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Todos os capítulos do Boneca de Pano: Capítulo 41 - Capítulo 46
46 chapters
39. Sobre famílias e destinos
Depois da pequena caminhada pela floresta, os quatro viajantes chegaram ao carro de Sérgio e se preparavam para seguir viagem. Colocando as bagagens no chão, próximo ao veículo, Raul disse:- Acho melhor a gente remendar logo o braço de Letícia.E olhando para a amiga, continuou:- Não sei como você não tá reclamando de dor, toda hora eu olho isso e fico com agonia.A boneca de pano levou a mão ao ferimento, empurrando a espuma para dentro, enquanto falava:- Não sei se foi por causa da adrenalina, mas na hora não doeu e, pra falar a verdade, nem agora tá doendo. Eu tinha até esquecido.Enquanto o orangotango e Letícia conversavam, Margarida abriu a mochila de Jotapê e pegou a caixa de metal que ele chamava de “Kit de primeiros socorros”. Abrindo a caixa, se deparou com uma bandeja com agulhas de diversos tamanhos,
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40. No terceiro andar do Hotel Conforto
A primeira experiência dirigindo em rodovias, depois da peste, tinha sido caótica. Não apenas pelo volume de obstáculos encontrados, mas também pelo medo e insegurança. Mas enquanto dirigia acompanhado de Margarida, Raul e Letícia, o homem barrigudo percebia uma grande diferença, não apenas em sua confiança, mas na própria autoestrada. Por isso, comentou:- Eu acho que tem mais gente usando a estrada do que fazendo baderna, ou essa rodovia tá em muito melhor condição do que a outra.              Sentada na poltrona do copiloto, ao lado de Sérgio, a boneca de pano complementou:              - Faz o que, uns quarenta minutos que a gente não precisa parar pra arrastar nada?       &nbs
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41. Na mesma cidade
Por um longo trecho, nos últimos quilômetros que separavam os viajantes da cidade de destino, a rodovia estava completamente desbloqueada, mas, mesmo assim, Sérgio preferiu não acelerar. Sempre cauteloso em relação ao que poderia encontrar logo, além do horizonte.No banco de trás, Raul tinha reorganizado as bagagens, de forma a preencher todo o espaço livre do soalho, liberando bastante do espaço dos bancos. Estava deitado, de costas para a porta, com as costas apoiadas em uma mochila e, na mesma posição, Letícia estava apoiada no orangotango, que com uma das mãos acariciava os cabelos da boneca e com a outra a abraçava.No banco da frente, Margarida dormia com o celular nas mãos.Mesmo com o aumento dos obstáculos, que indicava a proximidade da cidade, a rodovia se mantinha praticamente livre e, antes do esperado, o grupo chegava à zona
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42. O último assassinato da jornada
Raul foi o primeiro a acordar. Pela iluminação pálida e a suave neblina que podia ver pela janela do quarto, sabia que ainda deveria ser bem cedo, antes de sete horas da manhã, mas não tinha sono o suficiente para voltar a dormir. Sem ter o que fazer, o orangotango desejou que tivesse lembrado se de colocar, pelo menos, um livro na mochila.Decidiu que fuçaria a mochila de Letícia e de Margarida em busca de algum passatempo e levantou da cama. Foi quando ouviu, do lado de fora do quarto, o barulho de uma porta se fechando.Como na noite anterior, o orangotango correu para os corredores do motel e não viu ninguém. Dessa vez, lembrou-se de checar o interior do carro, checando a janela. Mas, de qualquer forma, não estava mais preocupado. Se alguém quisesse fazer mal ao grupo, teria aproveitado a noite, momento em que eles estavam mais vulneráveis. Se a pessoa se manteve escondida, é
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43. Me faça um favor
Enquanto esperava o irmão, com os cotovelos apoiados no bagageiro, Letícia se deixava consumir pela ansiedade. ‘E se ele não me reconhecer? E se, por algum motivo, tiver medo de mim?’, pensava. Mas, do lado de dentro do Hotel Conforto, o jovem também se sentia ansioso e, por isso, apressava a idosa: - Vamos esperar lá fora! Eu aposto que eles já chegaram! Percebendo que não conseguiria acalmar o adolescente, Ornella se levantou e estendeu uma das mãos a Vinicius, que segurou, automaticamente, e assim, de mãos dadas, a dupla saiu do hotel. Quando viu a porta de vidro se abrir e o irmão emergir do ambiente mais escuro, foi como se um raio atingisse Letícia. A boneca não teve presença de espírito para reagir, mas, diferentemente da dela, a ansiedade do irmão se tornou propulsão e o adolescente soltou a mão da idosa, cruzando a distância que o separava de sua irmã em um piscar de olhos. Num primeiro momento, o irmão enxergou a boneca como ela sem
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Epílogo
              Com os implantes feitos nas pontas dos dedos, Letícia e Raul perceberam que conseguiam digitar no computador. Trocar e-mails virara uma forma muito mais conveniente de conversarem do que a falta de privacidade ao usar um celular alheio. Letícia escrevia:                 Oiê! Não acredito que você não tem notícia de mais ninguém além de mim! Eu, por outro lado, estou bem atualizada! Vou tentar te contar tudo.               Margarida ficou aqui no hotel mesmo e você não vai acreditar! Ela tá lecionando português para a molecada toda. Tudo começou com ela tirando sarro da forma que o Vini escreve, aliás, você já viu como meu irmão escreve tudo errado? Ela tá feliz e, eu acho, mas não tenho certeza, que o La Croix apareceu no quarto dela um dia
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