Todos os capítulos do Aprender a dizer adeus - Livro 2: Capítulo 11 - Capítulo 20
22 chapters
Capítulo 10
ALEXANDEREvitei olhar para a porta do quarto vazio quando passei por ele até chegar em nosso próprio quarto. Eu tinha a incumbência de pegar roupas e artigos de higiene para a alta de Caterine no hospital.Não fora ela quem me dera tal missão.Ela não falava.Ela não falava comigo ou qualquer outra pessoa desde que ouvira o doutor Stephens dizer que o coração do nosso bebê não mais batia. Eu soube antes. Quando não ouvi o som do coração e nem vi a imagem se mexendo, eu soube que nosso bebê não tinha resistido. Foi como se alguém tivesse enfiado a mão dentro do meu peito e esmagado meu coração com os dedos. O ar faltou em meus pulmões, minha garganta secou e meu corpo imediatamente começou a tremer.Mas quando olhei para a minha esposa, sabia que o pior ainda estava por vir. O brilho se foi. A sua lu
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Capítulo 11
ALEXANDERQuinze dias se passaram desde que havia levado Caterine para casa. Ela não falou uma única vez. Eu estava ficando louco.Ela não falava comigo.  Trabalhava no escritório de casa, enquanto ela ficava na cama. Foi dado a ela uma licença da German & Tavola e eu me virava o quanto podia para ficar com ela em casa.Eu tinha que tirá-la da cama e dar-lhe banho, tinha que levar comida para que se alimentasse também. Mas eu só percebi que definharia se eu não fizesse tais coisas depois de um dia inteiro em que ela não saiu da cama. Nem para ir ao banheiro. Eu a vi pálida, magra e fedida, jogada em nossa cama, sozinha e perdida.A peguei na cama e levei até o banheiro. Eu queria que ela falasse, chorasse, gritasse. Qualquer coisa. Mas era como se eu estivesse manipulando uma boneca. Tirei delicadamente suas roupas enquanto ela apenas olhava em algum ponto
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Capítulo 12
ALEXANDEREla estava na quinta taça de vinho. Sua comida continuava intocada.— Baby, você não gostou do seu prato?  Disse que estava com vontade de italiano hoje — perguntei com cuidado, com a voz mais suave possível para falar com ela. Era triste, mas eu não sabia como me comportar perto da minha própria esposa. O quão horrível aquilo poderia ser?Carter havia passado o dia inteiro fora, saiu pela manhã, logo após nossa conversa. Vestiu jeans, camiseta, tênis e colocou um boné na cabeça, pegou a sua bolsa, seus óculos de sol e se despediu com um sorriso amarelo antes de passar pela porta como se os últimos quinze dias tivessem sido apagados, ou sequer existido. Eu tentei ficar calmo pela primeira hora. Lembrando-me do que Melissa disse e procurei deixá-la sozinha. Eu precisava deixá-la respirar um pouco.Mas após a
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Capítulo 13
ALEXANDERCom o passar do tempo, as coisas foram mudando.Para pior.Caterine tinha voltado à sua atitude displicente, não voltou ao escritório e alguns dias depois, conversando com seu chefe, para tentar pedir mais algum tempo para ela, descobri que minha esposa já havia pedido demissão do trabalho. Foi como uma facada em meu peito, ela não tinha uma palavra para me dizer sobre o seu dia, mas aparentemente estava resolvendo a sua vida sem mim.Era um direito dela, é claro.Mas não deixava de machucar o fato de que ela estava me excluindo de suas decisões, eu já não era mais o seu confidente. Eu sequer tinha a minha presença reconhecida por ela por mais que dez minutos por dia. Ela estava ocupada demais para mim. Saindo sem dizer aonde ia e me matando de preocupação. Ocupada dormindo o dia inteiro.Ocupada bebendo e se drogando.
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Capítulo 14
CATERINEQuando eu soube que havia perdido o meu bebê, foi como se tivesse em uma queda sem fim. Minha mente foi para um lugar estranho onde eu ouvia os sons abafados e enxergava tudo embaçado. Eu não sentia nada. Não conseguia e nem queria sentir nada. A dormência era melhor. Afastava a dor, afastava a raiva.Afastava a revolta.Consegui não sentir o toque, bloqueei o frio, a fome, até mesmo as dores físicas. Sabia que estava sendo alimentada, meu marido me dava banho e andava comigo em seus braços como se eu fosse uma criança e me levava até a janela, lá ele me dava comida, sempre preparava os meus pratos favoritos, tentava conversar comigo sobre qualquer coisa e depois implorava para que eu falasse com ele.Em algum lugar na minha mente, eu acho que pedia perdão a ele. Por não poder encará-lo, não conseguir forças para voltar, por ter de
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Capítulo 15
ALEXANDER— Melissa, ligue para Debbie Stewart e peça para ela me enviar todos os relatórios de condicional do caso Moore, por favor. E não esqueça de marcar o nosso voo para Seattle para a reunião sobre o caso Hoffman.— Perfeitamente — respondeu pegando o telefone imediatamente e atendendo ao meu pedido. Entrei em minha sala e caminhei até a grande janela parando lá e olhando para o tráfego na rua.O que ela estaria fazendo a esta hora?O prazo para o nosso divórcio estava se esgotando, eu não poderia protelar mais, ela fez a parte dela, se internou para três meses de reabilitação. E estava indo bem, segundo seu pai e a minha família que a visitavam, ela estava indo muito bem.Com um suspiro resignado me virei e sentei em frente ao meu computador. Abri meu e-mail e procurei pelo documento que Carlo Lewis havia me enviado. Se
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Capítulo 16
CATERINEEu não tive notícias de Alexander depois da noite em que ele me ligou. Ouvir suas palavras me machucaram tanto que pela primeira vez, em muito tempo, eu quis beber. Deitei na pequena cama e abracei minhas pernas. Em posição fetal eu chorei pelo resto da noite enquanto sussurrava meus pedidos de perdão.Pedi desculpas a Alexander e a Simon. Perdi meus amores. Perdi a minha família. Queria pegar o telefone e dizer a Alexander que estava arrependida, que queria que ele fosse me buscar, que me levasse para casa e me abraçasse como ele fazia quando pensava que eu estava dormindo. Queria ouvir seus pensamentos malucos.Eu nunca mais vou ouvir ele externando seus pensamentos sobre mim.**Passei meus dias na clínica lendo, passeando, ajudando na confeitaria e aprendendo a fazer novos doces. Eu continuava recebendo visitas. Mary e Josh e meu pai principalmente. Eu não ouvi nad
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Capítulo 17
ALEXANDERAs ressacas moral, emocional e patológica brigavam entre si para saber quem infligia mais dor em mim. Quando acordei no dia seguinte, imediatamente pensei em Carter. Lembrei que tinha ligado para ela e falado coisas que não devia.Era cruel jogar na cara dela aqueles sentimentos. Merda! Eu não devia ter escutado Melissa.Olhei para o seu lado da cama e pensei em cheirar seu travesseiro para saber se o seu perfume ainda estava lá. Eu segurei a vontade para evitar que meu coração sangrasse mais um pouco.Quando conheci Caterine, tudo em mim mudou. Meu coração, minha alma, convicções, meu cotidiano, tudo. Foi uma reviravolta.A melhor reviravolta.Durou tão pouco tempo, não foi o suficiente. Eu não a tive o suficiente. Meu coração não se conformava com o rompimento. Tínhamos acabado de nos casar, de organizar o nosso
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Capítulo 18
CATERINEFinalmente tinha chegado o dia da minha alta. Logicamente eu teria que continuar o meu tratamento. Antidepressivos diariamente, sem passar perto de nada alcoólico e terapia uma vez por semana até que o doutor Boomer me liberasse para consultas mensais. Eu me sentia bem, os remédios estavam fazendo o seu papel e eu pretendia levar adiante o tratamento. Queria ficar bem.Por outro lado, a perda do meu menino sempre me acompanharia. Aprendi com a terapia que a dor nunca passaria, mas que eu teria que seguir em frente e, eventualmente, eu aprenderia a conviver com ela. Eu também retomaria a minha vida, já havia feito isso uma vez e talvez agora fosse um pouco mais difícil, uma vez que eu não teria um amor, a minha janela, para seguir em frente.Pedi a ele para deixar eu pular a janela e ele deixou. Fez o que pedi e seguiu em frente.Como eu pude? Afastei o amor da minha vida novamente. Pela segunda vez
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Capítulo 19
ALEXANDERAinda era difícil de acreditar que Melissa estava me deixando. Era difícil, mas também um alívio.Sentia-me culpado por me sentir aliviado também.Vai entender.Ter minha assistente apaixonada por mim e não corresponder era difícil, contudo, Melissa Dill havia sido uma boa amiga, especialmente nos últimos tempos. Sem contar o seu profissionalismo.Sempre tive certeza de sua capacidade, só não tinha ideia de que Bennett Stanford quereria comprar seu passe como se ela fosse um jogador de futebol do Real Madrid. Quando ele entrou em meu escritório apresentando-se como o representante da promotoria de Seattle no caso Hoffman, seus olhos e palavras não desviavam de Melissa. Como sempre, ela se mostrou ousada e eficiente o deixando ainda mais animado com o seu trabalho, ainda que eu desconfiasse que sua animação não era tanto de cunho profis
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