falou comigo, mas sua voz não me alcançou. Eu estava deserto. Seus olhos brilhando quando estava próxima da janela me fez perceber que ela era ingênua apenas aos meus olhos, mas a realidade entre nós dois era de que ela era alguém distante. Como o sol e a lua, a noite e o dia. Nós éramos duas composições diferentes e distantes de um amor que, possivelmente, não existia. Me controlei para continuar e engoli. Ela não respondeu minha pergunta de maneira sincera, mas por algum motivo, eu já esperava por isso. —Claro que não, meu amor. Quem está envenenando você contra mim, hã? —E sorriu, tombando a cabeça para o la
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Está caindo a ficha
69 Vicente François ⤝⥈⤞ Morta. Olhando congelado e parado diante da TV, por trás do policial que dava entrevista passava o saco preto fechado. Um filme se formou em minha cabeça com cenas sensíveis demais para mim. Lisa Mary veio me abraçar e eu não consegui, sequer, encostar nela. Foi no impulso. Sacudi os braços e me distanciei em silêncio. De cenho franzido e coração pesado, eu deixei aquele quarto ignorando que ela estava ali. No lado de fora do cômodo, enfiei a mão no bolso e puxei o celular, no mesmo instante, liguei para o detetive Paranhos. Descia os degraus da escada, segurando no corrimão. O choque ainda tomava conta das fibras do meu corpo e eu não sentia os pés no chão. —Senhor F… —Não, sem formalidades. Eu preciso que você me dê algo concreto antes que o próximo criminoso seja eu! Entendeu? Eu preciso que você me dê provas de que foi ela. Eu quero alguma coisa… —Minha voz falhou, entregando o choro. —Foi ela, eu sei que foi ela! Eu preciso de provas. Pelo amor de
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O surto
70 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Entramos na sala e eu senti os meus pés se juntando. Para manter as aparências, Vicente, quase abruptamente, agarrou a minha mão e ergueu o queixo, encarando sua mãe ao abrir a porta. No susto, Madame François encontrou-me olhando para ele sem entender nada. —Mamãe. —Ele soltou minha mão e abriu os braços, acolhendo sua mãe. Com o queixo no ombro pequeno dela, ele expirou de olhos fechados. —Querido, que bom que veio e trouxe Lisa Mary. O seu pai está dormindo nesse momento, mas podemos esperar que ele acorde, se preferir. —É claro que prefiro, mãe. É claro que prefiro. —Ele passou a mão pelas costas dela de uma maneira acolhedora, e saiu do abraço. —Não sabe o quanto fiquei preocupado por saber que papai está aqui. Vicente olhou por cima da cabeça de sua mãe e vasculhou um olhar investigativo pela sala. —Não, ela não ficou. Eles pareciam conversar entre si. —Como assim, “não ficou?” Vicente tirou as mãos de sua mãe e franziu o cenho, desacreditado da notíci
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Ao ataque
71 Vicente François ⤝⥈⤞ —Fique aqui. Fique aqui, por favor, não se mexa. Eu vou chamar ajuda. —A mancha azul foi se distanciando rapidamente, enquanto a movimentação em volta de mim, aumentava. —Um médico! Precisamos de um médico, tem um homem ferido! Um médico, por favor! Anda, sobe, chama um m… Minha cabeça deitada no chão. O burburinho do tumulto à minha volta tornava tudo pior, e eu não ouvia quase nada além de vozes distantes em um som irregular. Inspira. Expira. Inspira. Expira. Quinze horas atrás: Após um episódio terrível com Lisa Mary e minha irmã, subi para a sala de espera, onde fiquei com minha esposa até que pudesse me recompor outra vez. ⤝⥈⤞ —Você precisa começar a repensar sobre as suas atitudes. —Disse ela, massageando os meus ombros. Eu sabia que precisava me controlar. Precisava fazer isso pela Amanda e por mim. Eu precisava saber a verdade, e até que descobrisse, estava fadado á disfarçar ao lado dela. —Eu sei, eu fui um idiota. Apoiei os cotovelos nas cox
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James sai da cadeia!
72 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Tentei me dispersar no celular enquanto fugia dos bloqueios de Vicente. Apesar de ter confessado que ele me machucava com o seu silêncio e sua extrema frieza arrogante, eu ainda precisava manter a postura diante do mesmo. Tenho que confessar que a minha vida secreta estava acabando comigo, mas quem se contrapor a mim? Com uma agenda vasta, David quase não dava conta dos meus afazeres, e aquilo me deixou brechas para consertar alguns erros grotescos que eu havia cometido ao lado de Charlotte, um deles, era as confissões de James, o que me obrigou a visitá-lo por duas vezes. No entanto, após uma noite de reviravoltas sobre os sentimentos de Vicente, eu estava pronta para começar bem o meu dia agoniante. Estava tomando banho enquanto o celular recarregava sobre o balcão do armário, no banheiro, quando o vibrar ofensivo começou a me irritar, obrigando-me a sair da banheira. Numa trilha de espumas, alcancei o aparelho e a toalha foi inevitável para não escorregar. Que
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A arte de mentir
73 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Quando eu estava prestes a entrar no carro, após ter que abrir mão do meu Audi, o amigo de James passou os olhos por mim, analisando minha bunda, e em seus lábios se formou um sorriso debochado. Topou o ombro de James caído da porta do carro. —Aí, cara… —Olhou-me novamente, vendo-me bater a porta com força, no banco do carona. —Não se incomoda não, em tratar essa gostosa assim, porra? —O quê? Essa desgraça? —Um sorriso curto explodiu de sua garganta e ele tombou a cabeça para trás, zombeteiramente. —Essa infeliz parece um anjo caído, mas é uma maldição, meu parceiro. Uma maldição. Não cai na beleza dela não. —Seu sorriso se desfez quando ele me encarou cruzando os braços ao passar o cinto. —E que anjo caído, hein… —Ele mordiscou o lábio inferior. —Para de acabar comigo e vamos dá o fora daqui, James. —Resmunguei, virando a cabeça para a janela. James assentiu e se despediu com um aceno para seu amigo. Ligou o carro, subiu os vidros das janelas e então acelerou
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Um homem singular e um conselho perigoso
74 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Suspiro. Era como suspirar. James estava morto e sua morte havia sido anunciada em rede internacional. O mistério por trás da morte de Amanda permanecia em silêncio, seguindo sob investigação sigilosa. O pai de Vicente pôde voltar para casa e passar o aniversário de casamento com a família. Vicente saiu do hospital recuperado e após dois meses já estava com o ferimento cicatrizado. Era como ser uma pessoa normal, mas sem os pecados e as perversidades que eu levava nas costas. ⤝⥈⤞ —É dia de comemoração! —De braços abertos, Vicente esbravejou sorridente no centro da sala. Os empregados passavam de lá para cá, apressados, acelerando os passos, mas não deixavam de rir de suas bobagens e sua animação contagiante. —Lisa Mary, amor de minha vida, estou pensando em reviver nossos votos também. Controlando o sorriso, ele veio caminhando em minha direção de cabeça erguida. Parecia orgulhoso e satisfeito com a agitação em nossa casa. —Vicente, meu filho. Vocês ainda são
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O detetive conta os crimes de Lisa Mary
75 Vicente François ⤝⥈⤞ Após conversar com Charlotte, precisei retornar para dentro da mansão enquanto ela me acompanhava. Porém, parei na metade do caminho, ainda entre as roseiras de Lisa Mary, quando senti o celular vibrando dentro do bolso da calça e me senti na obrigação de atender a chamada. —Charlotte, por favor, vá em frente. Lisa Mary e mamãe estão no quarto do andar de cima, eu não demoro. —Balancei a mão no ar, indicando que ela seguisse. Ela me deu um sorriso mínimo e arfou, em seguida obedeceu, subindo os poucos degraus da entrada. Virei de costas, enfiando uma mão no bolso e levei o celular à orelha. Inspirei, estufando o peito e a agonia se espalhou pelo meu peito, expandindo minhas costelas. Limpei a garganta para parecer mais confiante. —Vicente François, alô? —Senhor François, tenho tudo o que me pediu. Quando podemos nos ver? —Detetive Paranhos. —Meu tom de voz esfriou junto às minhas expectativas. —Olha, eu sinto que não seja mais necessário… Nós já estamos
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Ainda tem algo que você não sabe, Vicente.
76 Vicente François ⤝⥈⤞ Nem percebi a desgraça anunciada. Meus pés foram se movendo euforicamente em direção à porta e quando percebi, já estava diante dela e olhando em seus olhos. Sentia a chama do ódio ardendo dentro de mim. —Ficou louco? —Seu olhar ofensivo era lançado sobre mim, como um bloqueio. —Eu sei de tudo. —Rosnei. Senti o sangue sendo drenado de sua face quase completamente. Apertei os dedos das mãos trêmulas, mantendo-as para baixo. —Entra nessa casa agora. Ela abaixou a cabeça e recuou em passos curtos. Com o queixo no peito ela fechou a porta ao passarmos e se encolheu no canto escuro da sala. ⤝⥈⤞ —Vicente- —Não. —Rejeitei suas explicações. De costas para ela, continuei caminhando em direção à lareira. Senti a tensão sobre os ombros, como uma lembrança cruel do meu fracasso. —Consegue imaginar como eu me sinto? Eu não a amava, sim, é verdade. Mas ela era uma pessoa, Lisa Mary. E você a matou impiedosamente. Ela estreitou os olhos e juntou as sobrancelhas. —E
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No fundo, eu esperava que você mentisse pra mim, porque a verdade sobre você, dói.
77 Vicente François ⤝⥈⤞ Não demorou muito para que Charlotte chegasse com toda a sua euforia. Alvoroçada, dispensou os seguranças e ignorou as restrições dos policiais. —Se você encostar em mim, cuido para que toda sua família nunca mais coma! Ouvindo o tom de sua voz causando tumulto, me levantei e segui até o corredor, encontrando-a entre as policiais. —Deixem ela passar, mas o que há com vocês? —Pedi, cansado de me meter em confusão. —Charlotte, você falou com os nossos advogados? —O que você acha que eu fiz, hein? —Ela balançou a bolsa que equilibrava no pulso e retirou os óculos escuros para encarar meus olhos. —Você está carcomido. —Disse, sustentando o sorriso debochado nos lábios vermelhos. —Não preciso de um spa, preciso de um advogado- —O que aconteceu? —Ela estreitou os olhos e me acompanhou pelo corredor em passos lentos. —Lisa Mary está sendo investigada pelo assassinado de Amanda. —Inspirei, estufando o peito. —E o pior é que eles têm imagines sobre isso. —Abaix
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