Capítulo 24.Pedro Monteiro.A porta bateu, um estrondo no silêncio quase opressor do apartamento. Observei o táxi de Eliza sumir pela janela, o vazio que ela deixou ecoando mais alto que qualquer ruído.Meu refúgio se transformou em um lugar estranho, desconfortável. Caminhei até o quarto e, no chão, avistei os scarpins pretos dela jogados de qualquer jeito.Peguei os sapatos e ri sozinho. — Cinderela às avessas, não é? Saiu descalça, essa maluca...Enquanto segurava os scarpins, a lembrança da noite anterior, Eliza radiante em seu vestido preto, invadiu meus pensamentos. Perfeita, como sempre.Foi então que o toque do celular me tirou do devaneio. "Mãe" brilhava na tela. Suspirei, sentindo aquele peso familiar no estômago.— Pedro, soube que você e a Heloísa terminaram — disse minha mãe, a voz suave, quase melodramática.Apertei o celular, tentando controlar a paciência.— Foi melhor assim, mãe — respondi.O silêncio que se seguiu foi mais incisivo que qualquer palavra. Ela nunca se
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