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– Jenn, atende, por favor. Precisamos conversar... é que... eu sinto muito.Não tinha certeza de quantas vezes eu já tinha telefonado. Talvez 20, 30, 50. Já tinha ido a casa dela dúzias de vezes, mas nunca ninguém atendia o portão. Havia feito mesmo a loucura de tentar entrar pelo telhado, mas quase havia me estraçalhado no chão.Suspirei e joguei meu celular em cima do criado mudo. Me levantei, totalmente cansado. Olhando no meu relógio, eu tinha uma hora para me arrumar e ir para o colégio. O CD que Jenn havia me dado tocava baixinho, e isso só servia pra me deprimir mais.Era quarta feira e desde Domingo, no Shopping, eu não via Jenn. Quero dizer, ela simplesmente parecia ter decidido se aposentar dos estudos. Ou de mim, mais provável.Era também a apresentaç&ati
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Meus olhos se fecharam enquanto eu ouvia Jenn contar a história. Eu sentia toda a dor, a pressão e a tristeza afundadas no meu peito misturadas com uma agonia constante que se formava na garganta.Eu processava poucas palavras e aquelas que eu conseguia colocar na minha mente eram suficientes para eu querer estar dormindo, tendo o pior pesadelo da minha vida. Mas era real, era tudo real. Jenn estava morrendo.— Eu estava bem, Logs, estava mesmo, há anos que estava curada. Vim para cá com papai atrás de uma vida nova. Mas não, essas coisas… elas nunca te deixam em paz, elas te perseguem até não restar nada de você. Peguei meus exames na segunda, o câncer no estômago voltou e… — ela piscou repetidas vezes, olhando para o teto para conter as lágrimas — não pretendo continuar com o tratamento. Já é meio tarde para isso.Balancei a cab
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Certo. Não roubamos nenhum carro e não pegamos nada emprestado, porque simplesmente era um pouco cedo demais para isso. No lugar, decidimos que largaríamos de sermos mão de vaca o suficiente para dar para chamar um táxi.Meia hora depois, chegamos no bosque. Começamos a subir com calma e sem pressa.— Acha que se eu morrer aqui vou virar uma ninfa? — falou Jenn, pelo menos dez minutos depois que andávamos.— Muito engraçado — ironizei.— Mas, sério, imagina que legal morrer e virar uma ninfa?— Bem, pelo menos a beleza você já tem.Ela riu.— Certo, obrigada.Continuamos andando por mais uns 10 minutos. Não estava nem um pouco cansado. O sol não estava batendo e um
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– Como é? – levantei a sobrancelha, embasbacado.– Eu... eu não sei! Estou tão confusa! Não sei o que fazer! – ela fungou.Tirei um fio ruivo que colou no rosto dela, segurando em seu queixo.– Me diga o que aconteceu, como descobriu – pedi, calmamente.Ela colocou uma mecha atrás da orelha e umedeceu os lábios.– Já te falei que você é seduzente e nem percebe? – murmurou, fitando os meus lábios. Corei e ri baixinho.– Você é seduzível?! – sussurrei.– Hm... por você – então ela afundou a cara nas mãos, de volta ao desespero inicial. – Se não tiver problemas em eu contar só pra você.Demorei
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Continuei cantando até que ela dormisse. Depois afundei meu rosto em seus cabelos, sentindo o cheiro doce e inebriante. Me permiti sentir uma vontade enorme de chorar, mas em vez disso eu apenas solucei e solucei, repetidas vezes. Desejei profundamente que ela já tivesse parado de sentir dor e foi naquele instante que eu percebi que daria minha vida para sentir no lugar dela e partir no lugar dela.Porque, vamos analisar o caso:Quem era eu um pouco mais de um mês atrás?Se você disse, mané, idiota, depressivo e sem o que fazer, acertou.E quem era Jenn há um pouco mais de um mês atrás?Eu sei que você está pensando o mesmo que eu.Não era justo Jenn partir, enquanto quem não ligava em estar morto ou vivo era eu.~~~ // ~~~– Ei, acorde – chamei ela suavemente. Jenn abriu os olhos, sorriu e bocejou. Se levantou e calçou os
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Beleza, iríamos fazer uma loucura. Melhor, eu arrastava Jenn para uma. Mas quem é que liga quando se pretende entrar escondido em um hospital para loucos? O mais provável era que seríamos confundidos com pacientes, até que um belo dia ensolarado eles notariam que aqueles dois não era tão totalmente retardados. Mas qual o problema? Além de sermos presos e condenados por invasão, falsa identidade e etcetera e tal… quem é que se importa!Eu.Porque no Estados Unidos eu já era de maior.Porque se eu fosse pego, eu ia me ferrar.E faria Jenn se ferrar também, afinal, ela estava junto comigo nessa até o pescoço.— Certo — sussurrei quando terminamos de atravessar a avenida, parando atrás de uma árvore no lado oposto do Hospital. —
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— Acha que se eu pedir pra Cordélia, ela me deixa acessar?— Não custa tentar. Ou talvez custe, tipo, cadeia.— Não está ajudando, namorado.— Desculpe, namorada.— Cordélia estava vindo dali. Ainda não te viu. Saia de perto de mim.Você quem manda, madame.Acelerei o passo enquanto Jenn parou para falar com Cordélia.— Ei, você! O quarto 201 precisa de ajuda! Corra lá! — uma mulher baixinha e atarracada falou, provavelmente alguma expert dali. Fiquei parado, fazendo cara de paisagem, até que me toquei de que ela falava comigo. — Você é surdo?!— Hã… certo! — falei rapidamente, me enrolando todo.— Jesus, esses enfermeiros às vezes parecem piores que os pacientes — reclamou, bufando. — Vamos! Eu vou junto!Ela correu na minha fren
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Fechei a porta atrás de mim e fitei o pequeno quarto.Havia uma cama de solteiro, uma janela aberta com grandes cortinas que chegavam até o chão. O teto era escuro e cheio de desenhos de estrelas. Havia um tapete fofo no centro do quarto e uma mesa do lado direito. Era ali que ela estava.Estava sentada, sequer olhou para trás quando a porta se abriu. Os cabelos eram compridos e emaranhados, ruivos com vários tufos já acinzentados. Usava uma camisola e parecia vidrada no que quer que rabiscava freneticamente a sua frente.– Ellen – sussurrou Jenn, tremendo.A mulher parou, levantando a cabeça, fitando a parede.Jenn deu um passo lento, temerosa. Então deu outro e outro e outro, ficando atrás dela, tão próxima quanto possível.– Eu... h&at
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Se você está lendo essas palavras, é claro que eu não morri. Acho que ainda não é possível escrever do além, mas se for, não é o meu caso.Se eu senti dor, só fui descobrir depois que Jenn e eu já estávamos em um táxi. Ela deitou a cabeça no meu ombro e eu afaguei seus cabelos, tentando conforta-la enquanto suas lágrimas caíam.Meu tornozelo doía horrivelmente, provavelmente estava torcido. Meus braços estavam arranhados e as palmas das minhas mãos sangravam.Se você não é Jackie Chan e decide pular em um toldo do 5° andar de um prédio, você ou vai acabar morto ou vai acabar como eu.– Machucou muito? – sussurrei no ouvido de Jenn. – Onde dói?– Dói
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Deixei meu celular cair no chão depois que ouvi a mensagem. Apenas sei que eu não conseguia processar direito, não conseguia chegar a uma conclusão do por quê aquilo estar acontecendo, até que percebi que não tinha uma, além da lógica: Jenn estava doente, o resto era injustiça. Pensei em invadir a casa dela, para leva-la ao hospital mais próximo, para salva-la enquanto ainda havia tempo, daí do nada eu soube que com certeza o pai dela já tinha feito isso.O hospital mais próximo da casa de Jenn era há 15 minutos dali. Correndo, entrei no carro de mamãe e dei partida.~~~ // ~~~Os cheiros costumeiros de antissépticos e álcool dançavam pelo ar, o que particularmente me deixa enjoado. Me apressei a ir na recepção, onde uma mulher de cabelos escuros atendia uma l
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