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Todos os capítulos do O GARIMPEIRO NA AMAZÔNIA: Capítulo 11 - Capítulo 20
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O ENGAJAMENTO
No final da obra, eu, Raimundo e Felipe voltamos no caminhão e, no caminho, conversamos sobre nossos planos para o próximo ano. Discutimos a construção da draga mais bonita e moderna que já foi criada. Já tínhamos ouro para comprá-lo. Só faltava uma equipe confiável. Por falar nisso, foi o Felipe quem deu a solução definitiva para o problema. Ele disse: - Não se preocupe com o pessoal, eu realmente estava planejando tirar férias maiores. Preciso visitar minha família em São Paulo e não teria coragem de deixar a balsa nas mãos de nenhum gerente. Vou vender e, passo para você, o cozinheiro, o Chico, o Ceará e o vigia, que são pessoas de confiança. - Tem certeza que não está com pressa?  - perguntou o velho Raimundo. - Não, eu já tinha pensado muito nisso e estava procurando um lugar, para o meu povo. Este ano consegui ganhar o suficiente para passar uma boa temporada sem me preocupar e com o dinheiro da balsa posso até compr
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RECOMEÇANDO OS TRABALHOS
As férias haviam acabado, então eu e a Paula, junto com a Márcia, voltamos para Porto Velho, mais unidas do que antes. Se tivéssemos uma grande amizade, nossa cumplicidade era reforçada solidamente, por um novo sentimento de paixão e posse. Queríamos estar juntos, compartilhar nossos desejos, trocar ideias e alimentar sonhos. Para nós, naquele momento, não haveria ninguém que pudesse quebrar esse sentimento, por mais ouro que tivesse. Apesar disso, nosso problema persistia, embora eu estivesse oficialmente comprometido com ele, havia um rival poderoso, o que poderia ser muito perigoso para mim. Combinamos que evitaríamos nos expor, para nos resguardarmos, até que a situação se esclarecesse e o colombiano aceitasse o fato. Passado o mês de janeiro, Raimundo ficou cuidando da construção da nossa draga, em uma oficina, localizada próximo ao porto, de Cai-Nágua. A previsão era ficar pronta no final de fevereiro, quando as águas do
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ENFRENTAMENTO
Recebemos nossa draga no final de março, quando as águas ainda estavam altas.Ela era linda e especial.Todos os detalhes foram estudados e permaneceram como imaginávamos.Todas pintadas de amarelo com acabamentos estilizados em verde e azul, dando a impressão de ser uma enorme bandeira brasileira, contrastando com as águas lamacentas do rio Madeira.Era preciso testá-la, antes de colocá-lo em serviço pesado e, para isso, teríamos que tentar contornar a lei.A área em frente à cidade era proibida à mineração, pois era destinada ao embarque e desembarque de passageiros e à navegação em geral.Como era um local proibido, era onde havia muito mais ouro e, pensando que era mais esperto que os outros, escolhi um local um pouco longe, para iniciar a operação.No dia seguinte, ele se inclinou sobre o guarda da
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O ATAQUE
Em maio, decidimos mudar nosso local de trabalho. Passamos pela cascata dos Morrinhos e estacionamos junto à cascata do Caldeirão do Inferno, que na altura era apenas um movimento mais forte das águas. Era uma região agitada pelas corredeiras, mas dava um bom ouro, iniciando a formação de algumas cavernas. A fofoca veio rápido, devido ao rio baixo, que também fornecia uma quantidade maior de ouro. Inúmeras dragas foram aparecendo, criando verdadeiras cidades flutuantes, com todo o necessário para a sobrevivência. À distância, parecia um formigueiro acima da água. Eram pessoas indo e vindo com seus barcos voadores carregando tudo que se possa imaginar. Assim que estacionamos a draga, ela ameaçou uma tempestade violenta e inesperada. Embora de curta duração, as tempestades aterrorizaram até o mais corajoso dos mortais, por sua força e violência. Relâmpagos, trovões e rajadas agitavam as águas, fazendo-as subir pelas dragas, ameaçando sua
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JONAS, O MÃOZINHA
Geraldo ficou emocionado ao ouvir minha história sobre seu amigo Jonas e me contou sua história. - Ele disse: - Jonas era conhecido como “Mãozinha”, por ter uma mão defeituosa, como vocês puderam ver. Ele nasceu com ela torta e se acostumou com o apelido, nem mesmo se importando em ser chamado assim. Sua vida não foi fácil, precisando trabalhar desde criança, apesar da mão murcha. Ele sempre foi franzino e tinha um distúrbio que o deixava frágil, causando-lhe vários problemas. Então ele sempre foi quieto e tímido, tendo poucos amigos e nenhuma namorada. Eu fui um dos poucos amigos que ele manteve! - Vivíamos como irmãos, morávamos na cidade de Londrina no Paraná. Nossas casas eram próximas e trabalhamos sempre no mesmo emprego. Raramente se envolvia com mulheres, só quando ia comigo nas festas das boates, quando bebia, ficando mais alegre. De vez em quando, ele pedia demissão e se isolava, permanecendo confuso e chateado. Nessas ocasiõ
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CASAMENTO COM PAULA
Ainda estou em Boa Vista, depois de oito meses aqui. É engraçado que as coisas estejam acontecendo ao mesmo tempo que escrevo, mudando o próprio ritmo de vida e pensamentos. Aconteceu assim comigo, como sou lento na arte de escrever, mudanças de rumo estão ocorrendo, sem que eu possa prevê-las. Essas mudanças têm muito a ver com a minha vida sentimental, que foi muito abalada, depois dos acontecimentos daquele ano, que ainda não contei, mas que tiraram minha maior felicidade. Meu consolo foram as cartas enviadas pela Márcia, minha cunhada, que conseguiu me trazer um novo ânimo, dar continuidade ao projeto deste livro e até colaborar com temas e histórias que enriquecem a narrativa. A cada capítulo escrito, mando você corrigir e dar sua opinião, porque ela tem se mostrado muito interessada e cordial. Claro, também sirvo para amenizar sua dor e assim estabelecemos um contato mais íntimo e afetivo, descobrindo que temos muitas coisas em c
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A GRANDE BATALHA
Desde que comecei esta história, quase um ano se passou. Estou me despedindo da Boa Vista, pois aqui descobri que por mais ouro que eu tivesse, não encontraria felicidade. Este mesmo ouro que representa poder, riqueza e luxo, não pode trazer felicidade, que está nas coisas simples e no amor. Na verdade, permite que a vaidade, o orgulho e a solidão surjam em nós. Só quando entendemos que a verdadeira felicidade está nas coisas puras, como o amor e, na satisfação de realizar um trabalho construtivo, é que vemos que a ilusão provocada pelo desejo de alcançar o que não temos, mais rapidamente, leva a maior imprudência, colocando em perigo a nossa vida e a de muitos ao nosso redor, outras vezes fazendo-a morrer. É claro que a posse de riqueza não é uma coisa ruim, especialmente quando vem naturalmente e à custa de muito trabalho e dedicação. Melhor ainda, quando empregado para ajudar os mais necessitados. Com o tempo, nos tornamos mais sensíveis aos proble
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O SEQUESTRO
Depois de despachar os empreiteiros, me reuni novamente com os gerentes das dragas, Chico, Geraldo e Felipe, para discutir como proceder em relação aos mortos e feridos e recuperar as dragas destruídas na batalha. Concluímos que precisaria vender pelo menos duas dragas para pagar as perdas e a recuperação das demais. Deixei o Felipe encarregado de vender as dragas e o Geraldo para consertar as outras duas. Foi preciso reduzir o quadro de pessoal para se adaptar à nova situação, então ordenei que disparassem metade dos peões da draga e quase toda a equipe de segurança, pois não precisávamos mais deles devido à destruição das dragas colombianas. Minha maior preocupação, naquele momento, era com as mulheres, que me esperavam sob custódia junto ao Ceará. Liguei para o Chico para me levar de lancha até lá. Em seguida, despachei os dois gestores, que tomaram as providências, para seguirem destinos diferentes, a fim de perder a polícia, cada
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ENCONTRANDO A PISTA
Com a ideia fixa de que seria possível encontrar minha esposa, em um lugar já conhecido, me perguntei que opções eu teria que procurar. Cheguei à conclusão que, o local mais provável, seria em frente à aldeia de Araras, do outro lado do rio, naquele campo de aviação, onde apanhei o avião pela primeira vez. O velho chefe havia dito que era uma terra de outra língua, então eu não tinha ido a nenhum outro lugar, exceto lá e na própria Colômbia. Como ele disse que havia muita floresta por perto, era certo que, se o que ouvi fosse real, eu tinha o raciocínio certo. Essa trilha era muito mais coerente do que a alternativa da Colômbia, devido à curta distância da Bolívia. Lembrei-me de ter visto pessoas morando perto daquele campo de aviação e que viviam de atividades agrícolas, independentemente da presença de estranhos. Claro, eles aproveitaram os passageiros, que fizeram do local um verdadeiro depósito de mercadorias contrabandeadas, desviando our
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DESENLACE INFELIZ
Depois que deixei Chico cuidando dos colombianos, para poder ajudar minha esposa e minha cunhada, pegamos o avião para Porto Velho. Eu estava desesperado pela situação deles, mais particularmente por Paula, que estava inconsciente desde que a resgatamos. Uma vez lá, imediatamente a levamos para o melhor hospital da cidade, internando-a ainda inconsciente. Márcia estava razoavelmente bem, precisando ficar internada apenas um dia, para tomar soro, pois estava muito desidratada e desnutrida. No dia seguinte pudemos conversar melhor e, ela pode contar tudo o que aconteceu, desde o momento do sequestro, até a nossa chegada. Ela disse que eles estavam no rebocador, estacionado nas proximidades da corrutela de Morrinhos, aguardando a notícia do confronto, quando viram uma lancha se aproximando rapidamente, vindo da direção do caldeirão. Eles ficaram muito preocupados, pois já fazia muito tempo que não ouviam nenhuma notícia. As duas,
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