Amor Termina Aqui, Liberdade Começa Agora
Após perder meu bebê, saí do hospital sozinha. A cabeça pesada de pensamentos, eu só queria encontrar Daniel Cardoso, meu marido.
Lá estava ele na frente do consultório. Já estava com a mão no ar para bater na porta quando a conversa veio cortando igual navalha:
— Tire o útero dela. Não quero mais filho nenhum da minha mulher.
Vi ele puxando pela mão aquela que conhecia tão bem, Amanda Cruz, a secretária dele de três anos. Colocou ela na frente do médico, a mão dele na barriga dela como um dono, com aquele olhar melado de doçura.
— Esse menino aí tem que nascer custe o que custar. Último fio de sangue da minha família.
Eu ficava ali, paralisada. Ele agora falando rápido, a voz saindo engasgada de ansiedade:
— Use os melhores remédios! Não permito que nenhum imprevisto ocorra!
Minha mão escorregou da maçaneta feito queimada. Um calafrio correu da nuca até os pés, aquela friagem no peito que nem dava para explicar.
Logo após perdermos nosso filho, jamais imaginei que o homem com quem dividia minha cama pudesse agir com tamanha maldade contra mim.
A fé que eu tinha naquele homem virou estilhaço. Cada palavra dele era uma facada justo onde já estava doendo pela perda.
Se amor tivesse jeito certo, com certeza era diferente disso. Não era segurar com unha e dente, era saber largar na hora certa.