você tem um mês

- O senhor tá me expulsando?

Olho para o meu pai, incrédula.

- O dinheiro que ganha vendendo as suas porcarias não dá para nada!

Faço uma careta ao sentir o hálito forte de bebida invadir minhas narinas.

- Se não gostasse, o seu salário quase todo com bebidas e mulheres daria, e ainda sobrava!

- Você matou o único amor da minha vida. É sua obrigação me ajudar a pagar as contas.

- Estou cansada do senhor esfregar na minha cara todos os dias que matei a minha mãe. Eu já sei que se eu não tivesse nascido, ela estaria viva.

- A sua mãe era incrível! Todos a admiravam. Pedi tanto para interromper a gravidez, mas ela queria salvar a sua vida, vagabunda ingrata.

- Ela não iria gostar nada de ver o senhor me expulsando de casa. Não tenho para onde ir. Dou todo o meu dinheiro para o senhor.

- Isso não é problema meu! Ou arruma um emprego de verdade que pague bem ou terá que morar em outro lugar. Te dou um mês.

- Não pode estar falando sério. Emprego está difícil até para quem fez faculdade... Imagina para mim, que só completei o ensino médio.

A bebida só pode estar afetando seu juízo. Se eu conseguir um emprego, vou ganhar só um salário mínimo. Com os meus lanches, tenho muito mais lucro!

- Estou sendo generoso. Vá atrás de outro homem rico se não quiser trabalhar.

- Eu vou cozinhar que ganho mais.

Dou as costas para ele, indo para a cozinha.

A casa que Sebastião herdou do pai é grande e espaçosa. Era só o que me faltava: peguei meu namorado me traindo e agora meu pai quer me colocar na rua. O que fiz para merecer tudo isso?

Só de lembrar de Rodrigo com aquela mulher, meu sangue ferve. Aquele canalha prometeu que iria esperar até eu estar pronta. Sempre quis ter a minha primeira vez com alguém que me amasse de verdade. Não queria perder a virgindade só para dizer que perdi. Mas não penso mais assim. Vou perder a virgindade com alguém que o Rodrigo conhece. Quero que o babaca sinta o mesmo gosto de decepção que senti.

Ouço passos. Me viro, e Rodrigo está parado na minha frente com um buquê de rosas e uma expressão de cachorro que caiu do caminhão de mudanças.

- Como entrou?

- Dei grana para seu pai.

Sebastião é capaz de me vender para o açougue por uma boa grana.

- Eu não tolero traição, Rodrigo.

- Foi só uma vez, docinho. Estava na seca, precisava alegrar meu pau. Eu sou homem, entenda. Tenho necessidades. Já que não deu para mim, encontrei outra qualquer para foder.

O encaro enojada, sem acreditar nos absurdos que acabaram de sair da sua boca.

- Você é um homem nojento! Como fui burra.

- Docinho, case comigo. Prometo que terá uma vida de rainha.

Cuspo em sua cara.

- Prefiro morrer. Saía da minha casa, imbecil, e não me procure mais.

Seu rosto fica vermelho de raiva, e seus olhos se tornam assustadores.

- Vai se arrepender, piranha maldita. Farei da sua vida um inferno. Irá implorar por misericórdia.

Diz, e enfim, sai do meu campo de visão.

...

Suspiro aliviada e começo a preparar os sanduíches que vou vender amanhã, e preparo a sobremesa: brigadeiro de paçoca com recheio de doce de leite. Meus clientes amam! Doce sempre me deixa feliz e relaxada.

Tomo um banho e vou procurar um emprego. Posso muito bem vender meus lanches de manhã e trabalhar de garçonete à noite. Decido ir nos bares que são frequentados por pessoas bem-sucedidas. O salário é maior, e as gorjetas também.

Os proprietários me encaram com desdém. Essa é nova. Não sabia que para ser garçonete, tenho que usar roupa de grife. Olho para as garçonetes que parecem modelos desfilando de salto alto. Como elas conseguem? Até de chinelo, eu perco o equilíbrio.

Mantenho a esperança e sigo para o último bar da minha lista. E escuto mais um "não". Pelo menos o dono foi educado.

Quando estou saindo do estabelecimento, meu corpo colide com uma parede de músculos. Só não tenho um encontro com o chão por causa das mãos que seguram a minha cintura com firmeza. Meu herói é Dante Montgomery! O tio de Rodrigo. Seus olhos são intensos, parecem que enxergam a minha alma. Seu rosto é muito bonito! Que homem gostoso! Muito melhor que o sobrinho mimado.

Ficamos nos encarando por vários minutos. Meu coração b**e acelerado. Fecho os olhos, esperando o beijo que, infelizmente, não vem. Ele me solta, e sinto falta do seu toque.

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